domingo, 24 de novembro de 2013

O palhaço do circo sozinho

O palhaço anda sem rumo.
Seu circo tem lona furada.
Ele não quer pegar a estrada,
deixar o seu lugar.
Tem que construir,
tem que operar.
Fazer sorrir,
sumir com o chorar.
Há uma lenda que o palhaço assopra a tempestade.
Abraça o sol com vaidade,
mas se queima ao tentar.
Quantas vidas se perdem.
Quantos sorrisos se esvaem como a areia na ampulheta.
E ainda sim o palhaço dá pirueta,
canta, sem saber cantar.
É que tem mania de achar que seu nariz aponta o norte,
mesmo que o coração queira ficar.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Desassossego

Dos malogros aprendi que com a dor o ser humano teme o porvir. Receia abrir a porta, lançar o olhar para a luz que está lá fora. Caído, pensa em trevas, em tristezas. Perdido em desassossegos. A esperança se trancafia no lado escuro do pensamento. Morre um dia. Morre o ser. Para nascer de novo no amanhecer. Como fênix.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Mar

Mar.
Amansa a terra com leves ondas.
Regenera a alma.
Ilha a modorra.
Amanhece sentimentos.
Noites, só com lua cheia.
Alumiando o bom viver.

domingo, 17 de novembro de 2013

Dos pensamentos

Eu ando desenxabido.
Toda esquina é uma esperança, menina.
Não há motivos para parar a dança.
Já cheguei na idade de saber que posso construir outros caminhos.
Não obliterar é uma opção.
Não sou cinzas para ser jogado ao vento.

Becos

Talvez os poetas anônimos continuem escrevendo nos muros dos becos. Só quem se perder poderá encontrar as palavras da vida. E talvez, parte do sentido dela.

Da vaidade e seus pormenores

Encham o meu ego.
Eu sou vaidade.
Posso ser balão,
posso ser maldade.

Na estrada, derrubo os que não prezo.
E os que prezo, deixo vivos por conveniência.

Ontem matei uma virtude.
Derrubei um homem são.
Ceguei um ser carregado de paixão.

E assim me faço,
enterrando passados que não são meus,
esbravejando a cultura do desconexo,
para eu poder imperar no meu reino dos fariseus.

O balanço

Eu fico no meu balanço,
enquanto o mundo vai para frente e para trás.
Me despreocupo se vem torrente ou um sol de beleza tenaz.
Ah, bela infância!
Não entendo porque me deixou.
Do meu lado restou a imaginação,
ainda que viva nesse mundo de responsabilidades.
Por isso, tenha a hombridade de pelo menos visitar meus sonhos.

sábado, 16 de novembro de 2013

Catavento

Você é como o vento.
Em momentos, inexiste,
distancia-se dos meus cataventos.

Não se guia pelo meu farol,
ao contrário,
volta-se para os mares revoltos.
Some com a névoa.

Eu não içarei as velas.
Não busco mais aventuras.
Sou da calma.
Quero paz.


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Mendigar

Cadê a moça bonita que ilumina a noite?
Sem ela, as estrelas esmaecem.
O tempo empobrece.
E eu fico aqui mendigando um sorrir.

domingo, 10 de novembro de 2013

Left behind

Eu sei, meu bem. O futuro não é meu, nem de ninguém. Eu peguei as chaves do carro. Talvez para o norte. Tentar a sorte no porvir. É muita estrada para vir. Cansei de contar as estrelas. São infinitas, minha vida não. Não posso viver por um senão, nem posso bailar sozinho a música da existência. Não posso ser um barco sem um cais.

domingo, 3 de novembro de 2013

Riso frouxo

Eu quero um sorriso frouxo para amanhecer os dias.
O céu eu limpo com um assopro.
Que caia a chuva em outros cantões.
De longe vejo o amor bailar com os furacões.
Falta a mim saber voar.
Porque de sonhar já basta.
Chega de abstratos, não enchem a mesa, nem matam a fome.
Quero achar a fonte de um novo viver.

Efêmero

O que traz aquele olhar, ninguém sabe. Sei que já viveu. Viu anos que não voltarão. É quase uma imensidão, um futuro para se vivenciar. Não o mesmo, claro. Porque os destinos não têm os caminhos iguais. Queira eu poder contar uma história. Preservar a memória. Palrar sobre os ancestrais. Manter a clarividência da janela da alma, até que a cortina feche e o público, insensato, esvazie o meu teatro da vida. 

sábado, 2 de novembro de 2013

All things must pass

Sinto que te perco a cada segundo passado. Devo permanecer são, mesmo entre a tempestade e o trovão. No terreno que plantei as mais variadas sementes, colhi rosas e desassossegos. Não entendo o sentimento que bate no meu peito. Se malogro ou se triunfo. Não levantei ainda nenhum troféu. Continuo, entretanto, esperando do céu o lírio que trará a minha calma e me fará deitar no campo sem maiores preocupações.