terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Pêra

Pêra,
É doce.
Como alguns sonhos que tenho.
Que levam ao infinito
e me tiram do concreto finito.
Que misturam meus sentimentos como um liquidificador.
Mas o que seria eu sem o sonhar?
Uma pobre existência.
Um louco a viver o morrer a cada dia da rotina bruta.
Uma semente que não germinaria.
Uma casca sem histórias para contar.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

O vento

Como assim?
O vento se foi.
O sol se pôs.
Reinou o silêncio.
E o céu cheio de estrelas.
Agora já dormem os pássaros,
mas não os corações apaixonados.
Quem ama faz vigília.
Aquece a noite fria.
Suspira.
Sonha acordado.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Sobre partir e não ficar

Você preferiu partir
e me deixou aqui
sonhando,
sem querer acordar.
Como vou me convencer,
a amanhecer
sem seu sorriso
e sem sua voz para me embalar?

Queria me perder,
mais uma vez,
na candura do seu olhar.
E dançar sem ver, me embevecer de você,
sem notar o tempo passar.

Por que tem que ser assim?
Histórias boas com um péssimo fim.
Sentimentos ressequidos, opacos,
que há muito não sabem o que é brilhar.

Por que é tão difícil encontrar a luz sem se deslumbrar?
Luz é como farol.
Não anzol.
Luz não é sobre deslumbre.
É sobre aprender a se guiar,
antes que os dias venham a correr e você não se atentar
que caiu a escuridão
e as cortinas vão fechar.

Sopro

O querem é sopro.
É ventania.
Ninguém amacia a pedra.
Só agonia.
Corações ao léu.
Correria.
Amores desavisados.
Sentimentos escorraçados.
Choros.
E nenhuma poesia.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Perde ganha

Um dia você perde.
Arrancam seu coração do peito.
Um dia você ganha.
Faz a cantoria dos pássaros virar sinfonia.

Nessa dualidade, a vida.
Entre sorrisos e descalabros.
Entre amores e desilusões.

Toda porta que se fecha é dor.
Mas faz a cabeça pensar.
Se não existem portas.
Que sejam janelas.

Pois o que está no horizonte é história que temos para contar.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Líquido

Liquidez.
Os rios levam tudo para o mar.
Nasce amor.
Desagua dor e dissabor.
Brota uma lágrima no olhar.

Corações abstratos.
Sentimentos em vão.
Um sorriso que não se sustenta.
Um peito que se enche de decepção.

Marasmo.
É o mundo lá fora.
Na correria todo mundo se devora.
Na azáfama, esquecem até do calor.
E não vêem motivo para se inspirar.

Só querem seguir.
Seguir sem parar.

Para que a vida os apequene.
Os silencie.
Perene.
E a escuridão que os rodeou possa lhes abraçar.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Passado

O tempo é imparável. 
Destruidor inconsequente. 
Cria e mata. 
Tira e deixa contente. 
Dualidade. 
É o tempo. 
E os dias que passam. 
As folhas que voam. 
Os sonhos que amassam. 
Os corações que batem. 
E o peito que suspira enquanto os olhos fitam a esquina, 
não acreditando no nunca mais.
Tempo.
Nos falta.
Tempo.
Nos cala e planta o que restou de nós para a terra engolir.