domingo, 31 de janeiro de 2010

aGUARDO

Guardo teu porta-retrato,
Esperando que tua gota de orvalho venha pousar novamente em meu jardim.
Insisto no fato,
Sei que um dia teu sorriso voltará para mim.
As borboletas que tu trouxeste ainda voam por aqui.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Conversa

Marília diz (00:18):
Fui fechar as janelas da minha sala e me deparei com a lua! Ela está belíssima! Mais do que de costume!
Márcio Vandré. diz (00:19):
eu quero guardá-la em um pote transparente.
e fechar a luz do quarto.
Marília diz (00:19):
Seria a mais bela visão!
Márcio Vandré. diz (00:20):
sim, seria.
Márcio Vandré. diz (00:21):
só iria faltar imaginar as estrelas.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Dança

Eu lhe permito a dança com o sono.
De longe ficarei aguardando a hora dos aplausos.
Isso se o sonho não chegar.
Mas ele sempre chega.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Pássaros mortos

Algumas verdades são ditas,
mas queria eu saber se são realmente verdades.
Hoje vi um pássaro morto,
e as ondas do oceano se acalmarem por um instante.
Vi o que ninguém mais viu,
e não me gabo.
Sou um ser simples,
que todas as manhãs quando acorda,
olha para o céu
Não se trata de uma súplica,
mas sim de uma profunda admiração por esse todo azul.
Também gosto da noite e de seus botões reluzentes,
que chamamos de estrelas.
Outro dia, sonhei que havia pego uma em minha rede, no barco de pesca flutuante.
Barcos não voam.
Estrelas que posso pegar com rede estão no mar.
Eis as verdades,
que aparecem para quebrar os espelhos das vaidades.
Do outro lado, é a realidade.
Acerba chama que não apaga nem com a mais forte lufada.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Trôpego

Cada vez mais, cada vez menos.
Dança devagar o pêndulo do relógio,
como se pudesse parar o tempo.
Mas o tempo não se entrega ao cansaço.
Nem eu me entrego.
Não nego os sinais de calvice.
Não nego a velhice que bate, trôpega, à porta.
Esses olhos viram histórias que já viraram lendas.
Mantenho ainda acesa a chama de um jovem que deseja amar,
mas encontra em sua sina a aridez exemplar de um deserto no meio do oceano.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Imortal

Teu tempo não é infinito como o meu.
Vejo crianças sorridentes que se tornam velhos taciturnos.
No céu há estrelas que não brilham com a intensidade de outrora.
No chão, pássaros que não almejam sequer um único vôo.
Triste realidade.
Destino-me a ver o nascer e o ocaso do sol, eternamente.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Adios

Adeus você.
Deixo a bagagem, pois não necessito mais dela.
Aqui perdi o gozo de viver.
E não vejo mais o pôr-do-sol de minha janela.
Esses prédios cinzas.
Esse céu que ameaça chover
e nunca chove.
Olhe para as plantações, esturricadas.
Somente neste local, o calor tem forma.
E não é calor daqueles que fazem aquecer um coração.

Adeus você.
E a todos os outros.
Diga que deixei lembranças.
As minhas, vou procurar em outro local.
Provavelmente perdi no caminho.
Não retornarei.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Súplica

- Samba a dois?
Só sambo com o Vencedor.
- Tá bom! Aponte-me onde ele está!
Não digo! Você não seria nem meu último romance!
- E se eu pusesse seu nome no sétimo andar?
Aposto que me trataria como a outra!
- Eu não sou um qualquer como aquele seu cara estranho!
Devo então escolher entre o velho e o moço?
- Eu sou muito além do que se vê! Confie!
Tenho na mão o pouco que sobrou do meu coração. Tratará com respeito?
- Por mim, a conversa já está de botas batidas!
Deixa o verão acabar!
- Não sente o que vem do lado de dentro de minha alma?
Um par.
- Diga-me! De onde vem a calma que ostenta?
Tenha dó, cá não há calma! O que existe é um açude seco.
- Ah, para mim, isso é uma descoberta!
O meu nome é Anna Júlia.
- E quem sabe se não está mentindo?
O pierrot não lhe contou?
- Só vejo azedume ao meu lado.
Eu também. Com isso, surgem lágrimas sofridas.
- A primavera vai chegar!
Por favor, vai embora.
- Mas para onde irei sem ter você?
Daqui a onze dias, terá a resposta.
- Você disse que seu nome era Aline?
Outro alguém!
- Bárbara?
Todo carnaval tem seu fim...
- A flor! É esse seu nome?
Mandarei teu retrato para Iaiá!
- É mãe de santo? Assim será!
Não! Ela pede fotos para montar a parede da casa pré-fabricada.
- E pensar que todo esse devaneio começou num pedido de samba. Cadê teu suín-?
Não me peça nada. Estou sentimental.
- Cher Antoine, é esse seu nome?
Deixa estar. Quero paz aqui em meu canto.
- Prometo sair após mais uma canção.
Quando for, finge na hora rir. Te peço.
- Veja bem, meu bem, não é bem assim.
Agora vejo que é tão sozinho.
- Adeus você.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Penumbra

A esperança atravessou a rua e virou na esquina, para nunca mais ser vista.
Daí então, o cenário de cores foi esmaecendo.
Logo o preto e o branco.
Cinema mudo.
Pessoas chorando sem ouvir consolo.

Alguns prostraram, aguardando sentados o retorno.
E os dias passaram.
Os velhos não podiam ter suas conversas.
Das crianças, não se esperava mais que um sorriso acinzentado.
E foi assim, que uma cidade inteira cedeu ao ocaso.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Nord

Inconsistente.
Desabriga amores.
E enche sua gaveta de endechas.
Acha que tem autonomia para pisar o mundo.
Mas o mundo que o faz.
Incompetente.
Orienta-se por bússolas sem magnetismo.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Shine

Pululam, loucos, esses diamantes.
Brilhando numa intensidade única.
Chega a ser algo sublime.
Psicodelia magnífica da vida.

- O pensamento?

...

Sim.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Parcas Palavras

Descrever o amor.
Entender o porquê.
Passar a crer que o impossível é somente um conceito mal interpretado.
Acender um cachimbo sem morrer de câncer.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Au revoir II

Esse vórtice leva até o infinito?
- Não vejo tão longe.
Como eu esperava. Mesmo assim eu vou.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Partida

É parte de mim.
Você, com seus reinados.
Esse céu incomensurável.
Cada brilho é uma estrela.
Tudo que parte de mim, é parte do mundo.
Até que a rotina se parta.

domingo, 17 de janeiro de 2010

sábado, 16 de janeiro de 2010

A palavra e eu

Eu.
Palavra tão forte.
Basta ela ser pronunciada e o vento muda o curso.
O sangue cessa. Não há pulso.
Perco horas olhando para o céu.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Fragmento

As cartas velhas joguei no lixo. O que restou, está crestando na lareira. É o fogo que acalenta o coração que não tem mais luz própria. Agora entendo os planetas.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Borboleta

Com a chuva, semente cresce.
Flor aparece.
Campos cheios de vida.
Não há quem diga que um ser minúsculo venha a se torna algo exuberante.
Assim falam as borboletas.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Pedido

Com sua permissão, observarei o orvalho.
E tirarei de cada gota o sabor inventado de mel.
Doces sonhos, não abandonem esse velho tolo.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

oãzaR

Razão.
Cuspo essa palavra e soa um eco.
Quiçá pelo peso que ela ostenta.
Na sua falta, nem bússola se orienta.
Sem ela, o coração vagueia sem temer o destempero.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Observação

Eu vejo um mundo sem cor.
Vejo sentimentos que se esvaem pelos ralos e alimentam ratos sedentos.
Ouço risos falsos.
Tapas nas costas.
Esperanças em vão.
Solução?
Falsos sábios a preconizam.
Entretanto, dia a dia nos aproximamos do abismo.
Que se não encher de pedras, atulhará de gente.
Massa inconsciente, que marcha pelo terreno já percorrido.
Cairemos sabendo que vamos cair.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Sentido? Nenhum.

Nos apegamos aos ecos que o passado trouxe.
Desprendemo-nos de tudo, mas disso não.
Preferimos sofrer e ver a nossa caveira crestar no fogo da desilusão.
Eu não! Quero ver a bailarina dançar, dançar e dançar, sem tirar o pé do chão.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Here

Eu queria dizer que o tempo poderia voltar facilmente.
Mas o tempo não volta.
Eu queria falar que o futuro não traz medo.
Mas não sou vidente.
O que resta é aguentar o peso desse presente que ninguém desembrulha.
Deixa o amor retornar.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Vida vadia

Eu sou um poço de sentimentos.
Carregado, às vezes, de lamentos incomensuráveis.
Outra hora, brota alegria.
Vida vadia essa de um coração que vive por romantismo.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Flô

Não irei me entregar ao acaso.
Fechar a porta de qualquer esperança.
Ainda mantenho meus olhos firmes.
Coração sincero, embora árido.
No céu, forma-se algo parecido com chuva.
Gotas caem.
E não são lágrimas.
É o agreste que habita o peito querendo ter o que florescer.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Escrita

Escrever é deixar de sofrer,
nem que seja por um instante.
É pôr a música para tocar na vitrola.
Um tango, dois tangos a sós.
Não há conforto, nem consolo maior,
do que deitar a pena num pedaço de papel.
Esperar letras com sabor de nuvens do céu.
Nunca poderei tocá-las, mas tento.
Eis o sustento de um ser dependente de palavras.
O abismo está à frente,
mas o louco renitente só pensa em voar.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Lembrar

Tu és brasa
que nenhuma brisa pode apagar.
Tu és céu nublado, que nunca chove,
mas mesmo assim mantém beleza peculiar.
Queria mais que uma fotografia no porta-retrato.
Queria me perder no descompasso de um coração acelerado.
Sussurrar amor em vez de meras palavras.
Só assim voltaria a ter vigor.
A rigidez cadavérica dos dedos desvaneceria,
e os olhos que vislumbram somente o ocaso,
veriam o quão escarlate pode ser uma flor.
Ah se eu pudesse subir em uma folha qualquer, alçar vôo rumo ao infinito.
Posicionar estrelas com teu nome.
Aguardar que, por um instante, tomasses nota do céu.

domingo, 3 de janeiro de 2010

O monstro e o poço

Silencie a besta.
Cegue seus olhos.
Esqueça-a no limbo,
e não vocifere seu nome.
Feche a porta do infinito.

Ao fim

Depois, veio a ventania.
Varrendo qualquer resquício de existência.
Não restou um louco sequer.
Apenas palavras que não serão mais pronunciadas.
Eis que agora o silêncio se mostra imponente.
O sol, envergonhado pelo seu brilho não ter a mesma resplandescência,
recusa-se a alvorecer

sábado, 2 de janeiro de 2010

Lyric

Louco canto que me admira.
Acima do sol.
Instigo-me pelo teu sorriso.
Sereno como o anil do céu.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O novo

E agora, o novo?
- Não veio.
Que pena.
- É, o humano ainda caminha numa tênue corda.
E se ela partir?
- Não haverá o homem.
Somos parentes distantes da indecisão.
- Certamente, meu nobre colega.