sábado, 31 de julho de 2010

Reflexões

Escondi-me embaixo da cama naquele dia que o céu ameaçava cair na cabeça do mundo. De lá não saí por horas.
Após o silêncio e a escuridão profunda provocada pela falta de luz, arrastei-me para a janela mais próxima. Vi a lua que espalhava seu calor diáfano pelos cantões do planeta. Vi que a natureza se curvava, clamando pelo amanhecer prometido.
E eu, ser carregado de descrença, permaneci hirto. Conformado com o inconformismo dos que ousavam caminhar sem enxergar um palmo.

Eu quero uma flecha para acertar qualquer estrela.
Só assim, o pó do céu iluminará o espaço.

Eu e meus descompassos. Pensamentos, enfim.

Clemente

Porque minha caneta no papel condena.
Eu sou um ser da arte que envenena.
Eu sou o mito e o monstro.
Poeta que não se apequena.
Embora pequenos sejam os caminhos.
(QUE SE TORNEM LARGOS!)
Que se façam lagos para minha amada se banhar ao anoitecer.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Névoa

Porque a luz é necessária.
A escuridão nos deixa dementes.
Bestas-feras rondam o ambiente.
Uivos macabros.
Lua cheia sempiterna.
Eu quero a clareza solar.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Descanso

Por que me cospem o rosto e passam sem mudar o semblante torto?
Se eu pudesse, lhes quebrava as máscaras.
Pintando o afago no lugar de um sorriso falso.
Eu sou palhaço sim.
Vivo num circo infinito, onde também sou leão e presa.
O meu nariz é vermelho.
O sangue escarlate, quiçá vibrante.
Eu poderia ser mais um tonitruante,
mas prefiro beber da candura.
O mau me ronda.
Eu o desafio.
Eis que a ciranda começa.
Apaziguo.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Se guir

Outrora, a partir de agora, te abandono.
Deixo esta caixa com cartas nunca entregues.
(Por favor, enterre.)
Seguirei o rumo do vento.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

domingo, 25 de julho de 2010

Senti men to

Escrevo para você com o sangue que deixo correr de minhas veias. É a tinta indelével de uma alma sincera. A lágrima também beija o papel. O círculo perfeito como de um anel que une um laço.
Repetiria tudo, todos os dias. Até que não aguentasse mais. Provavelmente, só a morte me quedaria. Eu sei, não é tão fácil acreditar num cigano. Eu que sou nômade. Amanhã posso ser deserto. Mas árido mesmo está o meu leito. Quero aquele teu rio cruzando meu peito.

Márcio Vandré.

"If I lay here,
If I just lay here,
Would you lie with me and just forget the world?"
Snow Patrol

Logro

Quando eu digo que posso, eu venço.
E a vitória virá.

À noite, cantarei cantigas como um velho sabiá.
E os jovens, admirarão a espada que parara o coração do dragão.

Deixe que eu corra pelas planícies.
Deixe que o vento morra em meu cenho.
Amanhã será outra luta.
Labuta que só encerra com o esquecimento.

sábado, 24 de julho de 2010

Träumer

Eu vou ao mar com a minha jangada.
Enfrentar tormentas e dias de sol.
Beber água salobra.
E encantar-me com sereias que querem a minha morte.

Vou assoprar a vela,
rumar para o norte,
onde a bússola não mostra.

Onde o céu é o próprio oceano.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Ausência de cor

Por que palavras?
O céu continua azul.
Nada mais precisa ser dito.

Não quero ouvir mais gritos,
nem suspiros de quem vê o dia entardecer.
Aquele laranja dourado que eu pensara ser ouro,
na verdade o era, mas falso.

Ainda mato aquele corvo que grasnou no meu destino.
Amaldiçoando o eu menino que esperava o porvir.

Por isso, prefiro o silêncio.
Sossego falso.
Sei que na cidade arrancam as almas dos outros.
Aqui, entretanto, não escuto.
É a paz hipócrita.
Meu sorriso amarelo.
Olhos de ira incontrolável.

Tem dias que fico da cor do espaço.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Lacrimal

Eu não sou bom.
Minhas lágrimas são de pó do espaço.
Pretensões nebulosas.
De repente o futuro não é mais esperado.
Quero tempos pretéritos.
Sorrisos que traziam a energia solar.

Hoje só nuvens.
Martírios pedem esmola nas ruas.
Esperanças se drogam na esquina.
Prostituiram a alegria.
Foi uma senhora fria que a levou.
Deixaram-me a loucura.
A candura já vi partir.

Armas sem poder de fogo.

Fogo que queima florestas inteiras.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Vil

Tento ser cruel.
Vem a vida e me supera.
E se todas as barreiras beijam o chão.
Eu também beijo.
Sinto o sabor da terra.
Porque o vil tem seus dias de romance.
De corações partidos.
De loucuras que necessitam de flores mortas.

Ontem mesmo vi o amanhecer.
Em preto e branco.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Tecelão

Ouço de longe um som.
Sincero, eu diria.
Parece algo que espero.

Tantas vezes caí em confusão,
que a janela onde me sento virou um quadro triste.
Agora vejo cores, entretanto.
Não tão vivas como outrora.

Sinto vontade de gritar e pedir para tingirem meu coração
de vermelho.
Daqueles bem vibrantes,
apaixonantes, quiçá.
Pode ser tudo para quem não espera mais nada.

Eu que sempre ficara sentado até o final dos filmes,
enceno, quem sabe, o último ato.
Ou o último dos contratempos.
Amanhã eu posso acordar para contar cataventos.
Aquela brisa de paz no rosto.

...

Aqui, na verdade, não venta.
Nem passam carros na rua.
Parece que tudo têm deixado de existir.
Vejam só.
Um tecelão de sonhos agora escreve.


segunda-feira, 19 de julho de 2010

Inocência

- A alegria vem lá do fundo do poço, disse a criança.
Sem deixar ninguém comentar, continuou o seu monólogo:
- E são os monstros que a trazem! Por isso não tenho mais medo!
- Hoje sei que se existe o escuro, a luz que está fazendo isso com ele.
- E eu brinco em todos os dias que o sol vem.
- Meus amigos imaginários e eu...

domingo, 18 de julho de 2010

Diálogo

E o outrora?
- Já foi, meu nobre.
E o agora?
- Partirá em breve.
Devo ir também para não perder meu trem.

sábado, 17 de julho de 2010

Futuro

Coube a mim fechar esta última lâmpada. É de lá do centro da cidade, onde ninguém mais anda. Passam dias e as portas cada vez mais trancadas. O medo ronda, enquanto olhos apavoram-se na varanda. Desde então, aquele é o único recanto que não chega a escuridão. Amanhã não será mais. E o verde que floresce, dará lutar à fruta que envelhece, apodrecendo de vez o que entendíamos como amanhecer.

Sentido

Minha felicidade é aquela estrela lá no fundo do universo.
Muitas vezes ela brilha, quase na clareza solar.
É quando admiro o luar.
E uno-me à escuridão do espaço.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Teatro

As luzes se apagam.
O espetáculo se acaba.
No palco, apenas um ator.
Corpo hirto.
Um grito:
- E para todos que discordam, é assim que acaba. Breu infinito.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Fui

No meio das interpretações de nós mesmos, vivemos.
E a vida martiriza ou faz cócegas em nossa nuca.
O ferro no peito nem sempre queima. Só quando em brasa.
O peito em brasa é um coração pulsante.
Ser humano é isso.
Ser vibrante.
Ser.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Gigante

Amarga o peito.
E o crepúsculo já não é mais tão belo.
Nem o sol é tão vibrante.
O vento não sopra mais, só grita.
Macabro como em outros tempos.

Não há luz no fundo do poço.
Existem fantasma do passado.
Martírios que se escancaram
e roubam meu sangue num conta-gotas.
Eu assisto tudo, como se tivesse morfina em minhas veias.

O delírio agora é pó.
Os vulcões em erupção.
Nuvens negras, nenhuma paixão.
Tonituantres trovões apavoram.
Vejo as coisas sentado da minha janela.
Hoje mesmo mataram um gigante.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Menina

Veja o olhar da menina.
Sincero.
Sua pele alva, de candura.
Expressões que não sinto mais no ar.
Calma que me falta em alguns segundos.

Deixa teu sorriso assim, sempiterno.
Conquistará o mundo.

domingo, 11 de julho de 2010

Raio

Raio, brilha em meus campos,
enquanto flutuam os pensamentos e eu
Se há algo que traz meu canto, outra coisa inspira adeus.
Dentro sou tudo, completo e quase nada.
Buracos negros na alma,
espírito tentando ser livre, sorrisos perdidos na estrada.
E se quedo de pranto, outrora sou santo
Sendo santo, peco.
Deus punitivo me abre o peito.
Eu, pobre humano, nessa pena me enriqueço.
E até me esqueço que ainda terá o amanhecer.

Raio que brilha em meus campos, vem e me faz renascer.

P.S Feito em parceria com a minha grande amiga Yasmin! Ela merece todos os aplausos! :)

Calado

Eu, carregado e sempiterno,
tonitruo emoções.
Esvazio espaços.
Vácuo.
Parece que chamo o silêncio.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

God

Conseguiste teu primeiro intento, meu rebento.
Agora siga a luz, sem receio da escuridão.
Não carregas mais lamento,
nem prostração.
És vitorioso como os centuriões.
A espada da glória está em tuas mãos.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Clareza

Claro,
Lá do outro lado do rio há luz.
Amarelada, como o brilho do sol.
Resplandescente, quem sabe.
Insisto em dizer que o calor é a melhor morada.
Sequidão não.
Seguirei com meu barco a remo.
Esquecendo o breu dos becos sem saída.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Caça

O coração do caçador pulsa.
A tensão está nas veias.
A caça chega, não sabendo que a vida está num limiar.
Ao lado a morte, sorriso sempiterno.
Ocaso.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Esgotamento

Que há, poeta?
- A inspiração me falta.
E as estrelas?
- Não brilham como antes.
As montanhas, então?
- Me falta o vigor para vencê-las e atingir o cume.
Por que o cume?
- Lá é guardado o sublime.
E não há sublime nessa pequena flor?
- Outrora. Hoje não mais.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Diamante

- Eu quero beijar estrelas.
- Então, pegarei minha escada para te fazer feliz.
- E vou subir cada degrau devagarzinho.
- E eu olhando para você, como um menino vislumbrado pelo primeiro entardecer.
- E vou te puxar pelo braço e te trazer comigo.
- Seremos pássaros.

P.S Post feito com esse amor de pessoa, Carolina Morais. Um beijo pra você!

domingo, 4 de julho de 2010

Crise

O corvo grasna. Perturba o poeta, que na azáfama de produzir algo, nada escreve, a não ser rabiscos. A lixeira está cheia de lixo quase literário. O que acaba por atestar certa incapacidade. Lá fora a escuridão perturbadora. Só faltava raios e chuva. Um chá quente talvez resolva. E acalme. Ledo engano, nada impõe criatividade à mente quanto esta prefere o silêncio das palavras.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Universo

Nada novo neste peito velho.
Deixei voar os pássaros.
Não retornaram.
Distraio-me assoprando nuvens,
que não são de algodão.
Qualquer dia,
fatalmente irei engolir uma estrela.

Brasil



Amo esta Pátria que gentilmente me cede o solo para pisar.
Defendo o verde das florestas, o amarelo solar, o azul do céu e suas estrelas.
Deparo-me, entretanto, com o imenso vazio branco. Cor esta que a bandeira ostenta.
Não há paz.
Vejo o símbolo nacional jogado na rua, rasgado.
Sinto meu peito violado, pelas mesmas mãos que cometeram tal tragédia.
Onde está o amor? A vibração se fora.
Todavia, o vento ainda sopra.
A vida continua.
E por que não manter a flâmula hasteada?
Por que não ter orgulho de defender e lutar por esta terra que nos abraça reciprocamente?