domingo, 31 de outubro de 2010

Das reflexões de um palhaço-gente

Ser palhaço é poder ousar sem temer (tanto).
É ter um mundo mágico à sua frente e saber que tudo é completamente moldável, até você mesmo.

sábado, 30 de outubro de 2010

Flecha

Eu quero uma flecha para acertar o teu peito.
Mas daquelas flamejantes.
Com amor pulsante.
Com o calor mais intenso do que o próprio sol...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Smile

Amar tem seus mistérios.
Assim como viver, sonhar e sorrir.
Eu penso que tornados poderão vir,
mas a bonança alcançará minha esperança antes de eu partir.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Sued

Eu que já moldei sentimentos,
hoje vejo tornar areia qualquer contentamento.
Meus olhos denunciam o cansaço.
Vermelhos, quase opacos.
O infindável pode ter sim o seu ocaso.
Temo não ver o próximo amanhecer.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Seu Timo Ento

A Solidão está encostada na parede.
Toca um sax para o Silêncio.
A música ecoa, encontra o Lamento.
As paredes ouvem e a Tristeza deixa o recinto jogando um bilhete no chão.
A Curiosidade logo corre, mas pára, derrubada pela Inveja.
De longe, sentada na cadeira do bar, a Angústia vira mais um copo de álcool.
Daqui a alguns instantes terá uma apresentação da Dor,
mas certamente nem a Esperança terá gosto em assistir.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Solstício

Eu não sei.
Não sei dizer se o amanhã chegou.
A chuva veio e já passou.
Deixou um céu anil,
um quase mar que nunca vou poder me banhar.
Nada que impeça de me apaixonar por alguma estrela.
E me guiar por um brilho cadente.
Serei um sol de repente sem saber o perigo de rimar.

De vagar

Ouve o som?
Houve o som.
Era um grito.
Erra o grito.
Palavras e delírios.
Dizem que o vento é só um mito.
Eu sei e o sabiá também sabe que é mentira.

domingo, 24 de outubro de 2010

Rascunho

O traço que se faz no papel da vida não apaga.
São cicatrizes indeléveis que marcam a pele,
até que chegue a última que fatalmente irá fechar nossos olhos.

Cada passo, uma escolha que faço.
Às vezes o caminho é desenhado por um compasso,
mas temo em seguir acusando que o sol já vai nascer.

Sim, sou um sonhador.
Não receio dizer tal palavra ao vento.
Sei que a qualquer momento meu grito irá ecoar.

sábado, 23 de outubro de 2010

Alegria

Brilho.
Há tempos não vi um tão intenso.
Uma tarde ganhou o dia.
Eu queria ser palhaço e saber falar poesia.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Último Romântico

Para que poesia, meu caro? Ontem vi inúmeras delas numa lata de lixo virando a esquina. Eu sou curioso, as li e todas falavam de amor. Mas este sentimento tão mencionado me abandonou. É, vim morar aqui na rua da miséria. O sorriso meu é uma máscara. Olho no espelho e parece que perdi a função dos músculos da bochecha. É triste. Um homem não deve morrer só. Meu caixão está esperando. Encaro-o todos os dias na sala. E é um cotejo silencioso. Devo tocar o sino e chamar o ser abstrato em formato de caveira ou aguardar com a esperança de um menino? Não há resposta. Não sei se fiquei surdo ou se minha vida é um cinema mudo. Sei somente que sem cor já está.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Psicodelia

Metáforas permeiam o meu ambiente.
Eu tenho jogado sementes de um futuro vindouro.
A terra ficou seca.
Não tenho o dedo verde.
O coração, entretanto, pulsa vermelho escarlate.
As nuvens passam em uma psicodelia errante.
Tomara que mais tarde elas não sejam trovejantes.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Palavra

A minha palavra não é algo meramente lançado.
A minha palavra tem peso.
Tem ponto e vírgula.
Minha palavra tem sentimento concreto.
Desconsidero os abstratos em meu inconsciente.

Samba (na corda bamba...)

Minha vida é um samba com a solidão.
Passam paixões.
Voam canções.
E ninguém chega para a dança.
A música não pára, entretanto.
Eu estou quase para perder o encanto.
A razão me mantém em pé dizendo que da existência não só se vê o pranto.

Apocalipse

Escrevi meu testamento enquanto a guerrilha era anunciada no rádio. Um sujeito calmo como uma bomba ameaçava pular do edifício mais alto. Testei o microfone e subi no telhado. Vi vários corpos dormindo no fogo nada acalentador. Anunciei o fim. Ali eu renasci, mas não para o bem. Renasci fantasma.
As vozes das Marias ecoaram. Uma voz de quem não deveria ter voz. O diabo aguarda bem na porta do novo milênio. Cairão cinzas na primavera. A guerra começara com um simples respirar intranquilo.

Sem sentido

Tremei as poesias e os verbos.
Não quero predicados para descrever sujeitos.
Há um objeto direto vindo pelo indireto inconsciente.
Tomara que seja uma bala sem pronome.
Assim, poderei dizer os últimos adjetivos ao vento
e clamar por um advérbio enquanto vejo o meu descontentamento apagar em verso.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Campo

Lá sentada na cadeira de balanço está a menina.
Não se sabe para onde seus olhos apontam.
Mas juro que daria o meu reino para descobrir.
Eu espero demais do porvir.
E o amanhecer não chega.
Há chuva.
Ventania.
Raios dividem o céu, como num quebra-cabeça...


Madrugada

A madrugada tem o seu silêncio
e uma certa expectativa.
Uma luz do amanhecer prestes a chegar...
Pássaros não ousam cantar.
Nuvens vêm, mas tratam de logo passar.
Uma pena que este sublime seja só para olhos errantes que trataram de não repousar.



domingo, 17 de outubro de 2010

Beija-flor

O beijo-flor não canta,
mas baila no ar pela música de algum sentimento.
Sabe-se bem em qual flor ele quer pousar.
Não queria ele que a viagem demorasse tanto tempo.
Mas há de chegar o dia.
O momento que toda poesia plantada brotará.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Música

Eu respiro o doce ar e sei que posso.
As asas aguentarão o vento.
Beijo a morte com o pulo do precipício.
Restará satisfeito meu intento,
desenhar nas nuvens o meu contentamento...
...e sorrir até tirar a rotina do sentido.

Márcio Vandré.

"And so today, my world it smiles
Your hand in mine we walk the miles
Thanks to you it will be done
For you to mare are the only one"

Led Zeppelin

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Rosa

Eu espero o teu perfume, linda rosa.
De todas és a mais formosa.
Quem dera eu pudesse te colher para plantar em minha terra.
Ah, meu jardim iria rejuvenescer.
As maçãs iriam crescer.
E nem todo o caramelo seria suficiente para vencer a tua doce presença.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Delírios Poéticos - A quinta parte

O Príncipe acordou sem ainda ter amanhecido. Não sabia precisar o horário. Foi até o jardim de sua residência e de lá ainda pôde ver uma pequena poça d'água que refletia a lua cheia. Admirou. Quantas coisas sublimes vinham acontecendo. Não queria a efemeridade delas.
Para isso, não esperaria mais por cartas. Seguiria o olor da bela flor. Partiria para colher o fruto esperado. Queria que ela para cuidasse do seu roçado que alguns chamam de coração.

Foi então que levantando seu punho clamou:

Quando achar o meu amor, todos os dias serão de prosas e poesias escarlates como o sangue que pulsa nas veias. O rio correrá inconteste e poderá dar o tom verde às planícies outrora ressequidas. O meu reino do futuro será um presente construído pela marca de um intento soerguido com esperanças intermináveis. Eu serei feliz!

E partiu, taxado de louco por uns tantos. Seu sorriso não se importou com isso. Seu dedo em riste apontava o horizonte que deveria seguir.

Delírios Poéticos - A terceira parte

Na expectativa da espera, o Príncipe foi à janela. Um vento forte trouxe uma cantoria indecifrável. Era doce, entretanto. Logo imaginou a menina, enquanto pousava sua pena no papel, a cantar, dizer juras ao céu. Queria o jovem estar certo e ter escutado tais palavras de perto, mas apenas continuou a ouvir sinceros sussurros.

Então foi ter seu sono. E no sonho, uma alva luz surge. O sapo sabido se transforma em gente e fala alegremente que “em algum lugar esperam por ti”.

Abre os olhos o Príncipe, sem bem saber se já era realidade ou se tinha sonhado com o porvir. O fato é que havia uma carta em seu colo. Como não era tolo, tratou logo de abrir:

“Na imensidão do jardim, muitas flores encontraste,

Por que então foi comigo que sonhaste?

O frescor do campo anuncia, chegará a primavera.

Todas florescerão, não serei a única delas.

O jardineiro que cativa sem desdém, ornamenta como ninguém

Um campo inteiro.

A coletividade me desagrada. Que seja egoísmo querer ser a única almejada”.

Tais palavras não o deixaram circunspecto, pelo contrário. Uma felicidade enorme o invadiu. Mas falar para quem, se o imenso quarto não denunciava outra coisa se não o silêncio? Ah, mas tinha sua pena e papel. Não poderia deixar a bela dama ao léu. Então, acendeu a luminária e se pôs a escrever:

O jardim não seria belo se não tivesse você como Flor Rainha.

Assim como o céu sem a lua menina. O brilho das estrelas não equivaleria.

Então, por isso não teria motivo para olhar para tantas outras,

se a única que vislumbro está tão perto do meu pensamento.

Eu há tempos não escrevia tão certo.

Até a pena virou candura.

É a quietude que eu procuro.

O sublime que almejo.

Quero o seu orvalho embevecedor.

Infelizmente, só sinto o seu olor por bondade do vento.

Quem me dera poder colher o meu intento.

Passaria a sorrir mais.

Falar tolices a qualquer momento.

Após o ponto, o Príncipe voltou à cama e dormiu. Era madrugada. A noite era vazia. As palavras não. Carregadas de algum sentimento são. Teria um final feliz? Não sei, o sapo é quem diz. Pois invadiu o quarto e levou a carta pegando o atalho pelas nuvens que na escuridão eram tão brancas.

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Em tempo: Novamente me utilizei do texto dela (a menina misteriosa) na primeira carta, mas dessa vez nem pedi ciência. :)

domingo, 10 de outubro de 2010

Fragen und antworten

Certa vez, um príncipe estava sentado a pensar sobre o tempo. Recebeu uma carta de um sapo, que sumiu sem nem que mesmo desse a chance de o jovem perguntar o intento de tudo aquilo. O papel apresentava uma caligrafia linda e bem sincera de uma menina anônima:

"O tempo é que diz se é folha ou raiz,
Se cairá no esquecimento ou será construído.
Se regada for, a flor talvez vingue
E o desejo do florista pode então ser atendido."

Seria a lua? Uma esperança, quem sabe. O príncipe então passou a ficar inquieto e resolveu escrever uma resposta:

Eu não quero outonos.
As folhas são frágeis demais.
Quero rosas, gotas de orvalho.
Quero um sorriso em um arco-íris.
O canto dos pássaros me apraz.
Se depender do jardineiro, o jardim só terá dias de paz.

E deixou a carta num tronco de árvore cortado. Assim que o Príncipe virou as costas, o sapo fugaz pegou a carta e partiu. Mais tarde, doces olhos leriam e pensariam exatamente o quê ninguém sabe...

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Em tempo: A primeira "carta" foi realmente escrita por uma menina bonita que pediu para ficar anônima. ;)



In sanidade

Eu falo com as gotas de orvalho.
Lá do alto do carvalho, se vê o horizonte.
Os arco-íris brotam.
Loucura que salta os olhos.
Se a vida propõe que a gente viva, por que não viver?
E respirar.
E sentir a chuva cair.
Voar enquanto tiver céu para ser conquistado.

sábado, 9 de outubro de 2010

EsperAR

Lá vem a bonança
e aquela menina que escreve e dança,
e alegra com um sorriso de esperança que alcança qualquer desassossego.

Ah, eu sempre com meu apego.
Com minhas fogueiras que teimam em enfrentar o céu.
Que a vela não apague.
Não quero cinzas ao léu.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Uni verso

Se não bastam palavras, terei que aprender a manejar as estrelas.
Falar a língua da lua.
E assim dizer sábios versos ininteligíveis aos meros mortais.
Para que minha bela de pele de seda não amargue a silenciosa interrogação de um sentimento.
Não mais.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Previsões

O pêndulo não pára.
A areia do tempo cai e o vento leva.
Obliteram memórias.
Voam lembranças.
Os sacos de esperança se esvaziam.
Versos mumificados ainda aguardam que certos olhos os leiam.
Será a chave para um futuro condenado pelos céticos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Corra sã

Eu sei que o teu amor pode ser o meu.
O sentimento não esqueceu o brilho recente de algumas constelações.
Assim, as luzes da cidade também não apagaram.
Das janelas, olhos atentos esperam o desfecho de algo.
Em um lugar da terra inteira, um fogo não abranda,
uma música não pára.
Bandoleiros pulam e dançam enquanto a população os seguem pelas vielas.
Os pés ainda continuam a trilhar um caminho de passos concretos.
Falta o cimento para solidificar certas pretensões.

Analiso o silêncio.
O fechar dos olhos.
O hirto estado da máscara que não cai.

Sonhe comigo.
Aceite minha mão para um samba.
É possível sorrir na corda-bamba.
Abraçar antes do mundo cair.
Porque a rotina não alcança as nuvens.
Tua clarividência, sim.

Não deixe o trem partir.
Cruze comigo o horizonte.
Seja minha lua no céu sublime da noite.
Serei teu dia.
Esquentarei qualquer manhã fria.
Por ti.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Poeta IV

O Poeta é um mistério.
Um ser atrás de uma máscara de si mesmo.
Se sorri ou se chora, ninguém sabe ao certo.
Sabe-se que se aboleta na cadeira e com a caneta vai para outro mundo.
Quiçá distante ou mesmo do lado de fora da janela.

Poeta.
O que se espera?
Uma flecha e um ponto.
Um romantismo que não degenera.

Mas se augusto um dia é. No outro se desespera.
E por essas linhas tortas conta a vida, tão pobre vida, respirando desmedidas promessas, cuspindo caroços de sentimento que plantados nascerão em outros tempos.
Futuro que não espera.
Porque o trem há de partir.
Assim como os corações.

Conselho

A vida desencanta quando começamos a perceber algumas particularidades.
O amanhecer. A abertura de um botão de rosa...

O tempo é caro demais para desperdiçarmos com o orgulho exacerbado.
Deixa a poesia nascer.
Só assim da nascente brotará água e o rio poderá finalmente ter o seu curso.

PS. Para você...

domingo, 3 de outubro de 2010

Pesar

Eu sei que teu canto vai para outro lugar.
Teu olhar nunca cansará de procurar o infinito,
pois teu finito já passou.
Vais deitar no campo de flores brancas que te cercavam naquela última vista.
E depois certamente voará para cobrir o céu de estrelas.

*Dedicado à criança que vi ontem no salão de velório do Hospital que faço visita com os Risonhos.

Valsa

Meus olhos querem ver algo mais que miragem.
Quero fazer a viagem e dela não voltar sem uma rosa.
Eu não espero dias de silêncio.
Almejo a cantoria dos pássaros ou o simples nascer do sol do teu sorriso...

Deixa eu tropeçar pelo teu caminho.
Não direi nunca a palavra adeus.

Dica

Dia de eleição...
Votar consciente, por favor. :)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Divagar não é preciso

Eu queria o universo.
Mas o fragmento não pode se sobrepor à matéria.
Tenho de me acostumar a observar as estrelas assim de longe.
Paciente, como um monge.
Uma hora ou outra, chegará o brilho cadente.
Mão carregada de embevecedor resplandecer.

Eu só sou deus do meu mundo.