terça-feira, 5 de abril de 2011

Finitude

Disseram ao poeta que ele não poderia mais se alimentar de sonhos. Entristecido, foi ao alto do cume chorar as suas lamentações, embora estivesse ciente que ninguém escutaria. Vieram dias e noites. Chuvas e ventanias. Sol em demasia. Alucinado e com sede, quis descer o cume, mas a vista, além de obnubilada, começava a clarear. Seu corpo inerte foi de encontro ao solo, duro como uma pedra milenar. Os versos não voltaram a ser gravados nas folhas, que permaneceram brancas como os lírios que o poeta usava para se inspirar.

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