quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Dissonante

Medo.
Tenho medo.
Medo do futuro, da esquina, da rotina que se revela ao nascer do sol.
Desconstruíram-me.
Jogado no átrio, no fogo, na vida.
Há tempos a minha música desafina.
Quebrei todas as cordas do meu violão.
Sentir amor ou paixão quiçá somente em sonho.
Que a chuva me leve a modorra de tentar.
Que a chuva me lave a alma corroída pelo pesar.

Amanhã alcançarei a plenitude ou morrerei procurando a virtude, enterrado em vícios que me fazer sufocar.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Ventania II

Eu, que despejo amenidades no papel, deixei de observar a beleza das estrelas. Sinto-me condenado. Não me encho de suspiros no pôr-do-sol, nem me apaixono ao ver a lua tão cheia de vida. Será que meu coração não pulsará mais? Morrerei amargurado, preso em mim mesmo, sem escrever nova poesia que encontre o destino. As letras têm voado com o vento. Logo serei eu.

Trovão

Virei a página.
O abismo não traz medo.
Voarei atrás da minha obsessão.
Conquistarei o céu, a terra, o trovão.
Deus de mim mesmo.
Em minha mão, carrego agora o meu coração.

Blind Guardian

Longe, muito longe.
Não há campo de batalha.
Aqui as cinzas são só cinzas.
As guerras já foram vencidas.
Os tronos, preenchidos.
Meu nome, amaldiçoado.
Há tempos a noite caiu de modo sempiterno.
A cada passo, a floresta fecha,
o silêncio consome a vida
e o ser se despedaça até se descaracterizar.

domingo, 22 de setembro de 2013

Devagar

Eu preciso de um trago de amor. As ondas vêm e vão. Menos o meu coração, que tem ficado nos becos esperando as horas que não chegam. Às vezes pede esmola como um coitado, outras horas inexiste. Será que ainda pulsará firme? Somente na escuridão podemos ver melhor as estrelas.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Poeta

Perde-se o poeta no improviso. 
Suas trovas viraram trevas. 
Seu sonho virou névoa. 
E o coração se encrusta, 
amaldiçoando cada sorriso. 
Não está certo. 
O relógio parou no passado. 
A vida parou. 
O tempo, entretanto, não cessou. 
Há longa estrada que precisa ser caminhada. 
Sabores, olores, dores novas, amores, canduras. 
Ontem comeu um prato cheio de desilusão. 
Amanhã poderá ser uma nuvem do céu.

Perguntas

Estamos sentados, eu e o silêncio. A brisa bate em meu cenho e passa. Leva o pouco que resta de mim. Desmancharei como um castelo de areia. Logo virá a onda, a curva, o abismo. Se eu não tiver asas, ainda sim poderei voar?

domingo, 15 de setembro de 2013

Tormenta

Como o inferno, meu coração queima, mas não de amor. Chamas, aparem as arestas da alma. Chega de perder a calma em parcas paixões. Se chover, que chova a chuva inteira. Para lavar o meu tormento para o esgoto.  

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Uni

Eu. Tão pequeno, tão ameno, tão distante. Se comparado ao universo, nunca serei gigante, nem poderei gerar planetas do meu próprio caos. Mas qual graça teria? Fugir pela porta da desarmonia, quando tenho a vida aqui em meu quintal.

Devagar são

Vento.
Levou minha alma.
Distancio-me da realidade.
Piso em mares.
Como nuvens de algodão.
Abstrato.
O mundo não tem razão.

domingo, 1 de setembro de 2013

Hurt

Lá está ele sentando no seu trono de espinhos. Com a mão em seu queixo, observa o ambiente. Os ratos passam pelas mesas, a sujeira se acumula. Seu império está arruinado. Sua fortaleza desfraldada. Sozinho. Sim, todos partiram. Partiram, inclusive, seu coração. É um homem quebrado. Um homem sem objetivo. De nada vale sua coroa. De nada vale sua honra. Sua espada não lutara outras guerras. Terá que esperar somente o tempo passar. Para completar sua infelicidade, o ocaso não é complacente com sofrimento.

Chão

O corpo caiu no chão.
Na mente, o esquecimento.
O vazio.
Quantos delírios haviam se perdido.
Quantos sonhos silenciados.
Olhos marejados que perderiam o horizonte no segundo seguinte.