terça-feira, 31 de agosto de 2010

Com o diabo

Por que continua a andar, mesmo com três balas no peito?
- Porque não cheguei onde deveria chegar.
Tome um guarda-chuva então.
- Para chamar raios?
Não, use-o para voar na próxima corrente de vento.
- Só andando sentirei a terra, a concretitude. Viver no ar é viver de sonhos.
Está certo.
- Deixe-me ir agora. Preciso estar na linha do horizonte antes do entardecer...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Para Nóia

Cansado, o guerreiro resolveu deitar. Logo levantou-se o dia. Não havia sequer uma poesia a cantar.

sábado, 28 de agosto de 2010

Conquista

Disseram que viriam trovões, mas caiu apenas uma chuva fina que coube na palma da minha mão. Logo se fez bonança. Como se algum deus tivesse soprado todo o nefando para longe. Posso ver a claridade do sol, o azul impermeável, o branco de candura que tanto procurava nos sonhos.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Política

Eu cansei dos ratos.
Dos velhos mascarados.
Dos invólucros.
Existem seres que não pensam.
Vaidades que não cabem em um só corpo.
Poder que estremece.

Parto agora para uma luta sã,
muito embora os gritos praguejem que o esforço será em vão.

Vã é a falsa felicidade.
Vã é a valsa dançada por um só individuo.
Eu quero ver a dança.
A música.
Quero ver plantas esverdearem uma colina.
Esperança.

A apatia estará na lembrança.
A partir de agora, bonança.
Para longe as tempestades.

Queria eu poder transcender o pensamento para a realidade.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Roçado

Despedacei sonhos pensando que fossem pétalas.
Hoje a terra está seca.
A água foge com medo de evaporar.
O sangue esquenta.
A esperança não tem do que se alimentar.

domingo, 22 de agosto de 2010

Palhaço



Hoje é um daqueles dias que me visto de alegria. O nariz vermelho me guia, enquanto um corredor branco se pinta de qualquer cor. Eu sinto sorrisos, vejo expectativas. O mundo gira, infância, pára e pira. Por algumas horas, sujeito indefinido. Poeta do riso. Criador de sintonia.

sábado, 21 de agosto de 2010

Caçador

Não, não sou louco. Eu vi uma estrela cair do céu. Agora irei buscá-la não importa aonde! Só não quero que minha noite deixe de brilhar nem por um instante.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Refúgio

Tem um caos lá fora da porta.
Há gente morta.
Vidas pífias.
Árvores tortas.
Nevoeiros intensos.
Aqui, em meu recanto, só uma parca luz, provinda de uma lucarna, me ilumina.
Eu não confio que seja solar.
Felizmente, é suficiente para ler o manuscrito escrito por mim mesmo.
Algo que prova que não sou louco.
Sou pouco, entretanto, nesse imenso mundo.

Elixir

Eu, velho.
Eu, sincero.
Eu, criança.
Não espero.
O trem não chega.
A vida não parte.
Os olhos ardem pela ebriedade do vento.
A luz solar está turva.
Milhões de neurônios e suas sinapses.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Desventurar

É, o frio passou.
Eu pude ver a cor da brisa.
Pela primeira e última vez.
Então, a partir daquele momento, tudo ficou cinza.
Como os filmes que não vi.
Há sintomas de silêncio.
Meu barco ainda está atracado no cais.

Salão

E ela não aceitou a dança. O salão imenso, preenchido por invólucros, apenas. Um ser macambúzio. Gotas de orvalho no mármore. E não chovia.
Disseram, no outro dia, que ouviram relâmpagos.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Elucubrações

Por que sonhar?
Não deveria permitir um vôo tão alto.
Ou talvez eu já esteja voando.
O que é realidade, enfim?

Só nhos

Não se vendem paixões nem lembranças.
Falou o mercador que há pouco passou.
Aqui só poeira do deserto, meu caro. Foi o que ele disse.
E eu, pobre desavisado, sinto que em aridez não nasce flor.
Martírio essa profissão de semeador de sonhos.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Espera e dança

Como a fênix, a esperança também renasce.
E pode ser vista em qualquer verde jardim.
Lá haverá pássaros.
Cantorias sem fim.
Água jorrando das fontes.
Um milhão de querubins.

Meteoro

Que estupendo fim.
O fim e o recomeço.
E o azul é o verde da esperança.
O máximo céu.
Nenhuma lembrança.
Meteoro eu sou.
Fulgurante.
Trovejante eu sou.
O raio que enraiza o chão infértil.


domingo, 15 de agosto de 2010

À inominada

Achei diamantes no céu. Logo naquela escuridão sem fim.
Quisera eu poder voar e trazer à terra apenas um.
Algo para figurar em seu peito, ô menina do lago, que aparece quando do som da flauta doce.
Conquistaria o espaço com apenas um sorriso seu.

sábado, 14 de agosto de 2010

Despedida

Derrota. Não quero mais tua companhia. Deixo cá os troféus de cobre. As quase-alegrias. Os véus de casamento das noivas em fuga. As espadas quebradas. As couraças maculadas pela flecha sempre certeira, não no meu coração, é claro.
Não posso mentir, sorrisos eu tive. Não bastaram, entretanto. Quero um pote inteiro. A sede é crescente. A vida, rasante. Eu preciso do amanhecer. Do sol. Do fogo. Do calor do logro.
Derrota, te abandono e não volto. Escute as palavras. Esta alma te fala pela última vez.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Espera

Parado no mármore frio, eu espero e as horas não passam.
E a angústia morre.
Há paz.
Um sossego não previsto.
Será premonição?
Será vitória?
Eu vim e almejo a glória.
Somente sairei daqui ostentando o amanhecer.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Vitória

Eu vim atrás do jubilo.
Da iluminação eterna.
Domarei o cometa.

Cruzarei a terra.
Calarei qualquer injustiça.

Sou o ser de armadura.
Guerreiro do universo.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Construção

Eu levei as gotas de chuva para chover no meu sertão. Árido de paixão e de esperança.
Quero que as carcaças desintegrem e virem adubo para o verde tímido.
A fruta mais doce, no final, será a minha.
Eu plantei a semente, diáfana menina.
E olho agora para onde teu olhar aponta.
Horizonte que desponta.
Imenso pôr-do-sol que incendeia o céu.
Douradas nuvens, banhem cá o meu viver.
Espero ver a felicidade aparecer.
Achando sorrisos perdidos dentro de um coração.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Bêbedo

Minha sina é morrer afogado na solidão,
tragando copos de tormento e negação.

Eu vejo almas.
Ecos do passado.
Realidades que mudam com apenas um toque.

Eu sou o boêmio ser que tem o futuro no presente.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O Humano

Entre anjos e demônios, eu sou o meio termo. Humano.
Não tenho asas e nem tridentes.
Carrego no peito lembranças contentes
e agruras que deixariam adocicado qualquer limão.

Eu sou, irremediavelmente, humano.
Dono de terras nunca antes visitadas.
O senhor do universo.

O sol se curva perante meu sinal.
E então vem a noite.
As estrelas são o orvalho do espaço.

Eu sou o que sonha.
O que abomina.
O próprio monstro imaginado.
Assassino frio, mal amado.
Pescador de ilusões.

Eu sou o que clama.
A alma que se apequena.
A intensa chama.
O olhar que envenena.

Mortal.
Efêmero.
A vela que apaga com o tempo.

domingo, 8 de agosto de 2010

Pai

Você, pai, é sinônimo de herói. Daqueles que usam armadura, escudo e espada e saem para combater todos os monstros na estrada.
Às vezes é bobo da corte com suas piadas.
Ou ator de cinema aqui de casa.
Você, pai, é aquele ser único.
Aquela presença que marca.
A confiança exata para o meu caminhar tranquilo.
Você é uma das minhas pilastras, pai.
Meu suporte. Parte imensa de minha vida.

sábado, 7 de agosto de 2010

Erebus

Lá se vão meus sonhos naquele barco.
Eu escolhi a terra.
A prostração e a névoa.
A água não tem mais reflexo.
Empoeiram-se memórias.
As glórias aqui neste pedaço de solo de nada servem.


sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Velhice

Desmedidas alegrias se foram.
Não mais voltaram.
Hoje sou o ser inerte, esperando a morte, que já é aparente.
Os anos dourados ficaram cinzas.
Como a lareira que não acende.
Nunca mais vi fumaça na chaminé.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Da noite

Ser sempiterno é uma maldição. A cidade está aos meus pés. As luzes acesas indicam os caminhos menos sombrios. Mas já passei por todos mesmo. De repente, a vida ficou monótona. Porque a humanidade nunca se renova. Passam os dias, tudo permanece o mesmo, apenas com algumas tecnologias para enganar o ego. Mas o meu ego não se engana tão fácil. Eu sou o mesmo coração de pedra de outrora.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Cria dor

Qual a minha sina?
Criar tudo que se abomina.
Criador de mente velha.
Ferrugem de espera.
Moedas sem nenhum valor.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Perturbador

Derrubei os metais no abismo.
Agora sou um ser nu para o mundo.
Não serei motivo de regozijo para ninguém.
Nem posso.
Nem quero.
Exterminar as máscaras, é o que espero.
Ainda sonho em sorrisos quebrando o mármore frio,
em estrelas cadentes realizando pedidos inocentes,
ou no simples raio solar.

A cada dia que passa, perco a humanidade.
Reencontro pedaços dela, às vezes.
Pálidos e temerosos.
Olhares aflitos.

Olho-me no espelho.
Não há reflexo.
Não há nexo nas realidades criadas pelo meu pensamento.

Selo!



Recebi esse selo do blog do Augusto Dias e queria agradecer bastante a escolha!
Sei que tal reconhecimento impulsiona, mas confere a mim maior responsabilidade pelo conteúdo aqui postado!
Espero poder continuar trazendo o mais puro sentimento.
Obrigado.
Preciso, outrossim, seguir algumas regras impostas a quem recebe o selo "Prêmio Muchas Gracias Al Blog Amigable":

1- Exibir o selo!
2 - Apontar o blog pelo qual recebeu o prêmio!
3 - Escolher uma quantidade de pessoas para agraciar com o selo! :)

Como os dois primeiros pontos eu já cumpri, preciso complementar o que falta. Portanto, resolvi escolher cinco blogs para indicação. São eles:


É isso, muito obrigado!

domingo, 1 de agosto de 2010

Brilho

Eu sou o raio.
Meu destino é a terra batida.
O impacto seco.

Eu sou o raio.
Brilho efêmero.
Céu ramificado.
Constelações ao meio.