terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Vão

Garatujas.
São apenas garatujas no papel.
Pensamentos dançam,
fogem,
loucos.
Quanta boa vontade jogada no lixo.
Quantos poucos olhos fixos nos livros.
Quantos sentimentos mortos,
criados em vão.

Corre ria

A vida passa, juntamente com as coisas.
Segue-se o fluxo.
As avenidas não têm descanso.
Quantas luzes loucas na cidade.
Mal vejo as estrelas.
Até meus pensamentos não sabem somente caminhar.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Medo

Que brado?
Aqui reina o silêncio.
Devastação de pensamento.
Mas se digo que só penso, minto.
Tenho agido, andado pelo desconhecido.
Sem mapas ou rotas.
Ontem caminhei na escuridão de mim mesmo.
Perdi minha sombra e as estrelas.
Há quanto tempo não vejo a lua.
Por outro lado, diariamente vislumbro a rua que devo seguir.
Falta-me coragem.
Confiança no porvir.
Tenho medo da próxima página do livro.
Tenho medo do bicho,
do uivo.
Medo do medo.
Tua boca é cheia de segredos que não sei ouvir.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Quebra-cabeça

Incompletudes nos tornam únicos.
Na busca pela completude morremos, sem ser completos.
A vida, quebra-cabeça com peças em falta.
Às vezes some um coração.
Outras horas achamos uma negação.
Partimos sem saber o destino.
Chegamos sem notar que se trata do fim do caminho.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Rima

Olhar para o sol,
olhar para o mar.
Tanto mundo para respirar,
tanta história para contar.
Não deixa evaporar o pensamento.
Não deixa morrer por dentro o novo amanhecer.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Quebrado

O mundo é tão complexo.
Olho para o céu, procuro o nexo.
Fugir da rotina,
não aceitar a sina
nem outros parcos carnavais.
Eu não sei qual estrela me ilumina,
nem se vivo no palco
ou na quina de uma esquina
continuando a estrada
dedilhando a música que desafina
com canto rouco
e um pouco mais.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Ontem deixei o eu do passado para acordar presente.
Segui em frente.
Desajeitado,
sem sonhos.
Quase desumano.
Se não fosse a lufada,
não teria voado até a estrada.
Não tomaria meu rumo.
Ficaria só.

Me nina

Ô menina de sorriso sincero,
Não sente que a espero para ver o dia amanhecer?
Se meu peito aberto revela deserto,
por que você não vem fazer a chuva aparecer?

Ô menina de sorriso sincero,
A brisa é forte demais para se caminhar sozinho.
De braços dados, deixamos de ser pequeninos.
Sonhamos alto.
Vemos com outro olhar o sol desaparecer.



quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Mistério

Sabes, tu és um mistério.
Observo o teu silêncio de longe.
Encafifo-me.
Fico somente com a lufada, que leva meu pensamento para longe.
É o fim.
A estrada não segue.
Logo à frente uma esquina.
Tantas curvas nessa vida.
Tantas solidões que se emudecem no caminho.

Caminhar

Sobre o caminhar sozinho, aprendi que a estrada não tem enlevo, não tem mistério, se tivermos apenas o pensamento para conversar...

Sociedade

Sociedade,
sua bruxa velha e louca,
os dias passam e a vejo adoecer.
Certamente não viverei o suficiente para vê-la respirar a plenos pulmões.
Um mero mortal que sou,
deixo uma fagulha.
Que vire chama.
Que o fogo puna o ruim, o espúrio,
que purifique a alma, queimando as vãs pretensões.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Alumiar

É como se você bailasse em versos.
Poesia viva, sincera, serena.
Não sei bem o peso do teu olhar, mas quisera eu poder fitar, para me perder em interregnos de lucidez.
Luz, que alumia o viver.

Caminhada

A vida é de reconstrução.
Vamos caminhando, dando as mãos.
Se plana estrada, ou íngreme montanha.
Porque sozinho não se faz campanha,
nem se tem grito para fazer acordar a multidão.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Conversa

Para muitas pessoas nós somos perdidos, minha cara. Teimamos em caminhar por vielas que os outros não ousam. Não que isso nos torne superiores. Nos torna, na verdade, descobridores. Mas é preciso. Porque só assim conheceremos o sentimento pleno.