quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Prece

o ano termina.
uma nova semente germina,
carregada de esperança.
eu quero que venha a bonança,
ventos fortes para embalar os sonhos
e empurrar o barco.
quero o céu cheio de estrelas, sem nuvem alguma para perturbar a minha visão.
quero corações apaixonados,
beijos molhados,
ternura em cada olhar.
quero almas fraternas, longe das esperas de um amanhã que custa a chegar.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

RenovAR

Sorrisos falsos?
- Ao lixo.
Mentiras deslavadas?
- Ao lixo.
Vaidades descabidas?
- Ao lixo.
Sombras?
- À luz!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Farol

Farol.
Mira tua luz no oceano.
Enxerga a embarcação que o vento vem soprando.
Com o teu brilho, faz amanhecer.

domingo, 27 de dezembro de 2009

sábado, 26 de dezembro de 2009

Inferno

A sua palidez é tênue.
- Obrigado.
Seus olhos apontam para o vazio.
- Obrigado.
Seu sorrir não existe.
- Eu o perdi há algum tempo.
Abram as portas, deixe o moço entrar...

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Considerações

Infância, doce infância.
Não parta.
Não parta meu coração.
A tive por muito tempo, mas só agora vim ter noção,
de que com você o sorrir era sincero.
Vem, ainda a espero no próximo amanhecer.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal

Jogo as palavras em alguma máquina.
Misturo sentimentos.
Dores fortes, alegrias nada amenas.
Vivências.
De lá, extraio a vida na sua forma mais plena.
Às vezes opaca, às vezes reluzente demais.
Realejos tocam.
Sobem estrelas ao céu, que se pinta de negro enquanto o sol desce.
Amanhã será mais um dia.
E só.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Desamor(es)

Papéis, cartas. Não quero mais.
Fotos, queimo na lareira da falta de consciência.
Vejo sentimentos atirados pela janela,
encontrando o chão imundo, consumido pelos ratos moribundos.
Eu quero chuva para lavar as vielas.
Desentupir coronárias, para um singelo órgão tomar o seu vigor.
Bater, sem nenhum desamor, irrigando os terrenos áridos de candor.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Diálogo

- Eu já posso partir?
Claro, respondeu o vento.
- Mas eu não sei voar.
Eu também não, mas de forma surpreendente consigo fazer isso aos outros...
- Ok. Vou fechar os olhos.
Por favor.

Então o tempo alçou vôo, livremente, chegando tão longe no horizonte, que facilmente poderia se confundir com uma gaivota.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Verdade

A criança não pode morrer.
A criança não pode sofrer.
A criação se preserva com a manutenção da infância dentro do coração.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Amarelo

Eu rio dos sorrisos falsos.
Aponto para os quadros tortos que não foram pintados por Picasso.
Pego folhas do bloco de papel, escrevo, amasso.
Lixeira atulhada de lixo.
Palavras sem nexo.
Canetas com complexo, por carregar em vez de tinta, o sangue do escritor.
Eis que o ponto final nunca chega.
Parágrafos intermináveis.
Nova linha.
Suspiro.
Cansaço.
Hora de ceder a cabeça para o mundo dos sonhos.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Disparada

Abstraio,
mas não traio a confiança dos meus passos.
Rumo ao norte, sempre.
Esquinas existirão, eu sei.
Assim como pedras,
que postas à mão, servem de armas.
Eu sou a bala disparada.
Vida breve.
Vida.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

(in)SENSATEZ

Eu preciso viver na loucura.
Beber da água impura que os fracos renegam.
Quero andar no liame da existência e do ocaso,
sem ligar para a ventania.
Respirar extravagância em tom de sinfonia.
Entrar na dança, desconexo.
Carregar o vazio no pensamento, sem dar azo para qualquer lamento.

Loucura.
Uma hora tu me matas. Outra hora, tu me curas.

- Amém.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Branco

Eu estou no mesmo.
De encontro para o quadro branco, não vislumbro nada.
Brancas são as idéias, mas elas não trazem paz alguma.
Quem dera pela janela aberta corressem certas ventanias...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Mercado

Esperanças?
- Já foram vendidas.
Alegrias?
- Só temos na medida!
Me dê então um pedaço candura.
- Perdeu-se perto da amargura.
Que tortura!
- Isso temos aos montes.
Não obrigado!
- Disponha...

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Fini

Aonde foram as percepções?
- Eu não sei dizer.
Só vejo corpos lívidos.
- Eu nem isso.
Alguns sentimentos eu vejo agonizando no chão.
- Provavelmente é o fim...
Devo fugir?
- Não há chance.
Vou correr.
- Boa sorte. Apague a luz. Quero me acostumar com a escuridão antes dela chegar.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Bravo?

- Save me!

From where?

- Eu não sei falar inglês. Só li o cartaz que esse mundo está segurando...

sábado, 12 de dezembro de 2009

Contador de histórias

Pega a cadeira e senta.
Escreve a história com os passos que não deixaram rastros.
Não guarda na memória, pois essa apaga com o ocaso.
Descreve o zênite da montanha.
O escopo atingido pela flecha.
A palavra, que não pode ser calada,
mesmo que esteja somente deitada no silêncio desses versos...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Vitória

Vitória, companheiro. Temos vitória. Champanhes abrindo, belas senhoras. Músicas tocando, pessoas bailando em algum infinito. Abra o sorriso, brinde a glória. Olhe para a espada que lhe concedeu a bendita conquista. Guarde-a, ainda será muito usada, até que seja fincada em sua lápide.
- Isso não espero tão cedo!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Espartano

Eu sou guerreiro.
Não temo a morte.
Guio minha espada sem precisar da sorte.
Na minha pele, cicatrizes.
Cores de várias matizes.
Dentes rangendo.
Portas se abrindo.
Os leões e eu.
É batalha.
A glória.
Espero nada menos que a vitória.
A derrota, deixo para os desavisados.
Minha lâmina reflete a luz solar.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Luz

Eu sei que consigo atravessar a luz,
sair dessa caverna.
Olhar o amanhecer que se aproxima.
Não quero mais fragmentos de esperanças,
quero esperanças inteiras.
Poder voar num fechar de olhos!
Fugir dos absurdos.
Sonhar que a vida é um sonho bom.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Louco

Não consigo criar algo absolutamente novo.
Acabo caindo na rotina,
nas mesmas horas que a ampulheta despeja na sua terra interminável.
Eu, como o tempo, repito a cada dia passado.
Almadiçoado, quem sabe.
Mas não entregue.
Vocifero palavras ao vento,
para em nenhum momento eu negar a minha existência a mim mesmo.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Devaneio do alto de uma montanha

Não há nada de sublime aqui no alto dessa montanha, me enganaram.
Não vejo revoar de qualquer ave,
nem ouço seus cantos ao amanhecer.
Só vejo nuvens passando,
sempre,
sem rumo.
Às vezes, seguem para o norte.
Às vezes se desnorteiam e se perdem num piscar.
Devo estar sonhando.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Acaso

Dê-me um tiro no peito.
- Nunca!
Eu já passo dos 80. Tenha piedade!
- Você possui mais vigor que eu!
Eu nem lembro de ontem. Minha memória é falha. Respeite meu momento de consciência agora. Amanhã, já não a devo ter mais.
- Onde está a arma?
No armário.
- Ok. Aguarde.

...

- Pronto, faça você!
O quê?
- Nada. Estava mostrando sua arma de guerra.
Eu não me recordo, cupincha. Ouve o sinal?
- Sim.
Acho que meu trem vai partir.
- Acredito que sim.
Eu já devo ir. Vou me levantar sem me despedir.
- Sentirei saudades, avô.


E como um pássaro, ergueu os braços e vôo pela janela...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Sacrilégio

Vi um homem deitado no chão.
- Que coisa, não?
Ele tinha uma tatuagem na perna.
- Devia ser marginal.
O cabelo era branco.
- Pobre velho bêbado.
Senti que passava perto de deus.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Ermitão

Ele não fala a algum tempo, virou louco. Dizem que mora em cima da montanha. Um casebre velho, sem telhado. Sua barba cresceu tanto que é usada como tapete. Seus olhos são fundos, como algum poço olvidado, sem água.
Não há choro, nem martírio.
O mundo em que vive é de delírios,
inconcebíveis.
Onde nenhuma nau há de chegar.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

...

Por que não pára de atirar? A guerra terminou.
- Mentira! Ainda vejo inimigos ao fundo.
Ok, fique só.
- É melhor se abaixar, soldado. Eles têm metralhadoras pesadas.
Ok, me abaixarei assim que chegar na minha cama para dormir o sono perdido.
- Assim, o sono perdido que encontrará é a morte. E desta não acorda.
Cale a boca, animal!
- E quem não é?
Animal?
- Sim.
Irracional, isso que você é!
- Abaixe-se!
Vou embora.
- Olha a bala!

...

- Triste fim...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Cupido

Deixa eu rir.
Juntar corações com a mira certeira.
Florescer as mais belas rosas em terrenos mortos,
onde os tortos julgaram não crescer nenhum grão...