O velho vai cruzar a ponte. De lá não será mais visto, quiçá lembrado. O novo é garboso, não cansa de mostrar os dentes. Veste paletó branco, que provavelmente será trapo ao fim de um ano.
No meio da rua, crianças sem camisa. A noite é fria. A solidão canta e uma banda de blues acompanha. É natal, mas parece um pesadelo. O teto é estrelado e nenhum presente pode mensurar qual constelação foi atingida pelos olhos.
Sem idéias e ideais ele foi para a luta. Todos seus anos de vida culta foram jogadas ao inferno da lareira. Agora lhe resta a espada, o escudo, a lança, a armadura de bronze que ganhou de herança. Nos seus olhos, vê-se bem que a esperança ainda alcança sua mão. Nuvens e o horizonte. Permanente estado de reflexão.
O jardineiro colheu frutos de dúvida. Sem saber o que fazer com os pontos de interrogação, que sequer tinham sabor, procurou observá-los. Longos dias e noites vieram. Incontáveis flocos de neve... Um vendaval ao fim levou tudo. E o moço, despertou-se aventureiro. Queria colher um coração que não lhe fosse alheio. E partiu, rumo ao infinito insensato dos humanos...