Insensato. Não queria o infinito. Guardaria apenas o seu coração em meu peito. Reluziria de um modo perfeito. Inabalável seria a ventania a soprar meu barco.
Dragões seriam fulminados com minhas flechas encadeadas...
A nau partiu. Zabelês cantam. A orquestra entoa sua nota mais forte. O coração não denota ânimo.
Conquistadores quedam inertes. Ondas amainam. Razão não existe. Andarilhos almejam as estrelas. Canhões não atacam o peito. Aviões de papel planam sem cortar as nuvens. O samba ganha outro efeito.
Congelei meu coração. Andei no deserto e não o derreti. Não basta o calor, a alma tem que sentir. Conforto, sensação de não querer fugir. Aceitar o recanto. Beber da água da juventude. Sonhar e acordar sem medo. Caminhar sem olhar para os buracos em que vou cair.
O rei abaixou seu dedo e o condenado foi à forca. Um sorriso malicioso começou a se mostrar na face daquele monarca. De súbito, se levantou e se perdeu na escuridão enquanto a multidão se regozijava. Eu, a gárgula, tenho a expressão séria por não entender o que bate nesses corações tolos.
Recebi uma carta em branco. Na verdade, foi o vento que me trouxe. Estava sentado em minha varanda e pensei ver um pássaro alvo. Ledo engano. Os anos passam, continua a solidão.
A criança apontava com seu dedo em riste para o futuro. Adultos curiosos o cercaram. Sem entender, acabaram por massacrá-lo. Retrocesso. A luz nunca poderá chegar aos seus corações.
Os acontecimentos são assim. As páginas do livro passam sem levar em consideração se acabamos de lê-las ou não. É inevitável. Ganhar ou perder. Caminhar ou quedar. Esperar a desilusão...
Eu vocifero quando o silêncio agride meu peito. Grito para o vento. De longe ouço o relampejo. Não tardará o momento em que terei o cotejo com o tempo. Do pó ao pó. Nada mais.
E o tapete desceu da porta. De lá saiu uma Rainha torta, que caminhava imprudentemente. Sua boca era carregada de dentes amarelos. Seus servos, logo trataram de se abaixar mostrando reverência. Ela, no entanto, pouco ligou. Seu intento era a janela do quarto. Lá conheceria a morte. O ouro não trouxe a maior sorte. Não foi capaz de amar.
Deixei a armadura na beira do rio. Sentir que eu estava vivo era o que importava. Enquanto me divertia com a água doce, quase rememorando os aúreos tempos de criança, acabei surpreendido por uma guarnição do exército inimigo. Eu, Grande Legionário, conhecedor das melhores estratégias de batalha, morreria ali, sem clemência. Tal como matava meus oponentes...