domingo, 11 de dezembro de 2011

Liberta

Quando tudo estiver perdido, não poderemos caminhar livres, nem olhar o brilhante horizonte. Temos nos cercado de paredes de concreto e, infelizmente, os sentimentos também estão ficando endurecidos como o cimento. As cores até existem para colorir as folhas brancas, mas são poucos os que se arriscam a inventar qualquer quadro. Um sorriso é cobrado nos bares, enquanto tantos outros saem facilmente de graça nas praças.

A alegria é cerceada. Calada. Não se pode viver sem seguir a rotina, sem fugir da regra. Trabalho, casa, pouco descanso. Descaso com o próprio ser humano. Aqueles mesmos que ousam em tentar pintar a tela são os que sofrem na rua. Os diferentes são condenados. O novo não é aceito. Querem o monocromático.

E os demais tem prazer em passar a ira que sentem. Querem que outros sintam a solidão que carregam no peito. Nós não! Não queremos o silêncio. Buscamos sambas intermináveis, gargalhadas infindas. Procuramos diariamente conquistas.

Liberdade de expressão. Uma sentença bradada por todos os cantões. Uma sentença garantida constitucionalmente. As avenidas e praias serão para sempre nossos palcos. Porque o céu é a melhor cortina. Quando se fecha, ainda deixa a chuva cair, para lavar a alma dos que não carregam o sossego.

Não nos cerquemos. Porque muros acabam permitindo a construção de fortalezas. Distanciaremo-nos, assim, de nós mesmos.