segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Alma

Sujemos os pés para correr.
Para viver mais.
Para sentir o pulsar.
Para deixar o vento nos fazer voar.
Para que assim possamos nos achar no imaginar.
E viver o que só tínhamos no sonhar.
Pondo um sorriso como abrigo.
E um coração aberto para abraçar o bem.
Porque o bem é semente.
E sendo semente, a nós é dado o papel de aprender a regar.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Sobre resistir

Eu tenho medo do medo.
Do escuro, do espaço.
Do cadafalso.
Não sei se rio ou se choro.
Ou se me apavoro com teu olhar.
Está um breu lá fora.
O sol cansado não quer levantar.

E o sangue de muitos pinta as ruas.
Lembra do pavor que ninguém quer lembrar.
O austero levanta.
O sinistro nos espanta.
E o amor.
Ah, o amor, eles querem calar.

Mas este silêncio não será meu!
Abraço o mundo que a vida me deu.
Abraço e não deixo ninguém soltar.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Brasil

Vem, me dá a mão.
Não chora, não espera não.
Vem cantar comigo essa canção.
Honrar nosso brasão.
Brasil.
Essa nação.
De cores multicores.
De ritos e mitos.
De verde, amarelo e azul.
De vermelho do sangue das lutas.
Meu Brasil.
Minha pátria querida.
Minha terra batida.
Meu costume.
Minha luz.

sábado, 20 de outubro de 2018

Nariz

Meu nariz é um mundo.
Meu mundo.
Minhas regras.
Meus segundos.
Busco o sorriso.
O abraço.
Busco o palhaço.
Desfaço nós.
Disfarço.
Viro árvore.
Viro ventania.
Viro até gente.
E sozinho posso até ser sinfonia.
Dessa ciranda que é viver.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Quinhão ruim

Mergulhei na indiferença.
Como pode?
Você me deu clarividência.
Logo depois me tirou a luz.
Não há sol.
Não há céu.
Só a completa escuridão.

Estou ao léu.
Amargando a desilusão.
Perdi o ar.
O peito não pára de palpitar
e a tristeza me consome.
Como pode ser?
Ontem eu tinha você.
Hoje só tenho areia em minhas mãos.

Não aguento essa liquidez do mundo.
Amores duram segundos.
Vidas vividas em vão.

Eu só quero plantar.
Eu só quero colher,
um coração.
Chega de tentar apanhar o ar.
Chega de me deslumbrar.
Por tão pouco quinhão.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Brasil

Desce a ladeira.
Sobe a gangorra.
Ciranda da vida.
Gira, gira-mundo.

Sociedade de segundo passado.
Presente.
E o futuro?
É algo escuro,
insensato.
É a dor do parto.
Lacuna.
Mais uma bala.
Mais uma vítima.
Estatística.
Lágrima que cai e rola.
Cadê escola?
Só se vê a cultura do rebola.
A educação pede esmola.
E o Estado cala.

Calo no pé do povo,
que aguenta o tranco
e trabalha que nem louco
para ganhar pouco.
Enquanto outros vêem tudo do tamanco.

País manco.
Jorra petróleo.
Enche os bolsos.
De lodo e podridão.

Bandos de lobos.
Quando é que os ratos voltam para o esgoto?
Quando é que a luz volta a iluminar?
São tantas perguntas sem resposta.
São tantos sonhos a obliterar.

Brasil, país sem memória.
Brasil, não quero te ver calar.
Levante a sua bandeira.
Venha para a luta sem se apequenar.
Porque teus risonhos lindos campos têm mais flores.
E o cheiro da tua flor não pode se apagar.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Impressões

Alvoroço.
De gente.
De vozes.
Povo passa.
Cheio de graça.
Abraços e amores.

Está no chão da praça.
E no olhar perdido da menina que chora.
No cansaço do jovem que descompassa o passo.
A vida sendo vivida.
O tempo que não freia.
A esperança que não deita.

sábado, 4 de agosto de 2018

Voyage

Pessoas vêm.
Pessoas vão.
No vôo do avião.
São histórias.
Memórias.
Sonhos
ou lamentação.
O abraço de despedida traz vida.
Enche de lágrima o coração.
Mas viajar faz bem pra alma.
Que voa como um pássaro.
Viajar nos torna sãos.

sábado, 21 de julho de 2018

Palhaço

Meu mundo se abriu como um sorriso bom.
Como se a música tivesse dado o tom.
Como se a dança tivesse acertado o passo.
O ritmo.
Do coração.
E eu.
De rosto pintado.
Palhaço.
Nem acreditei no primeiro abraço,
que a vida me deu com tanta emoção.
E disse: Vai menino!
Conquista teu espaço!
Mostra aos outros que a realidade pode ser pluma
e que os sonhos podem voar como um balão.

E desde então parti.
Numa jornada de ser criança.
De viver o hoje,
o agora.
De não aceitar esmola do sorrir.
Porque se estamos aqui,
não teria significado viver o calar.
E, sobretudo, calar sem sentir.

Por isso, povo da terra.
Ao invés de armas, gentileza.
Não há maior nobreza do que ser o porquê de existir.

domingo, 10 de junho de 2018

Mármore

Ando pensando.
No céu de agora.
A vida lá fora.

Minhas memórias.
Ainda tenho o que conquistar.
Remo o barco.
Insisto na sina de sonhar.
Assim cravarei no mármore o viver sem pesar.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Co(r)po.

A gente procura amores,
mas o que se encontra é volúvel.
Explode fácil.
Coração vira poeira de espaço. Sentimentos vãos.
E não vêm, não vêm.
Resta a solidão do copo.
Do corpo.
Devastado o peito.
Terra de ninguém.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

IN finito

Não me obrigue a negar a beleza da lua.
Do coração que pousa leve na alma tua.
E faz brilhar qualquer pensamento.

Estou farto de pequenos contentamentos.
De fagulhas que não vingam.
De sementes que não brotam flor.

Se alguém conhece do amor,
que se apegue.
Não negue.
Nem deixe voar.
Porque o céu não é dos homens.

E se não temos o céu,
ao menos que na terra a gente o reproduza.
Em olhares.
Sorrisos.
E danças intermináveis.

Que o infinito seja o momento que dure.

domingo, 22 de abril de 2018

Céus

Eu te achei doce,
como pastel de brigadeiro.
Como o céu em fim de tarde.
Como a poesia escrita para um grande amor.

Eu te achei doce,
como teu olhar.
Como teu jeito de levar a vida.

E agora me sinto leve.
Não tem peso que pese.
Vem, me faz voar.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Sabiá?

Sabia.

Sabia?

Que o sabiá cantou na janela e clareou o sol?

Que o peixe se jogou no anzol, mas não morreu?

Que o coração bateu, mas não vibrou?

Sabia?

Um iceberg quebra,
assim como os sonhos.

Mas somos nós os maiores enganos.

Poesias que nunca se soube.
Luzes que nunca acenderam.

Vem bailar comigo enquanto é cedo.

Pois, amanhã não será mais.

Vem cantar aqui.

Deixa o tempo ir.

Deixa a vida seguir, enquanto os segundos tratarem de parar no momento do olhar.

Do silêncio.

Do beijo incerto.

E do sorriso oportuno.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Não se preocupe

Não se preocupe, meu bem.
O amanhã há de ser meu.
Nosso.
Dança colada.
Corpos nos corpos.
Sonhos e pescarias.
Ousadias.
Sintonia.
Olhares cruzados.
Mentes cheias.
Copos vazios.
Corações vadios.
Poesias em cada corredor.

sábado, 17 de março de 2018

Ouvi

Ouvi uma choradeira da janela.
De um povo que bate panela e faz dancinha.

Que se cala pelas outras corruptelas
e fecha os olhos para as mortes na favela.

A pátria sangra
Grita sem pudor.
E cada gota de suor que pinga, evapora.

Deve ser o inferno.

Enquanto isto os políticos mamam na teta gorda
e a igualdade fica cada vez mais desigual.

O braço forte da justiça, só nos pune.
E a liberdade é uma palavra distante.
Pelo menos para quem não tem renda.

Ô pátria alvejada.
Há buraco de bala até no meu coração.

De pauladas vou vivendo.
Salve! Salve-se quem puder.

Brasil, tu és um sonho de grandezas mil.
Mas o amor que vive em ti é utopia.
Os porcos vivem pulando na lama fria.
E no teu disforme céu, tristonho e ímpio
a imagem do negro escravizado resplandece.

Gigante somente pela crueza.
Aquela multidão cercando o corpo
Urubus, mas que tristeza.
E o noticiário, dizendo só o que lhes convém.

Brasil,
tua alma vive
mas respira por aparelhos.
E a tua falta de ação é constrangedora.

Nos salvem,
salvem.
Aqueçam o nosso peito.
Calem esta dor.

segunda-feira, 12 de março de 2018

Medo do medo

Eu tenho medo do medo.
Do escuro.
Do espaço.
Do quão próximo está o cadafalso.
Não sei se rio ou choro.
Ou me apavoro.
Com o silêncio das ruas.
Com o povo descalço e com fome.
Enquanto outros bolsos multiplicam o que não se vê.
O que não se crê.
O ímpeto some.
Não há voz.
Não há vez.
Sangue escorre.
Pinta o xadrez.
Pinta a cara.
Corta o coração.
E não há canção no mundo que salve da angústia de nada poder,
porque o poder nos consome.

terça-feira, 6 de março de 2018

Voei

Queria voar.
Um pouco do céu não é de todo mal.
Enlevo necessário.
Isso porque por vezes é indigesta a rotina.
Jaz a força, esperança amofina.
O vôo é dos pássaros, mas também é dos que se prestam a sonhar.

sábado, 3 de março de 2018

Paz

Paz.
Eu quero paz.
Um cais.
Brisa leve.
Poesia.
Água fria nos pés.
Fantasia.
Sonhos e enlevos.
Paz.
Nada mais.
Sossego e melodia.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Pêra

Pêra,
É doce.
Como alguns sonhos que tenho.
Que levam ao infinito
e me tiram do concreto finito.
Que misturam meus sentimentos como um liquidificador.
Mas o que seria eu sem o sonhar?
Uma pobre existência.
Um louco a viver o morrer a cada dia da rotina bruta.
Uma semente que não germinaria.
Uma casca sem histórias para contar.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

O vento

Como assim?
O vento se foi.
O sol se pôs.
Reinou o silêncio.
E o céu cheio de estrelas.
Agora já dormem os pássaros,
mas não os corações apaixonados.
Quem ama faz vigília.
Aquece a noite fria.
Suspira.
Sonha acordado.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Sobre partir e não ficar

Você preferiu partir
e me deixou aqui
sonhando,
sem querer acordar.
Como vou me convencer,
a amanhecer
sem seu sorriso
e sem sua voz para me embalar?

Queria me perder,
mais uma vez,
na candura do seu olhar.
E dançar sem ver, me embevecer de você,
sem notar o tempo passar.

Por que tem que ser assim?
Histórias boas com um péssimo fim.
Sentimentos ressequidos, opacos,
que há muito não sabem o que é brilhar.

Por que é tão difícil encontrar a luz sem se deslumbrar?
Luz é como farol.
Não anzol.
Luz não é sobre deslumbre.
É sobre aprender a se guiar,
antes que os dias venham a correr e você não se atentar
que caiu a escuridão
e as cortinas vão fechar.

Sopro

O querem é sopro.
É ventania.
Ninguém amacia a pedra.
Só agonia.
Corações ao léu.
Correria.
Amores desavisados.
Sentimentos escorraçados.
Choros.
E nenhuma poesia.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Perde ganha

Um dia você perde.
Arrancam seu coração do peito.
Um dia você ganha.
Faz a cantoria dos pássaros virar sinfonia.

Nessa dualidade, a vida.
Entre sorrisos e descalabros.
Entre amores e desilusões.

Toda porta que se fecha é dor.
Mas faz a cabeça pensar.
Se não existem portas.
Que sejam janelas.

Pois o que está no horizonte é história que temos para contar.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Líquido

Liquidez.
Os rios levam tudo para o mar.
Nasce amor.
Desagua dor e dissabor.
Brota uma lágrima no olhar.

Corações abstratos.
Sentimentos em vão.
Um sorriso que não se sustenta.
Um peito que se enche de decepção.

Marasmo.
É o mundo lá fora.
Na correria todo mundo se devora.
Na azáfama, esquecem até do calor.
E não vêem motivo para se inspirar.

Só querem seguir.
Seguir sem parar.

Para que a vida os apequene.
Os silencie.
Perene.
E a escuridão que os rodeou possa lhes abraçar.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Passado

O tempo é imparável. 
Destruidor inconsequente. 
Cria e mata. 
Tira e deixa contente. 
Dualidade. 
É o tempo. 
E os dias que passam. 
As folhas que voam. 
Os sonhos que amassam. 
Os corações que batem. 
E o peito que suspira enquanto os olhos fitam a esquina, 
não acreditando no nunca mais.
Tempo.
Nos falta.
Tempo.
Nos cala e planta o que restou de nós para a terra engolir.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Tiempo

Tempo.
Que tu tens?
Que tu trazes?
Perigos audazes.
Jardins lotados de flor.

Tempo,
tu mostras e enterras o amor
enquanto canta com o vento
e empurra o sol para a noite chegar.

Tempo,
martírio ou alento?
Às vezes pesa só de olhar.
Outros momentos corre leve,
como as tuas horas que sempre tratam de passar.

Tempo.
Por que tão breve quando só queremos congelar?
Eternizar?

Mas tua areia não para.
Nem cura.
Só faz a vida tratar de andar.