sábado, 27 de fevereiro de 2010

Martírio

O sol senil.
O ocaso.
Diabretes pululam.
A terra se abre como um grito.
Gárgulas observam a humanidade torta.
Espelhos se quebram e espalham a má sorte.
Trovões tonitruam seus dizeres indecifráveis.
Espero sinceramente que quando acordar ainda haja o amanhecer.


P.S. Tenho enfrentado problemas de conexão, fato que está prejudicando as postagens do blog e consequentemente minhas visitas aos que me visitam e aos que prezo tanto ler de suas prosas ou poesias. O mais breve possível espero resolver esse problema! É isso, obrigado!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Vida

E se não tivesse tentado,
ia morrer na angústia do poder ter sido.
Fui, mas não venci.
Mas também não sou parte do ocaso.
O som do impacto à terra foi surdo.
Só vi o nevoeiro.
E sumi.
Nenhum rastro.
Nem respiração.
Eu quero a canção dos pássaros.
Eu quero o amanhecer tranquilo do sol.
Amanhã mesmo colocarei uma escada no céu para coletar nuvens de algodão.

Processo

Acerbo, não?
Sente o gosto
e cuspa fora.
Esse é o malogro,
duro como uma pedra,
cortante como um machado afiado.
Estou cá separado de meu corpo.
A alma paíra sem ir nem vir.
E agora não há pôr-do-sol que me retire da prostração.
Armas ao chão,
visão baixa,
pensamento distante.
Eu sou um coração errante.
Sou sábio de nada.
Queria saber para qual lado é a frente.
Queria e não posso.
Um barco pára no meio da lagoa.
Garças voam.
Corvos exploram o espaço.
Flechas caem como chuva.
Será o fim de mais um amanhecer?
Não será!
Guerreiro morto não conta história.
Feridas cicatrizam.
Viram glórias.
Olhos chorosos tornam-se lentes de aumento.
Choro que pode ser impulso para uma vitória.

Vício

Feel the burn

Acendi o isqueiro.
Vi a chama doce da infância.
Ainda há esperança, eu sei.
Sonhos não foram perdidos.
Vejo os navios de papel que fiz.
Os aviões que nunca voavam.
Nuvens que paravam no céu.

Feel the burn.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Nie

O plano era construir um barco.
Daqueles que navegam sem precisar remar.
Ser guiado apenas pelas lufadas provindas do ar.
Não ia ter que me preocupar qual caminho trilhar.
O oceano é extenso, complexo, como a vida, será?
E se a queda d'água chegar.
Bestas, esqueletos de galeões.
Canções das sereias.
Queria saber tocar violino,
para ensaiar qualquer composição.
Nunca trairia o coração da nobre deusa.
Eu disse nunca.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Sombra

E onde está a calma?
- Caiu dois becos atrás.
Quem nos resta?
- Ninguém mais.
Seguirá?
- Certamente! Sou sua sombra. Desvaneço apenas na falta de luz.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Il fini

É o fim.
Apague as luzes.
É o fim.
Feche as cortinas, que hoje não há espetáculo.
É o fim.
No máximo aceito um copo de blues.
É o fim,
e não espero mais que o reluzir taciturno da chama branca da noite.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Parque

Me procure.
Estarei em algum lugar que lembra nós dois.
Se é que você se lembra.
Há tempos não encontro o doce de seu beijo,
só o sal do mar.
Nado rumo ao nada.
Passo sem ser reconhecido nas ruas,
mas ninguém mesmo me conhece.
Que importa se o beco é longo?
Importa é que ele geralmente não tem saída.
A tristeza máscara a alegria.
Dos pássaros deste parque, nenhum tem o seu vôo.

retrato

lembranças são assim.
tem suas próprias danças e seus próprios tempos.
de repente vem um vento que lembra um dia que o sol já amanheceu.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Palavras II

Siga a trilha.
Deixe poesia no relvado.
Assim achará o caminho de volta.
Ou não.
Diz a lenda que palavras voam mais rápido que o próprio vento.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Dentro de meu coração,
uma pulsação.
Será amor ou emoção?
É apenas a vida, compadre. É a vida.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Mercador

Branco.
- Sim, a mais nobre arte.
Mas e as cores?
- Use sua imaginação.
Que interessante. Quanto vale?
- Me dê sua alma e ficamos acertados.
Fechado.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Amemos

Bem vindo ao modernismo.
Robôs limpam porcarias nas ruas.
Dentro do metal frio não há coração.
Relógio, no máximo.
Batidas intermitentes que não indicam qualquer sentimento.
Aqui no futuro não há o sublime.
Este já foi superado.
De tão usado, foi ao lixo juntamente com o romantismo.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Neo

Sem drogas, por favor.
- Mas eu não estou fumando.
Está com um pacote de idéias acima da porcentagem.
- E daí, é para o meu consumo próprio.
Prendam esse homem por desacato!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O único ser de um único mundo divagando consigo mesmo

E se o amanhã não brilhar?
Será por que o sol não veio?
Será?
A quem estou a enganar?
Eu não sei responder as minhas próprias perguntas.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Dizer, amargurar

Mostra a cara pintada.
Agonia.
Lamúrias descendo escadas.
Dias sem poesia.
Instinto não abandona a pena.
Tal espera não me apequena.
Ando cada vez mais próximo do pôr-do-sol.
Sento, enquanto aguardo o interregno de uma música a outra.
E passam minutos que cronometro em meio ao ócio.
Já são não sei que horas.
Acabou a pilha.
Agora antro de escuridão sem rima.
Vejo bem a lua que me lancina com um sorriso.
E por um instante medeio entre a paranóia e a candura.
Lagos secos ao fundo da paisagem.
O meu nome?
Xucro.

Moderno

Vim de um canto de muitos vórtices.
Vez por outra, sondava outros tempos
e me admirava com o aroma de cada época.
Percebo hoje que o enxofre aflige minhas narinas mais do que outrora.
Também, com esses incêndios aos montes.
Olhos da cor do sangue.
Esperanças pedindo carona à rua.
Desassossego.

Aurora

Aurora.
Prometeram-te na cantiga.
Mas continuo a ver a noite da cor dos meus olhos (de morto).
De repente, volta-me à memória aquele gato que encontrei estendido na rua.
Só os pêlos moviam.
Olhar congelado.
E como faz frio aqui.
A cada ponto, penso ser o fim.
Entretanto, nem aplausos, nem apupos.
E se eu já estiver vivendo o ocaso?
Nego-me a aceitar este porvir


P.S. Estou sem conexão em casa, portanto, não consigo atualizar o blog. Colocarei já agora, entretanto, alguns textos que foram desenvolvidos esses dias. Obrigado!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Dark side of the moon

- Eu o vejo no lado negro da lua, foi o que ela disse antes de partir.

Eu já tentei esticar o braço, mas não alcanço.
Maldita seja minha nave espacial de papelão.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Cross-eyed Mary

Maria Vesga e suas momices. Joga confete na rua e sai sorrindo para que todos vejam. Seu triciclo range, mas ela não abdica de querer ter em seu rosto o sabor do vento.
Dizem que na sua cabeça fulguram cargas elétricas das nuvens ao chão.

P.S. Como a Marília falou da música, resolvi pôr o video aqui.
Deleitem-se. :)



sábado, 6 de fevereiro de 2010

Childhood

I'm just a little boy with big dreams on a cold night.
At the window, i'll wait your light disapear with the sun.
After, my innocent tears will go down the river of the illusions.
Life.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Warum?

Naquele segundo, me disseram:
- Só vá embora.
E eu fui.

Nunca mais ouvi falar de mim mesmo.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Achtung

Meu nome não importa. Ninguém me chama por ele há algum tempo. Nem sei a contagem dos anos. No entanto, me parece que hoje é sexta-feira. Por quê? Porque não vejo pessoas com seus passos nas ruas, só passas velhas ao chão, provavelmente estragadas. Porque o silêncio impera e eu intimidado prefiro ser também taciturno.

Ser.

Uma palavra pequena de dimensões interiores incomensuráveis. Queria estrelas no céu.

Eis a vez do pensamento abstrato.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Astro

Hoje não há segredo na lua.

Vejo somente seu sorriso cortado e o céu enegrecido, consumindo qualquer outra possibilidade de luz.

Ademais, vejo o silêncio na falta de vento.

Nada se move às ruas.

Ao menos não vai chover.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

lluT ohrteJ

- Algum dia o sol não vai brilhar para você.
Foi assim que disse o soprar de uma locomotiva que passou na velocidade da luz. Nada é fácil, principalmente se você não está em um sonho doce. Da janela vejo homens e mulheres gordos, babando porcarias pela boca. Eles permanecem vivendo no passado, esperando maravilhas cairem dos céus. Mas nem todo dia é digno de uma canção de natal. Existem dias baratos, que retornam sempre.
Queria ser um mergulhador para cair no oceano. E não escutar mais nada além do caminhar das bolhas que julgara ser de sabão. Basta. Meu domingo de sentimentos está esvaindo. Vou ao casulo, proteger e sobreviver para o amanhecer de outro domingo.
Ainda não cheguei nem à metade dessa música que é a vida.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Besouros

Porque...
- Não explique. Ouça o estalar do vidro.
...eu sou a Morsa.
- Isso é uma coisa que provavelmente não deveria ter sido dita.
Me ajude!
- Ontem vi o pássaro negro, deve significar morte.
Não existem pássaros nos campos de morango que pairam eternamente sobre essas colinas.
- Eu sei.
Lucy, seus diamantes estão sendo carregados pelo vento.
- Eles sempre voam. Nada mais que um dia na vida.