quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Lua

Ô lua, quero você cada dia mais perto, para além de aproveitar a sua luz, me acalentar com seu calor, que é tão manifesto.
Perder-me no céu. Passear em planetas.
Domar cometas.
Fazer constelações...

Ano

O velho vai cruzar a ponte. De lá não será mais visto, quiçá lembrado. O novo é garboso, não cansa de mostrar os dentes. Veste paletó branco, que provavelmente será trapo ao fim de um ano.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Se mente

Rostos passam.
Seguem seus rumos.
Eu paro, penso e volto a caminhar.
Porque o devaneio não faz congelar o tempo.
O pó será jogado no solo.
Semente que deixarei para um dia brotar.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Chuvisco

Perderei o amanhã.
Quisera eu poder enfrentar mais um nascer do sol.
Não será possível...
Partirei na madrugada silenciosa.
Serei névoa.
Gotas de chuva.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Na tal

No meio da rua, crianças sem camisa. A noite é fria. A solidão canta e uma banda de blues acompanha. É natal, mas parece um pesadelo. O teto é estrelado e nenhum presente pode mensurar qual constelação foi atingida pelos olhos.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Reflexo

- Eu vejo.
Eu sigo.
- Eu parto.
Corações?
- Eu sou humano.
Eu sou terreno.
- Puro solo.
Puro sangue.
- Morte!
Morre...

Meus debates com o reflexo na água...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Caos

Tremei.
Porque o futuro se cala.
O presente, entretanto, jorra.
E suja minha face de sangue.
Meus olhos vêem a podridão descer para o esgoto.
Ratos se lambuzam com a gordura da opulência.
Não sirvo mais para o silêncio.
Serei caos para os que se deitam em berço de ouro.
Serei a espada que selará a vida dos tolos...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Bardo

Eu voltarei.
Porque o ano passa,
mas a vida não me abandona.
Fenix e as cinzas vulcânicas.
Trovas e cantorias.
Eu, bardo do caos.
Poeira espacial.
Ainda não conferi o ponto final à minha canção.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Aos mortos

A vida se vai,
mas no corpo estarão as marcas das aventuras,
as cicatrizes sem cura,
os dias de solidão...

Irascível

Eu, ser que não se apequena.
Eu, ser que se estremece.
Acima a lua.
Abaixo o calor do inferno.
A terra em chamas.
Meus olhos cobertos de fúria.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

No el

Hoje clamei por meus trovões.
As nuvens plúmbeas pairavam quase sempiternas no ar.
Seria continuidade da falta do criar.
Mas o tempo, apesar de infinito, acaba por definhar quem de horas vive.
E esse pobre velho de barbas longas só tem vida até a infância acabar.

Mar remoto

O marinheiro se lançou ao mar na ânsia de tentar devorar o sentimento que se apoderava de seu corpo.
Buscava se distanciar da dor da espera, procurando novos horizontes.
Mal sabia ele que o bravio oceano carrega também as suas intempéries...

Plenitude

Sinto, sentimento,
mas o trem já vai partir.
Sinto, sofrimento,
mas outra estação há de vir.
E se eu sinto o vento,
é porque meu contentamento aquece com a luz solar.
Pobres são aqueles que se resumem a apenas existir...

sábado, 18 de dezembro de 2010

Dance

Felicidade dança na praça.
E não tem chuva que desfaça o seu sorriso.
Não precisa de música.
O ritmo é a vida.
Mesmo que por vezes se perca na ida.
Sem volta.
Porque não pára o tempo.
Silencia, apenas.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Vita Brevis

Olhem a pedra que rola da montanha.
Dia após dia, o fim destinado à ela se aproxima.
Desgasta no contato com a terra enquanto o ar a amofina.
Nos últimos momentos, o ocaso.
O silêncio.
A lápide.
A inércia.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Imaginário

Eu sei o que tem povoado meu imaginário.
Nunca mais penso em olhar para trás.
Pois o horizonte não se apresenta temerário.
Eu vejo bem um pôr-do-sol, luzes. A beleza do céu me satisfaz..

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Ideais

Idéias.
Para quê?
O mundo anda a ferver.
Uns matam, outros cobiçam.
Alguns só vivem.
Mentes vegetais.
Ideais no esgoto.
Onde estão os heróis?
No meu imaginário, suponho.

Hero

Heróis.
No campo soltam seus urros.
Fincam a bandeira na terra.
Rezam, enquanto ainda há a guerra.
Heróis.
Pisam na grama e acabam com o orvalho.
Correm deixando suas pegadas indeléveis.
Partem corações e lembranças dos que cederam ao ocaso.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Natureza

Meu riso não é cantoria que passa.
Desde que você chegou, meu brilho no olhar não disfarça.
E o rio segue o rumo sem precisar de uma forte correnteza.
Eu sei, a luz tratará de iluminar os nossos passos...

Poesia, espaço e etc.

O Poeta parou e olhou para o céu.
Vislumbrou todas as estrelas cor de mel
E desejou que não existisse mais o fel
Quem dera ele pudesse dedilhar o espaço.
Escrever sem descompassos.
Montar constelações com a ponta da caneta de pena...

domingo, 12 de dezembro de 2010

Cavaleiro

Sem idéias e ideais ele foi para a luta. Todos seus anos de vida culta foram jogadas ao inferno da lareira. Agora lhe resta a espada, o escudo, a lança, a armadura de bronze que ganhou de herança. Nos seus olhos, vê-se bem que a esperança ainda alcança sua mão. Nuvens e o horizonte. Permanente estado de reflexão.

Olhos

Olhos famintos.
Pensamentos distintos.
Flechas no alvo.
Minha mente quer estar a salvo.
Que venha o imaculado sentimento.
Darei cabimento com meu coração aberto.
Eu quero estar certo.
Acordar e pensar que não foi um devaneio...

Escunas

Eu tremi quando vi as magníficas escunas.
Senti o vento.
A areia da praia esfriou.
Era quase como se eu pudesse ser o mar...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Antwork

O jardineiro colheu frutos de dúvida. Sem saber o que fazer com os pontos de interrogação, que sequer tinham sabor, procurou observá-los. Longos dias e noites vieram. Incontáveis flocos de neve... Um vendaval ao fim levou tudo. E o moço, despertou-se aventureiro. Queria colher um coração que não lhe fosse alheio. E partiu, rumo ao infinito insensato dos humanos...

Sentir

E esse luar, meu jovem?
- Terno, não?
Noite sublime.
- E fria.
Aconchego-te aqui no meu peito.
- Qual seu nome?
Sentimento.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Gaivotas

Das gaivotas que vi, deixei passar aquelas que não tinham brilho no olhar...
Quando percebi, as que achava que iam me fazer planar, voaram sem sequer vislumbrar o meu aceno...

Decerto

Decerto é que o correto não é o amanhã.
O passado, é página que já foi lida.
O presente na vida da gente é o lugar para dançar danças mal resolvidas...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Luar

Quisera eu poder segurar a lua com a mão.
Grandioso, somente o pensamento.
O peso é outro.
É o concreto.
O abstrato é tão poderoso que parece sonho.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Erro

O espetáculo deve continuar.
E as liras não podem parar de tocar.
A alma do guerreiro renascerá feito fênix.
E o seu coração será duro como o ônix.
A resplandecência não tardará.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Infância

Silêncio?
Eu quero a fala.
Não à alegria que se cala.
Chuva.
Sinto saudade dos pingos de minha infância.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Saber

Sabedoria.
Almejo-a.
Batalhas sei que terei que travar.
E sem força não vou longe.
Dantescos são os perigos.
Onde o horizonte acaba é teu lar.
Resta saber que nunca vou alcançar o ponto final.
Insisto, porém.
A beleza da vida me faz continuar a caminhar...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Dos pensamentos

...e que além de sonhar, eu também posso crer,
que o abstrato não é concreto só por falta de querer...

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Devagar

A gente podia se ver no ar...
Onde meu lampejo é intenso...
Reserve-me um lugar ao sol, perto do vento...
Expulsarei tormentos.
Jogarei lamentos no vórtice do esquecimento.
Das derrotas, só o aprendizado.
Amanhã, o jamais se tornará sempre.
Sempiterno.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Boneco

Criatura, o teu criador a atura.
Mas anseia largar tuas rédeas para que siga com o próprio caminhar.
É hora de não mais dançar no palco.
Teatro da vida é o que a espera.
Viver sem ter medo de sonhar.