terça-feira, 31 de março de 2009

Receita

Cria no papel alguma coisa absurda.
Palavras, caindo como chuva.
Mistura e vê o que dá.
Algo para se pensar?

segunda-feira, 30 de março de 2009

A Janela

Da janela eu a vejo.
Imagino-me na distância de um beijo.
De um passo para o desejo.

Na janela eu aguardo,
enquanto os olhos argutos vigiam cada passo.

Janela.
Palco de emoções
e de esperas.

Pensamentos e suspiros.
Céu azul ou estrelas ao luar.
Que seria eu sem ela?

domingo, 29 de março de 2009

Eletricidade

Apague as luzes.
Vai cair o primeiro floco de neve.
Ou será um vaga-lume?

Imerso

O silêncio revela uma amarga sina.
Queria poder acompanhar teus gracejos de menina,
mas agora vejo que devo escapar na surdina.
Plantarei uma semente,
no chão deixarei jogada uma flor,
apontando a direção que parti.
Não siga, se não souber para onde ir.
Também estou disperso.
Imerso no profundo rio...
...de pensamentos.

A casa

- Tem sede de quê, humano?

Lá de onde vim havia uma casa...

- Me responda.

...Ela não era muito resistente, mas...

- Você está me escutando?

...passadas as tempestades, os diluvios causados pela chuva...

- Quem pensa que eu sou?

...ela se mantinha em pé, de forma surpreendente.

- Não me desrespeite!

Quero ser como essa casa. Assim não terei sede, só esperança.
Não obstante todas as intempéries, permanecerei hirto, inabalável.
Só desse jeito cantarei glória e não malogros.

- Você sabia que aquela casa caiu ontem?

Sim, triste, não é?

- Baseia-se nela por quê?

Apesar de existir a possibilidade de nos superarmos, ainda somos finitos.

Então o Deus se calou.

sábado, 28 de março de 2009

Talvez

talvez.

talvez não.

a vida pressupõe definição.

acertada?

talvez.

talvez não.

Insetos

No fim somos só insetos procurando a luz,
não obstante o peso da cruz.

Claudicante

Claudica, ser bestunto.
Limpa esta sua mão, imundo.
Cruza o corredor claustrofóbico, vagabundo.
Veja lá fora a liberdade que era sua.

Encosta na parede.
Deixe que as mãos incertas vendem os seus olhos.
Ajoelhe-se enquanto o alarido das metralhadoras encerra o dia.

Acha que o rio secou?

sexta-feira, 27 de março de 2009

enFIM

Lagoa reluz,
Azul esplendor que carrega.
Reverbera e mata a sede que me espera.
Interregno necessário.
Sensato.
Sei que preciso.
Andar para quê, se achei o meu lugar?

entreMEIO

Longa chama esta que carrego.
Acredito que seja esperança,
Recheada de lembrança.
Interessado,
Sigo.
Só não mais sem rumo.
Ando sabendo que passadas posso dar.

quinta-feira, 26 de março de 2009

reINÍCIO

Lá fora faz vento.
Absorto, observo o tempo.
Raios cruzam o céu, cortando-o.
Inquieto, divago,
Sem nenhum pensamento vago.
Sábio,
Abro as asas. Chegou o momento de voar.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Arqueiro

Ergo-me.
É o momento.
Preciso ser preciso.
Cansei de mandar flechas longas que cairam pela força do vento.

Aqui está o alvo.
Devo me concentrar e acreditar que posso.

Sinto a sonoridade do ar,
o canto dos pássaros,
a divagação lamuriante de algum poeta.

Conecto-me com a realidade e a fantasia.
Sou misto de sonho e murmúrio de um ser que acabou de acordar.

A hora chega.
Não quero errar.
Não vou errar.
A vida não me traz a possibilidade de outro malogro.

Postura.
Confio na minha envergadura.
A glória será agora.

Preparo o tiro.
A flecha, o suspiro de alguém que quer amar.

Segue o rumo, o norte.
O tempo, magnânimo, gera expectativa.

Fecho os olhos.
Sou o alvo e o tiro.

Sonido.
Aplausos da platéia que nunca vejo.
Curvo-me agradecendo às palmas.
A cortina se fecha.

Silêncio.

terça-feira, 24 de março de 2009

Amanhecer

A coragem retorna enquanto o peito ribomba.
Sinto o sangue percorrer cada veia.
Esta emoção eu já apreciei
e a procurava.

Algo novo de novo.
Ventania.
Vislumbre.
Calmaria.

É o farol.
A luz.
Algo que guie
e torne clarividente o caminho.

É bom sonhar sem temer.
É bom sonhar sem sofrer.
Esperança bate a porta e entra sem perguntar.
Esperança, palavra que alcança dimensões incomensuráveis.

Devo andar sem correr.
Cauteloso.
Não quero pisar em falso, de novo.
Levantar é difícil demais.

Agora eu quero mais.
Mais sorrisos, sinceros.
Não espero máscaras e lágrimas.
Não espero malogros.

Quero poder colher aquela flor radiante.
Perfumada.
Para dar para a pessoa amada
e viver, finalmente, sem deixar o sentimento morrer.

Ciclo

Explodo.
Espalho.
Semeio.
Nasço.
Cresço.
Morro.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Jornada

Eu tenho medo do medo.
Tenho medo do sossego.
Do pensamento que o sossego traz.
Traz e volta feito maré.

Soberbo, conto vantagem para o vento,
mas estou inerme.
Inerte como uma gárgula.
Vigilante.

Vigio e não puno, se não a mim mesmo.
Caminhando a esmo,
rumo ao infinito impensado.
Nada sensato.

Sorrio, preocupado.
Talvez cansado.
Velho demais.
A minha mão enrugada que aponta o norte quiçá esteja errada...

Eu posso fechar os olhos e correr.
Correndo posso cair.
Caindo posso ficar, na lama.
Sentir o gosto do barro que piso.

A terra úmida pode me devorar como besta faminta.
Sucinta e particular como nenhuma outra.
Assim a paz reinará.
Quem sabe?

Provavelmente alguns pássaros irão piar,
mas o sol não deixará de se levantar altivo.
Iluminando, com sua luz crepuscular, cada recanto escondido.

domingo, 22 de março de 2009

Disco

Eu sou a voz da sensatez.
Insensatez.
Sensatez.
Insensatez...


Troquem o disco, por favor. Este está pulando.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Contra o tédio

Contra o tédio eu vou,
devagar.
Sem saber se ou quando vou chegar.
Quanto mais caminho, mais longe pareço estar.
Mas longe de quê, afinal?
Da chegada ou da saída?
Toda rota parece sempre o mesmo lugar.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Cotejo

Eu sou mais forte que você.

- Que acha que eu sou? Materialize-me e não conseguirá suportar o peso.

Eu posso ganhar de você.

- Com apenas um assopro, derrubo este corpo frágil.

Não preciso de espadas ou escudos. O punho me basta.

- Está determinado, jovem.

Não deixarei vivo nem o seu sarcasmo.

- Que tal uma xícara de chá antes de eu partir?

Não me confundirá, já sei o que devo fazer.

- Que horas vamos começar?

Já começamos.

- Engraçado. Não me avisa o turno?

Por quê? Já perdeu.

*E o silêncio se fez presente naquela sala*

quarta-feira, 18 de março de 2009

Caboclo

Eu sou o furor,
eu acho.
Ou o brado recheado de consternação.

Eu acompanho as folhas secas caírem como chuva no chão.
Será tristeza ou renovação?
Não sei não.
Esta lasca de fumo sempre me põe em elucubração.

terça-feira, 17 de março de 2009

O velho poeta

Eu vim para escrever as mazelas do mundo em versos.
Devo partir quando este propósito estiver concretizado.

O sol continuará nascendo
e a lua reinará soberba à noite.

Quando eu silenciar,
outros já terão começado a falar.
Mesmo que somente em pensamento.

segunda-feira, 16 de março de 2009

O fogo

Sinta o fogo.
Seja o fogo.
Guie-se pelo sinal de fumaça.
Você é a sina que queima na rua.
Esperando a sorte.
Ou a morte?
Brasa que sobra.
Vira cinza e apaga.
Sopro do vento que carrega e espalha os fragmentos.
No fim não sobra nada.

Disparo

Sou o som inevitável.
O expurgo, infame.
A quimera quase morta, quase podre.

Sou o grito do absurdo.
O eco, surdo.
O ardil incomparável.
A realidade do abstrato.
O intangível do que é concreto.
O peso da indecência.
A ausência.
O frio.
A noite sem lua.
A manhã sem calor.
O assobio soturno.

Sou o ponto final e o início.
Sou preciso,
tal como minha flecha aterradora.

domingo, 15 de março de 2009

O aprendiz

Eu acreditei que podia criar raios.
Fazer o pedaço que vivo brilhar por um milésimo de segundo,
para assim enxergar a lucarna que deve haver em qualquer canto.

Espero tanto o dia que retirarei da nuvem algo que não se desmanche em faíscas.
Enquanto isso,
vou vigiando o mundo.

Taciturno, como sempre.
Condenando os olhares tortos
e a sede de sangue que aplaca a alma.

O rio está seco.
O humano está seco, de sentimentos.
O tempo está seco.
Deve chover hoje...

sábado, 14 de março de 2009

Raro

O amor é peça rara.
Dizem que reluz mais que ouro.
Dizem que é tão inestimável quanto o poder de um sorriso.
Dizem...
São relatos.
Espero um dia encontrar tal sorte.
Quero provar que o doce mel inefável dos céus pode estar na mão de nós, austeros humanos.

Identidade

Uma identidade.
É isto que carrego.
Herói ou vilão.
O que importa?
Ser andante, complexo.
Movido por sentimentos.

sexta-feira, 13 de março de 2009

O pulo

Sentimento?
Vai para o lixo.
Sofrimento?
Vai para o lixo.
Rotina?
Vai para o lixo.
Um turbilhão prolixo.
Inutilidades?
Vida!
Isto é a vida!
É o humano em essência.

Cada vez que pulo me afasto mais deste planeta.

quinta-feira, 12 de março de 2009

A mente

Arguto.
Sou a sombra do infinito.
Porém, permaneço hirto,
querendo que o vento me empurre para fazer voar.

Sei que não é fácil erguer os braços e planar.
Esta carne apodrecida, malfadada.
Esta pele solta pela velhice que carrego.

As nuvens não são de algodão-doce.
Nem são macias.
Elas simplesmente não existem.
Nada existe afinal.

Eu posso afirmar que estou sonhando.

quarta-feira, 11 de março de 2009

A palavra que cura

A palavra que cura ninguém espera.
Pode vir em algum momento que estiver perdido, ao olhar pela janela.
Pode vir em devaneio
ou mesmo no silêncio que os olhos denunciam.

Pode estar do seu lado, mas a visão preocupada e calejada não consegue ver.

A chuva, o vento e a divagação

Pega a cadeira e senta.
Palra ao vento o que o atormenta.
Ninguém vai escutar.

Veja a chuva no ar.
O caminho que ela percorre até chegar à terra.
O seu é o mesmo.
O fim é o mesmo.

O que muda é o tempo.

terça-feira, 10 de março de 2009

Apague a luz

Apague a luz do abstrato.
E agora, o quê vê?

Rastro

Estou na janela.
Escondido no escuro.
Pensando em não sei o quê.

A criatividade partiu hoje.
Quem sabe amanhã volte mais afiada,
mais consistente e aplicada.
Mais sensata.

Eu preciso cortar a podridão da carne todo dia.
Preciso da minha dose de alegria,
mesmo com a noite fria.

Neste ponto do mundo, observo o mundo enquanto divago.
Sou uma parte do todo.
Do nada.

As pessoas cruzam as ruas, apressadas.
Que escondem?
Que amargura trazem?
Que rastro deixam?

Nunca os vejo voltar pelo mesmo lugar.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Matina

Essa dor que sua cabeça sente.
É o mundo indecente?
Milhões de neurônios digladiando,
enquanto o corpo fica demente e necessitado.

Deve ser a raiva da rotina.
O expurgo que expeliu na matina.
Um pedaço de você que partiu.
Seria o coração ali?

Alguém mais viu?

domingo, 8 de março de 2009

Sorriso?

Não sei.
Tenho apenas a impressão que este sorriso esconde algo.
Uma lágrima, talvez.
Uma tristeza profunda.
Uma máscara.

sábado, 7 de março de 2009

A ventania

Hoje vou ser herói de quê?
Algo novo que eu possa ver?
Estes olhos que apertam para vislumbrar o horizonte obnubilado.
A lança deve ser lançada, assim como a sorte.
Não importa se reto sigo para o norte.
O que quero é sair daqui.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Selo - Vale a Pena Acompanhar Esse Blog



Primeiro selo que recebo. Não sei muito bem como funciona isto, mas fico honrado pela indicação.
Tentarei manter um nível de postagens diárias ao infinito e além.

Muito obrigado ao blog http://cantodoescritor.blogspot.com/, na pessoa de Caroline Mendes, pela indicação a este selo.

Regras do Prêmio:
1. Exibir a imagem; (Vou trabalhar nisto)
2. Linkar o Blog do qual recebeu o prêmio; (Já fiz hehe)
3. Escolher 15 Blogs para entregar os prêmios e avisá-los.(Como estou no começo, não tenho esta totalidade de blogs, mas vou indicar os que conheço)


LISTA DE BLOGS:

1 - http://cabritazul.blogspot.com/
2 - http://almost-pornography.blogspot.com/
3 - http://vohas.blogspot.com/
4 - http://paticinhacolares.blogspot.com/
5 - http://blogdogalhardo.zip.net/

São estes. À medida que for conhecendo novos, faço a indicação.

Angústia

Corte a carne podre.
Asse o infortúnio.
Mastigue e engula.
Regurgite e asse de novo.
Repita.
Enquanto seu coração palpita um palpite qualquer sobre o dia de amanhã.
Amanhã que será igual a hoje.
Será porque não luta.
Apenas se entrega.

Se um dia resolver chutar a mesa.
Os cacos de pratos, de copos,
a bebida derramada no carpete,
o fogo da vela,
irão devastar a vida moritura que aceita.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Caminhar

Espere.
Vá.
Você tem que acordar.
Que custa acreditar que o amanhecer virá?

Não baixe o olhar.
Construa a casa, tijolo por tijolo.
Pare de ser tolo e de ceder ao pensamento poluto.
Deixe de ficar de luto antes da morte, anunciada

Estrada maldita, que leva para onde?
Deve ser um caminho longo ou curto demais.
Tão curto que pode acabar na curva seguinte.
Mas isto seria um acinte às expectativas...

segunda-feira, 2 de março de 2009

O Abismo

O espírito da liberdade me bate no peito e volta.
Este abismo que está na minha frente é profundo, soturno, gélido.
A névoa que brota de suas profundezas me traz arrepios.

Será uma queda tranquila, eu acho.
Devo cair e me entregar para o futuro que amanhã será presente.

Se por ventura eu ganhar asas, é porque teria que voar.
Se eu me perder na escuridão da bruma, não ouvirão gritos, nem lamentos.
O que tiver de ser, deverá ser.

domingo, 1 de março de 2009

Corrida

Esta corrida sem fim.
Esta guerra.
Por que martirizam o coração e o deixam trôpego?

Está um silêncio aqui e em qualquer lugar.

Para Nóia

Corrompido?
O ódio?
O pódio.
O que chegou em primeiro é o último lugar.