sábado, 28 de dezembro de 2013

Carrega em teus ombros o mundo.
Abraça os teus sonhos,
Munida de um sorriso ou mais.
Infalível, caminha rumo ao infinito.
Lançando seu grito
Andando em busca da paz.

Onda

Desenhei o amanhã na parede branca.
É engraçado, ele não tem cor.
Só minha imaginação pode ver.
As horas não se definem.
Às vezes é o crepúsculo matutino,
às vezes o ocaso vespertino,
o descaso,
O silêncio.

Ontem pisei no campo das ilusões.
Senti o olor das flores.
Vi o dia passar junto com as nuvens carregadas pelo vento.

Quantas mudanças,
esperanças em vão.
esperanças se vão.
Como as ondas do mar.
Como o medo de amar.

No final das contas, por detrás de toda armadura há um coração.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Voltas

A ventania me mantém com vontade de caminhar.
Olho para o céu, 
temo apenas o sol,
o calor do amar.
Tantas estrelas e eu sem luz,
no palco,
na praça,
vibrando sem raça,
sem garra para continuar.
Renascer,
apagar e reescrever,
mesmo que em linhas tortas.
Mundo, por que tantas voltas?
Deixe que os meus pés trilhem o destino que o meu cenho apontar.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Abrigo

- Sabe, meu filho. Eu gosto da noite
- Por quê?
- Porque é quando eu durmo e esqueço que estou viva.

Com essas palavras ela terminou a conversa. Fiquei perdido em pensamentos. Como se a parte da terra em que piso se desgrudasse do solo e me levasse para longe. Engoli em seco e me pus na pele daquela senhora com olhos tão macambúzios e distantes. Não consegui, entretanto, decifrar pensamentos. Também não poderia, não possuo tal poder. Limitei-me a fazer um duelo com nossos silêncios.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Reconstrução

Ontem catei do lixo o passado, botei uma tela na parede, colei o que não estava quebrado. Pintei de qualquer cor. Não sei se da tonalidade do céu ou do amor. A vista turva, mas ao presente não se curva. Não deito os olhos, não obstante a modorra queira sentir o gosto da terra. Por horas eu tenho o coração em guerra, mas em momentos enfrento a calmaria de um mar sem ondas. Eu quero sair da ilha, construir a ponte para qualquer lugar. Reconstruir a minha casa no monte. Observar do alto a vida passar.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Remendo

Eu corri,
corri com o vento.
Deixei para trás o pensamento enevoado.
Os sonhos.
Livrei-me de mim mesmo.
Reconstruí-me de outras metades.
Hoje sou um ser de coração de pano,
remendado com diversos tipos de amor.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Essência

Se te dou uma flor,
guarde-a,
regue-a.
Não chore pela vida breve que ela carrega.
Porque nós também somos breves.
Num piscar, perdemos a infância.
Num esgar, a adolescência.
Na rotina, o resto de nossa essência.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Recriar

Há um abismo diante dos meus olhos. Não posso voar, porque desprovido de sonhos. Ando perdido na minha imaginação, errante no mundo que abocanha qualquer homem são. Eu sei que ainda tenho sangue pulsando em minhas veias, que ainda respiro e posso lutar, mas caminhar sozinho desgasta o solado dos pés e diminui o sorrir. Eu tenho de achar minhas esperanças. Soprar o pó da modorra. Reacreditar.

Opaco

Você definha desde que soltou o sol.
Deixou escapar tua luz,
o teu barco,
o teu farol.
Teus olhos não possuem o mesmo brilho.
Ao contrário, trazem a opacidade mais profunda.
Te estenderam a mão.
Tentaram te distanciar do lado escuro da lua.
Tu resolveste ficar.
Agora já há tanta neblina.
Os que caminham devem continuar.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Parfum

Tu viraste na esquina,
perdendo-se da minha vista.
Não acompanhei teus passos,
embora quisesse.

Hoje não sei do teu futuro.
Busco esquecer o passado,
sigo o meu caminho.

É bem verdade que às vezes desatino,
sonhando sonhos que não posso mais sonhar.
Abraçando perfumes que não são teus.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Ventania

Você beija a liberdade e salta para o mundo. Não quer amarras. Apenas busca o andar errante. Sem futuro, sem presente. Vivendo cada segundo. Derramando a vida com parcas paixões,
que não encherão seu coração, nem inebriarão sua alma.


domingo, 24 de novembro de 2013

O palhaço do circo sozinho

O palhaço anda sem rumo.
Seu circo tem lona furada.
Ele não quer pegar a estrada,
deixar o seu lugar.
Tem que construir,
tem que operar.
Fazer sorrir,
sumir com o chorar.
Há uma lenda que o palhaço assopra a tempestade.
Abraça o sol com vaidade,
mas se queima ao tentar.
Quantas vidas se perdem.
Quantos sorrisos se esvaem como a areia na ampulheta.
E ainda sim o palhaço dá pirueta,
canta, sem saber cantar.
É que tem mania de achar que seu nariz aponta o norte,
mesmo que o coração queira ficar.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Desassossego

Dos malogros aprendi que com a dor o ser humano teme o porvir. Receia abrir a porta, lançar o olhar para a luz que está lá fora. Caído, pensa em trevas, em tristezas. Perdido em desassossegos. A esperança se trancafia no lado escuro do pensamento. Morre um dia. Morre o ser. Para nascer de novo no amanhecer. Como fênix.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Mar

Mar.
Amansa a terra com leves ondas.
Regenera a alma.
Ilha a modorra.
Amanhece sentimentos.
Noites, só com lua cheia.
Alumiando o bom viver.

domingo, 17 de novembro de 2013

Dos pensamentos

Eu ando desenxabido.
Toda esquina é uma esperança, menina.
Não há motivos para parar a dança.
Já cheguei na idade de saber que posso construir outros caminhos.
Não obliterar é uma opção.
Não sou cinzas para ser jogado ao vento.

Becos

Talvez os poetas anônimos continuem escrevendo nos muros dos becos. Só quem se perder poderá encontrar as palavras da vida. E talvez, parte do sentido dela.

Da vaidade e seus pormenores

Encham o meu ego.
Eu sou vaidade.
Posso ser balão,
posso ser maldade.

Na estrada, derrubo os que não prezo.
E os que prezo, deixo vivos por conveniência.

Ontem matei uma virtude.
Derrubei um homem são.
Ceguei um ser carregado de paixão.

E assim me faço,
enterrando passados que não são meus,
esbravejando a cultura do desconexo,
para eu poder imperar no meu reino dos fariseus.

O balanço

Eu fico no meu balanço,
enquanto o mundo vai para frente e para trás.
Me despreocupo se vem torrente ou um sol de beleza tenaz.
Ah, bela infância!
Não entendo porque me deixou.
Do meu lado restou a imaginação,
ainda que viva nesse mundo de responsabilidades.
Por isso, tenha a hombridade de pelo menos visitar meus sonhos.

sábado, 16 de novembro de 2013

Catavento

Você é como o vento.
Em momentos, inexiste,
distancia-se dos meus cataventos.

Não se guia pelo meu farol,
ao contrário,
volta-se para os mares revoltos.
Some com a névoa.

Eu não içarei as velas.
Não busco mais aventuras.
Sou da calma.
Quero paz.


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Mendigar

Cadê a moça bonita que ilumina a noite?
Sem ela, as estrelas esmaecem.
O tempo empobrece.
E eu fico aqui mendigando um sorrir.

domingo, 10 de novembro de 2013

Left behind

Eu sei, meu bem. O futuro não é meu, nem de ninguém. Eu peguei as chaves do carro. Talvez para o norte. Tentar a sorte no porvir. É muita estrada para vir. Cansei de contar as estrelas. São infinitas, minha vida não. Não posso viver por um senão, nem posso bailar sozinho a música da existência. Não posso ser um barco sem um cais.

domingo, 3 de novembro de 2013

Riso frouxo

Eu quero um sorriso frouxo para amanhecer os dias.
O céu eu limpo com um assopro.
Que caia a chuva em outros cantões.
De longe vejo o amor bailar com os furacões.
Falta a mim saber voar.
Porque de sonhar já basta.
Chega de abstratos, não enchem a mesa, nem matam a fome.
Quero achar a fonte de um novo viver.

Efêmero

O que traz aquele olhar, ninguém sabe. Sei que já viveu. Viu anos que não voltarão. É quase uma imensidão, um futuro para se vivenciar. Não o mesmo, claro. Porque os destinos não têm os caminhos iguais. Queira eu poder contar uma história. Preservar a memória. Palrar sobre os ancestrais. Manter a clarividência da janela da alma, até que a cortina feche e o público, insensato, esvazie o meu teatro da vida. 

sábado, 2 de novembro de 2013

All things must pass

Sinto que te perco a cada segundo passado. Devo permanecer são, mesmo entre a tempestade e o trovão. No terreno que plantei as mais variadas sementes, colhi rosas e desassossegos. Não entendo o sentimento que bate no meu peito. Se malogro ou se triunfo. Não levantei ainda nenhum troféu. Continuo, entretanto, esperando do céu o lírio que trará a minha calma e me fará deitar no campo sem maiores preocupações.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Peito

Eu abro meu peito. Você corre com o vento. Fico aqui parado, esperando o momento de acreditar novamente no intento. Muitas vezes me perco em pensamento. Emudecido pela vida, rezo para os deuses que ninguém reconhece. Não sei decorada nenhuma prece, mas clamo para que algum anjo venha buscar a minha dor. Retirar de mim a falta de amor. Não posso viver aqui com o peso nos ombros. Ignorar o presente. Quero a chave da masmorra. Pontes que me levem até o âmago teu. Um sonho bom, por favor.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Luz

Sou daqueles que busca olhar o horizonte. Sabendo que, para tanto, ali não haverá fim. Infinito, como o tempo, não obstante a finitude da vida, que suga do peito a juventude, o brio e as bravatas. Emudecemo-nos, até que a terra nos cale para sempre. Um convite indecente para virarmos semente que não irá brotar. Por isso não suporto o silêncio. É quase como um estorvo de ausência. É como a brisa errante nesse leva e trás.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Escuro

Ponho-me a sonhar.
Logo, eu começo a voar.
Acordo, abrolhos.
Continua escuro.
Lá fora da janela não existe novidade.
Só as parcas luzes da cidade.
E eu aqui beijando a solidão.
Amargurando o senão.
Obliterando juntamente com a esperança.
Meu pensamento começou uma dança,
mesmo sem música para tocar.

Âmago

Bem-vindo ao meu mundo.
Onde um segundo destrói um coração.
Onde uma oração não atinge o âmago da alma.

Hoje vi o sol nascer.
A madrugada alumiou.
Nem imagino quanta semente brotou em meu ser.

domingo, 27 de outubro de 2013

Fragmentos

Partiu.
Quebrou o céu.
O sol.
Logo, o nada.
Poeira.
Leva o vento.
Sopra o desalento.
Não desconstrói meu cais.

sábado, 26 de outubro de 2013

A simplicidade de uma flor



Eu queria me inspirar.
Pintar um quadro com o que eu consigo olhar.
O horizonte, o céu,
o espaço, o infinito.
Meu pensamento é um labirinto,
mas um bom sorriso faz eu me achar.

Olha a beleza da flor.
Olha! A beleza da flor.
Mesmo com espinhos,
ainda transmite o amor.

Eu perdi a ingenuidade da criança.
Entrei na vida conforme a dança,
mesmo sem saber dançar.
E, se perguntam onde anda a esperança,
a minha mão não alcança,
mas não deixo de acreditar.

Olha a beleza da flor.
Olha! A beleza da flor.
Mesmo com espinhos,
ainda faz brotar o amor.

Sei que não devo deixar de sonhar.
Um coração perdido ainda pode se apaixonar.
Por uns tempos fui rendido pela modorra.
Hoje eu quero que o mau sentimento morra
e eu reaprenda a caminhar.


*música: The Scene - Wim Mertens

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Será?

Não sonho mais.
Tudo o que toco se desfaz.
Desperdicei caminhos.
Perdi o tempo.
Como se o abstrato acompanhasse meu intento.
Como se eu não fosse nada mais.

Flor

Flor de ingênua beleza,
vem perfumar meus campos áridos.
Cansei de olhares pálidos
e de parcas paixões.
Quero o candor que teu sorriso pode trazer ao meu.
Porque o caminhar sozinho perde a graça.
É como sentar na praça e não pensar nos olhos teus.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Rise up


Eu pensei em me reconstruir.
Busquei as peças.
Observei a luz.
Tentei seguir a música.

O ouro que encontrei foi de tolo.
Desperdicei sorrisos.
Deixei cair da minha mão a areia da vida.

Eu sei que devo me levantar.
Voltar a sonhar.
Acreditar que o amanhã não precisa repetir o presente.

Sei também que meu coração ressente.
Busca abrigo.
Há chuva, tormenta, raios sem fim.

No horizonte espero o sol.
Na minha mente, um lugar seguro.

Quantas estrelas no céu.
Tratarei de pegar o cinzel.
E a retidão do esquadro.
Para ver se refaço o melhor de mim. 

Universo

Por trás dos olhos existe o meu  universo de dúvidas e de esperas. Enfraqueço-me ao olhar pela janela, aguardando a boa ventura do mundo. Não sei permanecer e sonhar. Tenho desejo de partir. Longe daqui talvez volte a acreditar no sentimento que pulsará em minhas veias.

Il silencio

Por que aposta no silêncio?
Perco-me em pensamentos.
Sou levado para longe daqui.
Quero caminhar por ti,
mas não sei ao certo.
Eu não desejo muros de concreto.
Busco pontes que me levem até a verdade.
Não deixemos o sonho morrer com a idade.

Troco uma flor por um sorriso.
Tenho um coração que precisa acreditar.






Pelo fio

Não sei se sonho ou se flutuo na realidade.
Por horas vejo o horizonte.
Em momento diverso, o solo, a terra seca.
Quando chove, deixo molhar o cenho.
Volto a acreditar.
Por pouco.
Sou quase louco.
Pelo fim.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Dez em canto

Perdeu-se no desencanto.
Vive só de pranto.
O seu mundo é submerso.
O sol distante.
A água não tratará de secar sozinha.
Onde estará a saída?
Uma passagem só de ida para qualquer lugar.

domingo, 20 de outubro de 2013

Conquista

Ela queria dançar pelos verdes campos. Sentir a liberdade perdida, conforme a música. E lá esqueceu da rotina, da vida que desatina e desfia a cada segundo passado. Deixou para trás a tristeza, encontrou a firmeza e olhando para cima, resolveu voar. Virou garça. Vibrou com raça. Tinha o céu para conquistar.

sábado, 19 de outubro de 2013

Mundo

Eu sigo longe do romantismo desenfreado.
Há tempo não tenho o coração apaixonado
e cantando amor febril.
Pelo contrário,
tenho achado o amor um sentimento vil.
Desacreditado, escrevo sem destino, solto palavras ao vento.
Não sei em que momento lerão os meus pensamentos,
para me resgatar da modorra e do abismo profundo.
Eu bem queria ver o lado clarividente do mundo,
mas da lucarna eu só vejo parca luz solar.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Dreamland

Terei a minha redenção? Ou continuarei cavando as sementes que não germinaram? O solo está vergastado. O céu não traz a chuva esperada. Como poderei seguir o coração se não possuo mais esperança? Quem dera viesse a bonança. Teria sossego. Dormiria em paz.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Trem

Esperar o trem chegar.
Encontrar outro lugar.
Chega de esperar o porvir.

Pássaro

Os pássaros voltaram a cantar, ele disse. Sem reservas, o choro veio. Sem brumas, sem tempestades, sem corações partidos. Uma realidade sonhada ou vivida? Que o abstrato não permeie mais os pensamentos. Já é chegada a hora de realizar.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Sorrir

Um sorrir.
Sou capaz.
Um sorrir.
Logo, tudo mais.
Hoje até lua me despende um sorriso.
Hoje até a rua me tira de dentro de mim.
Quero somente a chuva para lavar esta alma suja.
Novos ventos irão me levar para o turbilhão onde o coração bate sem reservas,
sem silêncios.

Espera

Espero cantar como o pássaro do canto mais belo.
Singelo, porém salutar.
Prescindir do pedir, amar por amar.
Escapar da noite,
Raiar com o sol.
Andar sem medo.
Não quero quadros monocromáticos.
Coração pulsante eu almejo.
A cada passo sonhar e suspirar.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Ando

Eu ando só porque não sei se o amor é meu.
Há tempos fico perdido no limiar da loucura e da sanidade.
Pouco importa o sol, as nuvens, o coração que bate.
Perdido.
Eu vejo névoas por todos os lados.
Em mim, uma selva impenetrável.
Não aguento mais o silêncio e a pouca esperança no porvir.
Encherei um balão, voarei daqui.
Talvez ver a terra de longe me dê sede de querer pousar.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Voe

Pegue minha mão. Logo ali está o horizonte. Tenho medo do abismo, do cinismo humano. Não posso ir só. Sem você não poderei voar.

Fix

Fecho os olhos.
Quero a infância.
O passado que deixei escapar.
Estava na minha mão,
mas quis voar.
Poderei sonhar?
Ou viverei empedernido.
Morrendo, sofrido, até por completo me amargurar.

domingo, 6 de outubro de 2013

Loucura

Enervo-me com as parcas paixões.
Quando penso que achei meu futuro,
percebo que o caminho não é seguro,
paro por ali.
Eu queria ter sentimentos,
sair da modorra.
Meu barco, entretanto, não encontra o farol.
Devo estar longe da terra,
perto sim estou da guerra,
da tempestade que habita o ser.
A minha alma é rasgada, vergastada.
São poucos os anos de estrada,
mas dentro de mim moram milênios.

Há um tempo eu sentei na ponta do abismo.
Buscava o pôr-do-sol.
Tudo o que encontro é noite.
Raras estrelas.

Esperança ainda guardo,
pois ainda sinto o pulsar nas minhas veias.
E se vivo estou,
é porque tenho que aprender.
Por amor ou sem amor.

Ontem plantei uma semente.
Não sei se dela terei flor ou fruto,
nem tampouco sei se candor ou luto,
mas a regarei, como rego o meu viver.

Que caia a chuva sem fim.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Devagar

A vida e seus meandros. Teimamos em aceitar o desvanecer, enquanto a luz oblitera. Ontem mesmo fechei uma janela. Quando abrirei a porta? Quando colherei os frutos da horta, para deixar de me alimentar do silêncio que corta o peito? Onde está a água para desempedernir o coração? Tantas perguntas levadas pelo vento. Tantas reticências que não explicam o turbilhão.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Rest meines ichs

Eu parto corações e sento na mesa para jantar. Como se o futuro não fosse existir. Como se o vórtice temporal fosse me levar daqui. Ontem queimei as fotos do passado. Perdi a identidade, o meu rosto. Joguei tudo no espaço. Não há estrela, nem brilho. Não há delírio. Só restos de mim.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Dissonante

Medo.
Tenho medo.
Medo do futuro, da esquina, da rotina que se revela ao nascer do sol.
Desconstruíram-me.
Jogado no átrio, no fogo, na vida.
Há tempos a minha música desafina.
Quebrei todas as cordas do meu violão.
Sentir amor ou paixão quiçá somente em sonho.
Que a chuva me leve a modorra de tentar.
Que a chuva me lave a alma corroída pelo pesar.

Amanhã alcançarei a plenitude ou morrerei procurando a virtude, enterrado em vícios que me fazer sufocar.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Ventania II

Eu, que despejo amenidades no papel, deixei de observar a beleza das estrelas. Sinto-me condenado. Não me encho de suspiros no pôr-do-sol, nem me apaixono ao ver a lua tão cheia de vida. Será que meu coração não pulsará mais? Morrerei amargurado, preso em mim mesmo, sem escrever nova poesia que encontre o destino. As letras têm voado com o vento. Logo serei eu.

Trovão

Virei a página.
O abismo não traz medo.
Voarei atrás da minha obsessão.
Conquistarei o céu, a terra, o trovão.
Deus de mim mesmo.
Em minha mão, carrego agora o meu coração.

Blind Guardian

Longe, muito longe.
Não há campo de batalha.
Aqui as cinzas são só cinzas.
As guerras já foram vencidas.
Os tronos, preenchidos.
Meu nome, amaldiçoado.
Há tempos a noite caiu de modo sempiterno.
A cada passo, a floresta fecha,
o silêncio consome a vida
e o ser se despedaça até se descaracterizar.

domingo, 22 de setembro de 2013

Devagar

Eu preciso de um trago de amor. As ondas vêm e vão. Menos o meu coração, que tem ficado nos becos esperando as horas que não chegam. Às vezes pede esmola como um coitado, outras horas inexiste. Será que ainda pulsará firme? Somente na escuridão podemos ver melhor as estrelas.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Poeta

Perde-se o poeta no improviso. 
Suas trovas viraram trevas. 
Seu sonho virou névoa. 
E o coração se encrusta, 
amaldiçoando cada sorriso. 
Não está certo. 
O relógio parou no passado. 
A vida parou. 
O tempo, entretanto, não cessou. 
Há longa estrada que precisa ser caminhada. 
Sabores, olores, dores novas, amores, canduras. 
Ontem comeu um prato cheio de desilusão. 
Amanhã poderá ser uma nuvem do céu.

Perguntas

Estamos sentados, eu e o silêncio. A brisa bate em meu cenho e passa. Leva o pouco que resta de mim. Desmancharei como um castelo de areia. Logo virá a onda, a curva, o abismo. Se eu não tiver asas, ainda sim poderei voar?

domingo, 15 de setembro de 2013

Tormenta

Como o inferno, meu coração queima, mas não de amor. Chamas, aparem as arestas da alma. Chega de perder a calma em parcas paixões. Se chover, que chova a chuva inteira. Para lavar o meu tormento para o esgoto.  

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Uni

Eu. Tão pequeno, tão ameno, tão distante. Se comparado ao universo, nunca serei gigante, nem poderei gerar planetas do meu próprio caos. Mas qual graça teria? Fugir pela porta da desarmonia, quando tenho a vida aqui em meu quintal.

Devagar são

Vento.
Levou minha alma.
Distancio-me da realidade.
Piso em mares.
Como nuvens de algodão.
Abstrato.
O mundo não tem razão.

domingo, 1 de setembro de 2013

Hurt

Lá está ele sentando no seu trono de espinhos. Com a mão em seu queixo, observa o ambiente. Os ratos passam pelas mesas, a sujeira se acumula. Seu império está arruinado. Sua fortaleza desfraldada. Sozinho. Sim, todos partiram. Partiram, inclusive, seu coração. É um homem quebrado. Um homem sem objetivo. De nada vale sua coroa. De nada vale sua honra. Sua espada não lutara outras guerras. Terá que esperar somente o tempo passar. Para completar sua infelicidade, o ocaso não é complacente com sofrimento.

Chão

O corpo caiu no chão.
Na mente, o esquecimento.
O vazio.
Quantos delírios haviam se perdido.
Quantos sonhos silenciados.
Olhos marejados que perderiam o horizonte no segundo seguinte.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Caminhada

Chega de passos retos.
Que venham as curvas, os novos horizontes.
Pular a morte do meu ser.
Esquecer o féretro que mora no meu peito.
Se eu ficar observando o vazio dos quartos,
o silêncio das cantorias,
encontrarei o ocaso.
O coração não pode se embrutecer.
Amanhã abrirei a porta para o sol nascer.

Confuso

Criei o fogo.
Surgiu o vento.
Caiu a água.
A terra.
O tormento.
O tempo passa pelos meus olhos.
As trombetas tocam sempre para me retirar dos sonhos.
Quero um sol.
Sou vazio.
Enregelo em meus pensamentos.

domingo, 25 de agosto de 2013

Correnteza

A correnteza não deixou eu ficar.
Por mais que eu quisesse o passado.
Por mais que as lembranças me remetessem ao outrora,
eu não pude.
Ainda olho para o céu e vejo a nuvem plúmbea que teima em relampejar.
Os dias irão passar.
Virão outros fatos.
Vislumbrarei novos caminhos.
A cachoeira virá não sei quando.
Por azar não sei voar.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Rest meines ichs

Escrevo sobre mim mesmo porque me enxergo. Mesmo no silêncio externo, meu coração bate. Às vezes lamento, às vezes sinfonia. Escrevo sobre mim porque tenho pena dos meus pensamentos. Escrevo porque tenho medo. Porque por dentro eu choro, mesmo sorrindo. Escrevo sobre mim para me forçar a acreditar. Para eu mostrar a mim mesmo as palavras que eu teimo em querer esquecer. Em meu âmago, corroo como ácido, renasço como fênix, grito como um animal prestes a enfrentar o ocaso.

Branco

Os dias passam em branco.
Há tempos a caneta não escreve.
O papel permanece imaculado.
Desonra.
O escritor deve escrever.
O escritor deve pensar e sofrer.
As palavras matam.
Três, inclusive, estão encravadas em meu peito.
O sangue escarlate escorre.
A lágrima se derrama,
cai na grama.
Não crescerá nada ali.
A terra é infértil.
Espalhei sementes que não brotarão.
Por favor, cantem uma canção para eu me inspirar.
Todas as horas ouço o som do vento.
Paro, penso, busco decifrar.
Nada surge.
O silêncio sempre chega para me derrubar.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

'sperança

Fingir que é normal. Aceitar a rotina. Esquecer o sentimento. Não deixarei a avalanche enterrar as lembranças. O calor do coração pode derreter o gelo. Pode manter a fogueira acesa.

domingo, 11 de agosto de 2013

Dúvidas

Tristeza.
Perdi a conta dos suspiros.
Envolto em delírios.
Ouço cantos.
Perco a razão na medida que as horas passam.
Enlouquecerei?
Ou a insanidade do mundo já se apoderou do meu coração?

Thorn

Eu passarei a cerca de espinhos.
Continuarei meu caminho,
mesmo que os tambores ousem tocar.
A tristeza tem tentado me abalar.
Acreditar.
Porque a chama permanece acesa.
Meus olhos ainda brilham.
Eu posso lutar.


sábado, 10 de agosto de 2013

Perda

Perda. Eu pensei que era forte. Não sou. Provavelmente nunca serei. Não sou inquebrantável. Não tenho super-poderes. Eu sinto dor. Sou falível. Eu sangro. Tenho um enorme vazio no peito.

Tutuxo

Hoje sonhei contigo, meu nobre amigo. Estava confortável, pronto para dormir, enquanto eu admirava a sua pequena beleza. Acordei com a sensação de que você retornara. Ledo engano. A sua gaiola estava vazia, assim como meu coração. Eu não quero dizer adeus. Espero por um até logo ou por um assobio perdido daqueles que lhe ensinei. Eu vou lhe buscar onde você estiver. Não posso ficar sem meu escudeiro de olhos tão sinceros e vivos. Não posso amanhecer sem teu estribilho. Não sei como continuar.  

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Vazio

Os dias passaram.
Continuo a só ouvir o barulho do vento.
Sombras.
Estou caçando sombras.
Veja meu coração que sangra em minha mão.
Veja meu tormento que pulsa.
Sou o vazio.
Visto a carapuça.
Não sei se quero ficar.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Tuxão

As coisas perderam a cor.
Há silêncio.
Coração vazio.
Não ouço seu estribilho.
Se eu pudesse voltar no tempo.
Se eu pudesse.
Ah, se eu pudesse...
Não estaria cantando aqui sozinho para o vento.

Pituxo

Estou sozinho. Há uma luz fraca na sala. Silêncio. Meu peito dói. Meu coração rói meu sentimento. Desiludo a cada hora passada. Não sei se voltarei a pegar a estrada. Por mim, ficaria aqui olhando para o céu, esperando você voltar.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Tuxo

Você resolveu voar. 
Conhecer outros cantões.
Em mim deixou a tristeza. 
Fiquei preso em furacões. 
Queria lhe ver, 
falar contigo, meu nobre amigo. 
Cantar outra música sem nexo. 
Olhar para seus olhos pequenos, tão vivos. 
Não sei que mundos busca conquistar, 
mas aqui no meu mundo está a fazer falta. 
Tenho um buraco na alma. 
Uma caverna agora inabitável. 
Um coração que bate sem rumo. 
Um vazio incomensurável.
Um silêncio vadio.
Um silêncio que corta o meu coração.


segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Arte

Condenou-se, mesmo estando morto pelo passado.
Com seus olhos secos, viu o mundo escurecer.
Quebrou a aquarela.
Derramou as tintas.
Arremessou os pinceis.
Amargurou-se.
A arte não lhe gerava apreço.
Viraria rocha.
Terra.
Esquecimento.

domingo, 4 de agosto de 2013

Stela

Chorou, sorriu, viveu. Queria morrer. Inexistir. Invisibilidade poderia lhe convir. Condenava o mundo, querendo-o mudo. Provavelmente para deixar sua voz ecoar músicas tristes. O passado fora claro como uma estrela no ápice da escuridão. O presente era agora um vão. Um coração vazio de esperanças.

Vi e não acreditei

Vi-me em um sonho.
Irreal?
Vagueio, desejando acreditar no concreto.
Inexiste a possibilidade do amor?
Não. Assim como o ar, não vivo sem amar, sem desejar eternas poesias.

Quê

O que me trará o tempo?
Por enquanto, só espera.
Fico à janela, aguardando as horas passarem.
Vejo a forma das nuvens, observo a lua querendo sorrir.
A bonança deve estar por vir.
Pegarei uma cadeira para admirar todo o infinito.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

terça-feira, 30 de julho de 2013

Sonhador

Espero uma palavra tua, para que meu sonho tenha estrelas. Vejo de longe o seu doce caminhar, o seu cenho rosado. Talvez você não saiba que a olho tanto, menina. Sou admirador de singularidades. De belezas que eu gostaria de alcançar.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Nome

Nome.
Carrego.
Não me carrego.
Não devo carregar o passado.
O passado é um precipício.
E não sei voar.

Hell

Lembre de mim.
Amanhã não serei mais o passado.
Nem tampouco o frio presente enlatado.
Chega de amenidades na vida.
Não quero mais só o fogo que aquece.
Quero a chama que devasta,
que evapora a água,
que torna pó.

Que venham as labaredas.
Que queime o mundo.
Só assim meu coração acenderá de novo.

Estações

Joguei as cartas pela janela.
Deixa o vento levar.
Deixa as folhas caírem.
O outono não é tão ruim.
Reconstrução.
Galhos secos.
Vida contida.
Chegará o inverno.
Não tenho medo.
Depois da neve, do frio, da solidão, chega a primavera.
Flores no jardim.

domingo, 28 de julho de 2013

Relato

Já entreguei meu coração para ti. Não soube cuidar. Maltratou até que ele pensasse novamente em desamor. De novo voltei para as sombras. As sombras de mim mesmo.

O caso

Caiu o último guerreiro. Enquanto a tropa inimiga avança, ele vê a vida se esvair. Os sentidos dão lugar à dormência. Os sonhos aos pesadelos. O céu não parece belo. Nem que ele quisesse, nada teria a cor desejada. Tudo viraria preto. Sombras. Escuridão. Ocaso. A terra é a cama dos que perderam para o infinito.

Mundos

Voei para o universo. Perdi-me na galáxia do esquecimento. Como castigo, vagarei de estrela em estrela buscando o brilho que eu sei que nunca irei encontrar.

Sonhar acordado

Sentenciado pelo silêncio, passava noites em claro. Na verdade, não sabia se estava dormindo ou se estava acordado. O fato é que abria e fechava os olhos. Sensação de cansaço. Acabava sempre se questionando em pensamento. Pensando se deveria seguir ou aceitar a prostração. Afundar na cama. Fazer dela um caixão. 
Sempre chovia lá fora da janela. A cidade das sombras e das névoas. Quantos sonhos empoeirados dormiam debaixo dos tapetes. Quantas tristezas caminhavam espalhando o peso da solidão. Os cupidos em bares, afogados em desilusão.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Reviva

O espírito não morreu.
A voz ainda quer gritar.
O coração causticado pulsa.
O peito aberto.
Só a mente que teima se afogando em negações.


terça-feira, 23 de julho de 2013

Batalha

Avante. Porque o medo está presente até no guerreiro mais forte. Não obstante tenha coragem de apontar o norte, treme por não saber qual será o seu destino. Mesmo assim segue. Porque o futuro não brilhará sem histórias de glórias para contar.

Medo

Medo, tenho medo.
De seguir em frente.
De perder o sossego.
Medo, tenho medo.
De passar da porta.
De não poder voar.
De não poder sonhar.
De não vencer meu próprio eu.

domingo, 21 de julho de 2013

Bravo

Eu menti. Acredito na luz, embora saiba que existam sombras. Acredito no amor, mesmo que até agora só tenha visto ele de forma plena nos contos de fadas. Não perdi o meu brilho. Não perdi a minha força. Amanhã será um dia novo. O sol será meu aliado. Terei a bravura de um exército e um único coração disposto a pulsar desvairadamente. Porque a loucura faz parte da vida. E só se pode dizer que viveu se amou, se sofreu. Se lutou e morreu, mas não silenciou.

Extravio

Sim, amor. Escrevi para ti. Haviam dito para mim que o sentimento não tem razão. E de fato não retornou. Olho diariamente a caixa de correios. Espero respostas ou mesmo um extravio. Acho mesmo que errei de coração.

Partida

O tempo está acabando para nós dois. A porta está aberta. A casa deserta. O meu mundo se foi. Se um dia eu cheguei a acreditar no amor, penso que me enganei. Talvez ele seja somente dor disfarçada de um sentimento bom. Quiçá seja sinônimo de ilusão.

Dito

Eu não acredito no amor. Dia após dia eu vejo muros quebrarem. Vejo palhetas sem nenhuma cor. O mundo está sucumbindo. A sombras mais presentes que a luz. Logo veremos o humano ser tragado pela escuridão.

sábado, 20 de julho de 2013

Montanha

Aos que buscam calmaria, não aconselho subir a montanha onde moram os corações. Lá o frio congela e nos alimentamos de ilusões.

Ilusão

Escuro. Frio. Será o fim? Onde está a luz? Onde estão os vaga-lumes que segui? O fogo da esperança apagou. A chuva ácida veio, derretendo todas as minhas pretensões.

Sentir

Sente? É meu coração. Entreguei para ti, de peito aberto. Recebi negação. Outra porta se fechou. Outra vez solidão. Está escuro. Inseguro. Prostração.

Tempestade

Invoco a tempestade.
Que varram todos os cantões.
Que se vençam as paixões e enterrem nas mais funda tumba os vícios.
Masmorra!
Masmorra!
Que a dor se encarcere.
Que os sábios venerem a paz.
A paz verdadeira.
A paz que apraz.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Por um fio.

A onda veio.
Lavou o peito.
O mar secou.
A terra rachou.
A boca não teve o que mastigar.
Morte.
Morte.
Morte em todo lugar.

O Poeta e a espera

Pode o poeta ter esperança?
Ou deverão ser sempre todas vãs?
O poeta é sofredor.
Sofre tão completamente, que acredita ser dor, a felicidade que deveras sente.
Se mente para si ou se corrói desnecessariamente a alma,
não se sabe.
O que se nota é o tom de morte a cada ponto final.
O poeta espera a sorte,
mas a sorte nunca vem para quem a espera.

Resgate?

Inabalável o sentimento que brota quando se vê o seu sorrir.
A realidade parece querer me trazer de volta.
Resgate?
Abro os braços como Ícaro, voo como pássaro.

Quero não cair.
Um voo pleno é o que necessito.
Espero que as asas de cera virem asas verdadeiras.
Rasgarei, assim, o céu.
O infinito será o meu limite.

Louco?
Hoje pode ser que sim
E amanhã, ainda serei?

Eu cansei do formalismo.
No normal eu não me admiro mais.
Transcender.
Escapar da rotina.
Navegar para um horizonte distante.
Dançar contigo, menina.
Existem tantas músicas, tantas esquinas.
Raios de sol de variados calores.

M

Mistério.
Insistir ou partir?
Sentar ou lutar?
Travar a batalha.
Escolher destinos não me apraz.
Rio segue, eu também seguirei.
Inda que incompleto.
O tostão depois do arco-íris será meu?

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Calo?

Insisto?
Amainou o vento.
Remar para o horizonte ainda é o objetivo?
As palavras quando se calam continuam a saracotear no pensamento.

Amanheceu

Será que amanheceu?
Eu posso ver pela janela um novo dia.
Respirar profundamente, como antes não faria.
Esquecer o passado.
Inspirar-me no presente que me lava os olhos.
Acreditar, por que não?

Iara, a lenda.

Iara, linda sereia.
A tua boca canta suave melodia.
Resistir ao teu encanto é um desafio.
Antes, quantos homens sucumbiram.

Bem, se dizem que tu és lenda,
Eu, por outro lado, acredito que vive em uma realidade concreta.
Cantando, amando, vivendo.
Com coração de menina, sincero.
O medo não existe para aqueles que buscam um dia de fato te encontrar.

Allegro

Alegra meus dias.
Enche meu peito de esperança.
Quero que venha logo a bonança.
Chega de tempestade.
De raios e trovões.
Busco um céu limpo.
Almejo o espaço.
A estrela que irá trazer o calor que tem faltado no meu coração.

Onde está você?

Onde está você, que iluminará minha sina?
Meu sol, minha lua, minha menina.
Ando nas ruas procurando sombras.
Viro as esquinas e vejo apenas o vão vazio.

Toda manhã eu acordo como se fosse de um pesadelo.
Paro, respiro.
Volto a sonhar.
Um dia eu irei lhe encontrar.
A vida não será de névoas,
mas sim de nuvens do algodão mais doce.

Onde está você?
Preciso sorrir para viver.
Preciso me apaixonar.
Meu coração tem buscado o amor.
Solidão enlouquece o homem e o faz obliterar.

Ina

A sinfonia da cidade desafina.
Um coração morre na esquina.
Outro desatina.
Em pensamentos, muitos reclamam da rotina,
mas aceitam calados e encaram como sina.
Será a vida tão cruel menina?
Acredito que não. Só não achamos o mapa da mina.
Morreremos, entretanto, sem ter algo que nos defina.
Ser humano. Um ser tão complexo, tão desconexo, que só de pensar em pensar amofina.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Apraz

Insípido não mais.
A boca agora carrega um gosto de esperança, de bonança.
Reis não teriam a coragem que neste momento enche meu peito.
Amanhã estarei melhor do que ontem.
Batalhas travarei.
E qual guerreiro não as trava?
Conseguir a vitória depende da luta.
Conseguir a vitória é obra da labuta.
O amanhecer revelará o lutador implacável que sou, guiado pela luz de um sorriso que me apraz.

Obliterar

Pessoas passam.
Restabelecem sorrisos.
Plantam sementes em nossos jardins.
Esperam conosco o germinamento, os primeiros frutos.
Até apontam a luz.
Se não tivermos cuidado, chega o outono.
Depois o inverno.
A névoa.
O esquecimento.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Bem e mal

Ele abriu os olhos. Estava deitado no chão frio. O céu era branco. Tudo era branco. Menos o seu coração. Este era escuro como qualquer falta de pretensão. O seu olhar não carregava esperança. Ficaria hirto por toda a eternidade se preciso. O amor o desiludira. O dilacerara. Invólucro oco. Há um tempo também perdera a razão.

Busca


Naufraguei.
O barco na terra.
A cabeça na guerra.
O sol castiga.
O coração se parte.
Amanhã se reconstrói.
Hoje será o último dia que me dói.
Já vi no meu jardim que aquela semente começou a germinar.

Esperança

Esperança.
Nem sempre o dia é bonança.
O sol às vezes não ilumina.
A alma, como música, também desafina.
Esperança.
A lucarna amanhã poderá ser porta.
E da porta, um novo caminho.
Uma busca pelo apogeu.

domingo, 14 de julho de 2013

Escuridão

Há muito não me perco em meu pensamento. Não vou longe, nem voo longe. A rotina escruciante poderia ser a justificativa, mas estaria sendo hipócrita. Apesar de tudo eu tenho tempo. Queria gravar um pôr-do-sol ou mesmo olhar para o céu, imaginando o que as nuvens estão mostrando para mim. Não consigo. Estou ficando sério, taciturno. O coração que carrego é baleado, despido de vários sonhos. Onde se acha uma vacina para curar uma alma e fazê-la escapar da escuridão?

MUNDO

Ele queria o mundo, o universo. Mas era só uma partícula ínfima. Olhando para o céu estrelado, sentia-se diminuto. Poderia alçar um voo maior no dia seguinte? Ou cairia como Ícaro? Tolo. Perdido em indecisões, emudeceria. Calaria seus sonhos.

Eco

Eu grito e não volta nem o eco.
Como é que sossego sabendo que o ocaso está tão perto?
Havia luz.
Havia vida.
Era possível sentir a ventania.
Refrescar-se com a água.
Hoje o chão é rachado.
O ar é seco.
E não há mais nanquim no tinteiro.
Papéis em branco.
Sonhos obliterando.
Desilusões.

Velho

E esse cara só escreve amargura? De onde tira tanta tristeza? Existe um poço? Ou mora tudo dentro da cabeça desse moço? Que de jovem só tem a face. A alma é enrugada. O pensamento encrustado. As pretensões obnubiladas.

Tronitua

Precisa-se de um sorriso.
Uma leve brisa pela manhã.
Um café quente preparado com amor.
Um céu carregado de clarividente anil.
Porque o humano não vive só de imensa dor.
Tempestades passam, carregadas pelo vento.
O tormento vem, mas não nos afunda para debaixo da terra.
Isso se chama morte.
E enquanto se respira, ainda é vida.
Mesmo que bandida, mesmo que cruel.
Se abrolhos é porque posso lutar.
Os trovões não gritos de deus.
São gritos meus, para que o meu eu possa acordar.

Astro

Vivo de lampejos.
Sou o fragmento do que já fui.
Os restos de mim estão perdidos no espaço.
Vagando sem rumo.
Quero eu que não se percam no buraco negro.
Amanhã visitarei outro planeta.
Porque o meu mundo está em ebulição.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Errante

A estrela que me guiava eu perdi quando o céu resolveu chover.
Há vários dias procuro o sol, o calor.
Em vão.
Sobra o frio, a névoa, o trovão.
Caminhando sem rumo.
Morando com a solidão.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Não sei

O pássaro cantou.
A estrela passou como cometa.
Não sei quem gritou,
não sei quem ficou.
As pedras continuam caindo das encostas.
Às vezes a chuva vem para lavar o peito,
que sujo de sangue e lama revela um coração.
Se bate não sei.
Se sonha não sei.
Inconstâncias.
Incertezas.
Um mar de poréns.

Sentado em minha cadeira de balanço eu vejo o mundo parado. Eu vejo o tempo passando lento. Eu vejo o tormento. O sentimento agonizando no asfalto. O sol castiga. O ar é rarefeito. Quiçá o universo seja o melhor berço. Na verdade, desconheço. Perdi o norte. Escravo estou, ora da sorte, ora da morte. Plúmbeas pretensões.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Errante

Eu, a areia que escapa da mão.
O fogo que cresta qualquer pretensão.

Eu, a própria obliteração.
A ampulheta quase preenchida.

Quem foi que deu corda nesta vida bandida?
Os ponteiros não param, os becos não têm saída.

Sobrevive-se pulando o muro.
Dando saltos no escuro.
Crendo em sombras que nunca poderemos comprovar.

Eu não sei se poderei amar
Nem sei se durarei o próximo segundo.
Malgrado porque meu coração hoje é vagabundo,
embora tenha cansado de receber esmola ou comida fria de ontem.

Sim, o céu é azul.
Mas e os que carregam o pretume?
E os que navegam sem bússola?
Serão todos engolidos pelo vórtice atemporal?

Buracos negros tenho na alma.
Não venha me pedir calma.
Nem falar que ainda tenho um vão a percorrer.

Eu quero mais esquinas.
Chega de música que desafina.
Chega de pensar em sofrer.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Troveja

Falhei.
Vencido, mais uma vez, pelo acaso.
O coro triunfante passou, assim como o sol.
Chove.
Troveja.
E as ideias fogem para o esgoto.
Não entrarei na lama.
Ficarei apenas aqui olhando para o céu.
Quem sabe um dia um raio solar queira voltar a me iluminar.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Universo

Rir é preciso. Navegar não. Não sei me guiar pelas estrelas. Fico somente observando o céu, embasbacado. Astronauta, o universo nunca será seu.

domingo, 30 de junho de 2013

Alimento

Do que realmente se alimenta a alma? A minha é encontrada nos becos mais escuros, revirando latas de lixo, enchendo-se de restos de sentimentos. Não sei em que momento a perdi. Pior, não sei quando a irei recuperar. Como se tivesse sido dividido. Ora tão próximo, ora tão distante quanto a próxima galáxia que nenhum foguete conseguiu alcançar. 
Eu queria ser astronauta. Conhecer as estrelas, pousar em planetas. Vire e mexe o sonho passa. Volto para a terra. Sinto o gosto da lama. O horizonte parece querer se afastar.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Incompletudes

Incompletudes completam o ser humano.
O definem.
A curva.
A reta que não tem fim.
A vida que segue despejando sementes no jardim.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Ao fim

Ele perdera a vida. Tão novo, mas cheio de obrigações do mundo adulto. Quiça tivesse deixado passar a infância para ajudar a família a sobreviver. Para, quem sabe, ter uma razão de viver. Parecia mais calejado. Responsabilidades derrubam aparências, pretensões, sonhos. Infelizmente não pode viver o que talvez almejara. Silenciado pelo tempo. As estações passarão. Outra página do dia a dia se fecha.

domingo, 2 de junho de 2013

Continuar

Sem dor não há piedade.
Sem dó não há música.
Não há continuidade.
Porque o caminho ainda está na minha frente.
E eu não tenho motivos para desistir.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Quebra

Respirou fundo. Voou do mundo que condenara. Passaria um tempo no espaço. Morando, quem sabe, em uma estrela próxima do ocaso. Para se perder em um buraco negro, juntamente com suas parcas pretensões.

Vôo

Olhos calejados.
Boca seca.
Coração dormente.
Assim sigo, renitente.
Porque o futuro me espera.
Passarei por portas e janelas para chegar onde eu deva ir.
Não me importo com o desamor ou com a tristeza que certamente poderão vir.
Eu até posso voar se eu quiser.
Dependo só de mim.

Caos

Em meio ao caos, uma estrela.
Uma flor nascida no asfalto.
Uma esperança verdadeira.
Uma continuidade não prevista.
Um ato improvisado.
Um raio de sol rejuvenescedor.
Porque viver, sorrir e sofrer são verbos inerentes ao ser humano.
Não se pode viver sem sorrir e sofrer.
Não se pode sofrer sem viver e sem sorrir depois do que acontecera.
Não pode sorrir se não lembrar o que é o sofrer.
Não se pode sorrir se não sentir o que é viver.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Rio

Amargura.
Meus dias passam e me pergunto porque alimentá-la com o melhor bife.
Anseio o momento que ela venha a respirar pela última vez.
Recito sussurros, magias que sei que não terão qualquer efeito.
Guardo o amor para o momento que ele possa sair sem se ferir.
Um dia o sol irá queimar as vãs pretensões.
Raios entrarão em meu coração.
Amanhecerá um dia sem nuvens, deixando o anil fluir.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Velho poeta

O velho poeta deitou na sua rede e observou o teto carcomido pelo tempo. Poderia acabar ali a sua existência. Poderia ter ali o seu ponto final, mas achou que a sua vida não seria tão benevolente. Poeta é feito para sentir a agrura. Beber o seu próprio sangue. E sorrir, mesmo que o sorriso não seja o mesmo que carrega no peito.

V i d a

Estrelas.
Cometas.
Inebriante visão.
Céu, teu anil não pode ser em vão.

Tem-se que rasgar o vento.
O véu.
O tormento.
O sorriso perdido no espaço.

Voar para bem longe.
Como pássaro buscando o horizonte,
que nunca será alcançado.
Pois a vida é um aprendizado que será cessado somente com a foice do ocaso.

Desamor

As músicas se repetiram.
O pensamento foi e voltou.
O livro estava aberto na página errada.
Alguns incautos diriam que tinha obra do vento.
Ledos enganos.
Tratava-se do desamor.

domingo, 26 de maio de 2013

Plantação

Esperança. Eu guardo no bolso. Não a plantarei enquanto a aridez repousar em minhas terras. Não quero plantas quebradiças. Quero frutos fortes.


Midas

O poeta não vive de amor.
Sonha com amor.
Prova do amor.
Nunca o terá, entretanto.

O poeta destrói o que toca.
Condena-se na sua própria existência.
Afinal de contas, o poeta come amargura.
E vomita poesia.

sábado, 25 de maio de 2013

Poesia do dia

O mundo gira. As mãos se dão, criam laços que não duram. Nada é infinito. A vida pode acabar num grito de dor. O coração pode se esparramar clamando por amor.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Fênix

Fênix.
Pássaro de fogo.
Cinzas não mais.
Deixa a chama acender a tocha.
Iluminar o escuro d'alma.

Chega de temperança,
a vida não pára com sua dança.
Não serei eu que também irá parar.

Rain

A chuva caiu.
Lavou a alma.
A esquina.
A vala.

Chove lá fora infinitamente.
O céu não se vê.
Apenas o plúmbeo.
O mundo fechado escondendo o anil.

As plantas são aguadas.
Mudanças ocorrerão.
Novas sementes brotarão.
Das lágrimas.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Sangue

O hoje foi o amanhã de ontem que não vingou.
Rasgaram os papéis.
Queimaram os cordéis.
Mataram a poesia que sangrou sozinha sem um ponto final para lhe salvar.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Tormenta

Queria ter o poder de voltar.
Consertar o caminho que entortara.
Não posso.
Nunca poderei ser eu de novo do passado.
Estava na minha mão e escapou.
O vento levou.
Amargura restou.
Seguir,
pois não tenho opção.
Seguir,
pegar espada e escudo no chão.
Não importa se por tormentas eu tiver que passar.
Aguentarei.
Meu desejo de ver o sol novamente é o que me move,
rumo ao infinito.

Caminhada

Ofereceram-me vinho para adoçar a noite. Rejeitei. Não queria perder a razão, pois o coração já estava perdido. Então abri a porta. Voltei a minha caminhada rumo ao infinito.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Menino poeta

O menino que ousou ser poeta é de silêncio agora. Só observa os transeuntes da janela. Quase pode enxergar o vento num esforço que faz ao semicerrar os olhos. Não existe mágica. O tempo é duro e sincero. Não afaga o peito, mas pode congelar a alma. Em momentos difíceis, prefere-se a escuridão.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Fini

Sozinho.
Não há sol.
Lágrimas caem como se fosse cachoeira.
Alguém por favor feche a torneira.
Estes olhos querem voltar a sonhar.

O coração que bate, bate fraco, sem sentido.
É um errante, bandido, que ousou mais uma vez se enganar.
E as cartas de amor que escrevera.
Com tanto sentimento que transbordava a beira.
Não existem mais.
Perdidas em algum plano inalcançável.

Como o som do silêncio é triste.

Lost in Space

Não há sinal de asas.
Os anjos se foram.
Com eles, suas trombetas e a boa música.
Não obstante o dia esteja iluminado,
não há de fato a luz que inspiraria uma real poesia.
Deixei aquela fotografia ser levada pelo vento.
Passado, meu tormento.

domingo, 19 de maio de 2013

Amor

Amor.
Suspiram ao pensar em ti.
Somente desta forma a flecha no peito não é dolorosa.
Um abraço que põe num lugar seguro.
Cada gota de ti que pingam nos olhos dos humanos afasta do mundo imundo.

Amor.
Cada frase contigo é poesia.
Pássaros não cantam. Produzem melodia.
Olhos admirados não cansam de enxergar o futuro almejado.

Amor.
Um oceano.
Uma lufada que oblitera pensamentos ruins.
Um carinho tão quente como o sol.
Um lençol que aquece noites frias.

Amor.
Vãos pensamentos não mais.
Somente dança de sentimentos.
Valsas intermináveis sob o luar.

Amor.
Palavra tão pequena, mas que impressionantemente não se apequena quando o coração labuta.
Pois maior que irascíveis lutas.

Amor.
Uma conquista.
Uma batalha diária que não possui vencedor.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Amanhã

Já cheguei a sonhar com o amanhã. A vislumbrar uma casa de campo. Uma leve luz solar. A paz procurada durante a vida. O vento refrescante a beijar minha face.
Mal sabia eu que as tempestades nos afastam dos sonhos.
Ingênuo.

Fio

Por um fio balança o corpo inerte. O olhar incrédulo daquele homem não almeja qualquer futuro. Essa palavra fora extraída. Marcada como vocabulário chulo. Que valor possui um ser humano se ele não tem pelo que lutar?

Penumbra

Penumbra.
Lá me escondo.
Ninguém escutará meus lamentos.
Ninguém me socorrerá.
Morrerei envenenado pelo meu jeito de amar.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Partido

Vazio.
Resta em mim apenas um lírio, que logo será levado pelo vento.

Martírio.
Quisera eu controlar o amanhã.

O horizonte nada me revela.
O céu é apenas um objetivo intransponível.

Minha lixeira está atulhada de sonhos.
E no meu copo já não tem mais café.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Dadaísmo mental

Deixa, amor.
As horas passarão.
Outros trem virão.
Quisera eu que a tarde fosse sempre doce.
Infinda.
Crepuscular.
Não quero o fim da vida no pôr do sol.
Quero paz, um barco e um anzol.
Perdido no lago.

Essa lida maldita.
Rotina destrutiva.
Por que não sentar e sorrir?
Remunera melhor.
Sonhar.
Respirar sem sentido.
Não quero isso.
Quero minha lápide do peso das minhas ações.
Omissões não.
Quero um coração livre.
Um cérebro em chamas.
Cheio de idéias.
Com poucos dramas.
Quero me perder na imaginação.

Eu

Eu, o inerme.
O inerte.
O calado sonhador.

Eu, o verme.
O cerne.
O mártir que não sofre dor.

Aproveito a sombra da árvore mais antiga.
Olho a paisagem.
O vento, que sussurra: "Fica".

Eu contrario.
Eu parto e arrepio a nuca, sem olhar para trás.
Quebrei o presente.
Perdi o retrato do passado.
Não consigo ver meu rosto.
Por dentro sou desconfigurado, mas meu coração ainda bate.

Eu, o veneno.
O menino singelo.
O vilão que tem medo do amor.

Explicação

Por que escrever? Por que deitar a caneta no papel e se perder no imaginar? Eu não sei responder. Eu não explicar. Refúgio, diriam alguns. Eu diria que é bom para desanuviar.

Deixa, amor...

Por que desamor?
- Não se vê mais cores no horizonte, nem trompetes celestiais.
E o arco-íris ainda é belo?
- Não, somente singelo e só fica visível quando se sobe nos coqueirais.
Irá amofinar em seu quarto?
- Até o dia que a vida resolva me trazer para a superfície de sentimentos bons.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Platéia

E aquele homem resolveu sair da platéia. Vestiu os farrapos do poeta e, subindo ao palco, declamou uma poesia que nem mesmo ele acreditara ser capaz. As cortinas se fechariam logo em seguida, enquanto no silêncio o homem vislumbrava uma porta aberta.

domingo, 24 de março de 2013

Rotina

A vida escorre pela calçada.
Parece sangue.
Todos passam.
Ninguém olha.
As folhas do calendário caem.
Tristezas são suprimidas.
Alegrias, de tão incontidas, logo se esvaem.
O jornal não noticia o que muitos querem ler.
A paz não chega, nem parte.
Tenho a impressão que o trem para o espaço irá atrasar.


sexta-feira, 8 de março de 2013

Flor

Eu sei que você sonha, linda flor.
O mel vem de ti.
Casais apaixonados chegam até tua presença,
dizendo juras de amor.
Sabes, entretanto, que não ficarás para vê-las.
Tua vida é breve.
Por isso, deixa no mundo o teu olor.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Sono

Sono.
Leva-me embora da realidade.
Fecha meus olhos e me embala como se fosse criança.
Passa o tempo.
Deixa os sonhos virem e povoarem meu pensamento.
Amanhecerá, mas eu não terei medo.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Adeus

Se outrora fui o que não sou, perdoe. Hoje partirei para o infinito. Não saberá mais de mim. Cruzarei o espaço. Virarei a página. Voarei da última flor do teu jardim.

domingo, 3 de março de 2013

Acorde, levante, suspire... Lute.

Acorde.
Veja o mundo.
Já perdeu tantos segundos
em vão.

Levante.
Sinta as pernas que pesam.
O corpo que acreditara não ser forte para a luta,
mas que no peito ainda tem um coração que labuta e o tenta manter são.

Suspire.
Abra os braços.
Abrace o vento que pode te fazer voar.
Não feche os olhos. Aprenda a acreditar.

A vida não é inglória.
Acontece que sem nos defendermos, deixamo-nos morrer,
quando na verdade deveríamos lutar.

Divagar

Quero a história mais bonita. 
As flores cheias de cor. 
Chega de cinza, quero candor. 

Joguei as falsas pretensões no último buraco negro que vi enquanto voava no espaço. 
Meu espaço interior.


sábado, 2 de março de 2013

sexta-feira, 1 de março de 2013

Dias

Ontem era chuva.
Hoje, calor.
Amanhã espero que não haja tantas curvas.
Um dia mais monótono.
Um coração reproduzindo quietude.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Dom

Lá no horizonte estão os cataventos e o dragões soltando chamas. As esperanças do povo também estão. Não viveremos tanto assim sem nenhuma pretensão.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Inabalável, a vida.

Vida de mistérios infinitos.
Amanhece os dias como uma nova chance.
Não importa o dia de ontem.
Glórias hoje podem ser conquistadas.
Louros podem adornar seu rosto.
Ouro pode ser a cor do teu coração.
Risos podem encher a sua face de animação.
Inabalável a vida passa, é bem verdade.
A onda vem e leva o tempo que não volta.
Resta o presente, o futuro em construção.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Uivo

Uivou o lobo enquanto a lua se elevava no mais alto do céu. E lá estava eu, hirto. Simplesmente admirando o mundo e sentindo a imensa solidão ao meu redor. Queria tocar as estrelas tão brilhantes na noite enlevada. Poderia ser sonho. Poderia ser real. Quisera eu ter o mesmo poder da imaginação.

Distâncias

Parto o infinito.
Perto do infinito.
Não grito.
Nem peso o olhar.
A estrela que brilha é minha.
Ninguém irá tocar.

Modorra

Escrevi palavras soltas no papel. Sou o escritor que não consegue concatenar pensamentos. Sou, inclusive, vilipendiado por uma ostensiva modorra. Não vislumbro brilho, não vejo a luz, não conheceria mais um pleno amanhecer. A madrugada persiste. O vento às vezes frio gela a espinha. O cobertor é um trapo. A vida, um remendo. Quedê a infância que aparece somente quando tenho a clarividência de fechar os olhos? Foi-se. Assim como foram vários dias caindo cachoeira abaixo. Logo será meu barco, que não possui choro, nem vela, nem ambição...

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

XP

Eu não sei onde dormem os caciques.
Xamãs, tão pouco.
Preso em minha incapacidade, retrocedo.
E olho o mundo tão injusto.
Reticências não precisam ser infinitas.
Intolerável espera.
Escuridão nas esquinas.
Noites sem nenhum luar
Cantorias perdidas.
Inabalável esperança ainda persiste.
Amanhecerá e os tolos poderão ver o sol ser alçado para o canto mais alto do céu.

Redoma

O pão que eu comi estava duro. A fome poderia me fazer pular o muro, mas eu não sei o que me espera. Se um leitão assado ou uma fera. Se a vida verdejante ou a morte. Prefiro a minha redoma. A minha falta de sorte.

Vento

Soprei,
eu, o vento.
Vejo olhos regojizantes.
Abraços de amantes,
Janelas fechadas.
Casas escurecidas.
No fim não fico.
Rodo o mundo,
enquanto o garoto roda o pião.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Realtà

Eu preciso voltar a existir, disse o poeta. Sem cerimônias, dirigiu-se ao trampolim que tinha armado na sala e  pulou para dentro da folha de papel.

Finito V

As horas caem.
O ocaso fica mais próximo a cada passo dado.
Serenidade é o que eu busco.
Ouço o canto dos pássaros.
Quero voar.
Atingir o céu.
Cruzar as nuvens.
Cortar a ventania.
Pegar quantas estrelas a finitude dos meus dias permitir.

Ideia

Então ele partiu o sossego.
Jorrou o sangue mais escarlate,
sujando de rubro o branco pacífico.
Os olhos já não possuem o mesmo brilho,
ao contrário,
opacos como se de um morto fossem.
Serenidade vilipendiada.
E ainda dizem que desta forma que nascem as ideias.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Alma

A alma ninguém enxerga.
Vêem o pó.
O brilho.
O passageiro, nunca o perene.
Assim nascem e morrem.
Perdem-se idéias.

Madrugada

Lua cheia.
Brandos pensamentos.
Olhos acompanham as nuvens sumirem com os ventos.
Estrelas aparecem, logo somem.
Madrugada voa como um pássaro aflito por liberdade,
enquanto uns vislumbram o céu esperando caridade.
A cada amanhecer a esperança renova.
Enchem-se os pulmões de um ar que se pode até fazer levitar.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Irreal

Abro os olhos.
Cai uma leve chuva,
que não molha.
Ao meu lado é deserto.
O céu brilha um azul sedento.
Parece sonho.
Parece pesadelo.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Se

Se o tempo não passasse, eu não veria o mundo desvanecer.
Se o vento não soprasse, eu não poderia voar com meus pensamentos.
Se a criança em mim tivesse que partir, eu também partiria.
Sem olhar para trás.

Quisera

Quisera eu ser o sol,
para acalentar tuas noites de frio,
para ser a luz mostrando o fim do túnel.
Quisera eu ser sempre teu e viver
dentro do teu peito, protegido da vida que despedaça sonhos.
Quisera eu que as madrugadas enregeladas fossem só tema de contos.
E que os faróis estivessem sempre acesos para eu encontrar diariamente o meu cais.
Não é preciso andar sempre perdido.
As estrelas brilham mesmo com a devastadora escuridão.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Valente

Se o coração valente for,
dificilmente sofrerá com a dor.
Nada que o impeça de derramar uma gota de sangue.
Porque só sangra quem sofre,
quem aprende,
quem erra e se arrepende
e sente o gosto de terra molhada
na esperança de matar a sede
da alma.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Pulo

Pega a cadeira e senta. Pensa. Reflita. Mire a estrela mais alta. Salte até ela mesmo sem saber voar.

Juventude

A infância não se perdeu. Apenas adormeceu em nós. Infelizmente nos distanciamos dela ao rumar para o horizonte onde o sol se põe. Não pensamos, não lembramos, só vivemos sem realmente viver. 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Branco

O branco nem sempre traz a paz.
Pode ser cegueira da alma.
Uma tempestade de neve.
Um nevoeiro sem fim.
Um pedaço apagado da memória.
Um raio de luz cruzando o céu.
Um papel amassado que não fora recheado de intenções.
O nada, o simples nada.
O lugar nenhum.

Obnubilado

O homem respirou. Então pôde ver a luz obnubilada. Tentou se levantar, mas não tinha forças. Podia ouvir o vento beijar levemente sua face e passar sem rumo. Tal momento sublime não o fez cogitar o futuro. Nem sabia se tinha se perdido no tempo.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Quase

Ele chorou e seguiu. Incompleto. Quase certo que o fim já estava a se aproximar. Viu o sol baixar ao mesmo tempo que os pássaros voavam rumo ao passado. E seus passos não eram certos, nem havia ninguém para falar. A terra seca. O coração seco e desenxabido. A boca querendo um pingo de água para que o corpo voltasse a acreditar.