sexta-feira, 31 de julho de 2009

Vida

Cacos.
Lembranças.
Vitórias e malogros no chão.
Olhares perdidos e incertos.
Cenho macambúzio.
Sementes voando com os pássaros.
Quiçá porque a fertilidade do terreno não mais impere.
Outros campos, quem sabe.
Novas planícies virgens.
Uma soberba visão para o horizonte.
Pôr-do-sol.
De repente é noite.
E o nublado que agora se perfaz no céu impede o vislumbre da lua, que tenho por mim estar em fase de sorrir.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Il Silenzio

O silêncio ecoou na sala.
Apenas os olhos cantavam com lágrimas que percorriam toda a face.
Um canto ausente.
O fim das histórias.
A poltrona vazia.
A despedida.
O pombo branco errante que se perde no horizonte.



E.T. O video é de uma apresentação do Maestro André Rieu e a música tocada é "Il Silenzio", pela pequena e bem afinada Nini Rosso. A música foi a inspiração de hoje para a poesia. Obrigado.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

A bailarina

Ela não pára enquanto a música não cessa.
Gira e gira, como se a vida não fosse problema.
O suor é a lágrima pelo movimento perfeito.
O sorriso, a graciosidade de uma flor no palco.
Bailarina acaba de desabrochar mais um passo.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Desilusão

Desilusão.
A maior descompensadora de caráter.
Desilusão. Marca indelével. Marca a ferro e fogo a pele nua dos que se corrompem com ela.
Desilusão.
Puxe o baile e a valsa.
Dance comigo, sem me possuir.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Egoísmo

Caem milhões de pequenos meteoritos do céu. É uma chuva bonita, que ilumina a noite. Eu, que particularmente não esperava nada, sou brindado com tamanho enlevo.

As estrelas estão fugindo, - fala, sabiamente, um pequeno garoto que eu não havia visto.

E centenas de outras pessoas surgem para acompanhar aquilo que eu julgara ser o meu momento.

Distraio-me com o falatório incessante, enervo-me e a chuva amaina.

Aos poucos, os pés indecisos caminham para longe. Por último, a criança vai embora. A capa coberta de negro da noite se abre novamente quando vê que eu estou só.
O espetáculo continua.
Só meu e de mais ninguém.

domingo, 26 de julho de 2009

Bicho do mato

Olhe para os meus olhos.
Veja o mundo que eu vejo.
Veja!
Será que só eu vislumbro esse céu azul?
Não fala. Só cala.
Igual aos demais.
Próxima pessoa. Que não seja tacanha,
por favor.

sábado, 25 de julho de 2009

Não sei

Já me perdi em sonhos.
Flutuei para oceanos que imaginei não ter saída.
Mas na vida, sempre há quem diga que a porta que se entra pode ser a de fuga.
E assim ousei.
Transformei o tempo e o coração.
E na excitação do cotejo, surgiu uma elucubração:
Que os sonhos são para serem vividos na gota.
O sonho que transborda perde o rumo e seca.
E os anos são curtos, e os dias não são mais de outono.
Somos loucos, nós humanos

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Anil

Hoje o Sr. Bustamante partiu para o seu último vôo. Entre as brumas, perdeu-se dos olhares aflitos. Ele, que se vangloriava por ser o melhor piloto, decidiu não mais enfrentar o céu companheiro. Preferiu unir-se a ele.
Nas suas glórias hoje me inspiro, mesmo sabendo que sua maioria era de devaneios insondáveis. Guardo sorrisos tão bem sorridos e sinceros. Viajo em pensamento e até posso voar com ele. No avião de caça.
Como é bela a vista de cima. No céu de anil não há medo. Só sossego. Pleno.

Ao meu avô João de Deus Bustamante.
Já sinto saudades.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ausência

Já falei sobre isso.
- Então, qual a idéia nova para hoje?
Não sei, algo surpreendente.
- O que pode surpreender essa platéia tão calejada?
O nada.
- Hum?
Isso, não vou me apresentar para que assim sintam faltam. Concorde, é a melhor jogada.
- De fato isso nunca tinha passado pela minha mente.
Chame-os e apresente-os a ausência.
- Pronto.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Circo

O palhaço entrou chorando no palco
e a plateia que esperava uma comédia não sorriu.
Daí então imperou a tensão e a troca de olhares.
Nas cadeiras, espelhos macambúzios e descabidos mostravam os rostos indecisos dos espectadores.
Sem nenhuma palavra, o mesmo ser que adentrara há pouco no palco, agora já saia, ovacionado pelo silêncio.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Um Emaranhado de Pês

Prezo a liberdade.
Preso jamais ficaria.
Preciso ir, correr na ventania do dia.
Preciso como uma flecha almejando o alvo.
Prefiro marchar e morrer do que retroceder.

domingo, 19 de julho de 2009

A pessoa errada

Eu escrevi para a pessoa errada
e parti,
na sobriedade de uma tarde de verão.
Não esperei retorno,
pois não há retorno.
O vazio do passado é retrocesso.
Desconexo.
O vórtice famélico que suga qualquer sopro de vida.
Correr.
Porque esperar é pagar para a vida deixar de aplaudir.

sábado, 18 de julho de 2009

A face de um corcunda (A alma de um ser bonômio)

Este reflexo que eu nego sei bem que não é meu.
Estes espelhos que me rodeiam são só ilusões.
Só me livro delas quando procuro os pastos verdes e olho para o céu.
Lá não há resquícios do eu.
Existem pássaros, nuvens que me põem em elucubração.
Há mais coisa na terra.
Há vida e suspiros.
Poemas e delírios.
Jocosidade e dança.
Esperança e gotas de orvalho que brilham com o raiar do sol.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Narciso (A alma corcunda)

Esse meu reflexo na água é perfeito.
Há de quem turve esse plano.
Viraria insano se não o tivesse, nem que fosse por alguns segundos.
É meu mundo, pouco importa o resto.
Atrás de mim, vermes desconexos claudicam, mas tento não ouvi-los.
Que o fogo dos céus desça e queime as planícies.
Para mim, só basta o lago e eu.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

aifosoliF

Eu sou o início do meio.
O fim do começo.
O meio do fim.
A juventude que umedece o jardim das idéias.
E faz reinar soberano o pensamento, mesmo que muitas vezes incerto.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Pátria

Quanto essa bandeira representa para você?
- Aqui eu a vendo por 15 reais.
Esse é o valor que dá à pátria?
- Esse é o valor que garante a minha sobrevivência.

E nada mais foi dito.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Ao sem sentido

Diga adeus.
- Ao Amor?
Não, esse já partiu.
- A quem então?
A mim.
- E vai para onde?
Ainda não decidi.
- Então, siga reto ao norte e caía no precipício. Olhe para o céu azul enquanto a queda é certa.
Não entendo.
- Aproveite o momento aqui e veja, pela última vez, o vislumbre do paraíso que jamais tornará a pisar.
Mas eu nem sei aonde é o norte.
- Não adianta chorar. Só diga adeus e vá.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Olhar

Eu vi o olho que tudo vê.
Ele me viu.
Um momento de agonia que desvaneceu num só piscar.

domingo, 12 de julho de 2009

Som e fúria

O pequeno Floyd se afastou da vila. Procurou os campos verdes que davam vista à praia para pensar no porquê de tudo. Olhou para o mar. No horizonte, avistou navios distantes soltando fumaças que mais pareciam sinais. Tentou interpretá-las, mas não logrou êxito. E, então, mudou o foco. Viu que não havia sequer um pássaro no céu, a não ser aviões, também esfumaçantes.

Voltou o cenho para a direção de sua vila e observou uma fumaça densa, tão possuída de preto que trazia a impressão de ser impenetrável. Preocupado com toda essa anormalidade, Floyd se levantou. Deixou a tristeza que aparentemente o abatia, e seguiu firme, embora um pouco receoso, na trilha que o traria de volta para casa.

Sentiu calor ao se aproximar do seu lar, mas não era o calor humano que ansiava. Tudo estava pegando fogo. Desesperado, procurou fazer algo. Consumido pelo medo ficou hirto. E chorou. Chamou por sua mãe. Queria um aconchego. Uma palavra sincera e um afago no cabelo. Queria um verbo que lhe trouxesse a calma, que não veio. Ouviu, isso sim, o esbraseamento da madeira das casas. Ouviu até o silêncio.

O céu, nessa altura, já não estava mais da cor do anil. Era de um plúmbeo que lembrava a morte. Floyd se sentou no chão. Não sabia o que fazer. Nem sabia direito o que era morrer. Foi quando avistou um pedaço de ferro e imaginou uma espada, viu uma tampa de panela e a transformou num escudo. De repente, estava pronto para lutar.

Mais confiante, se deixou invadir por um sentimento de coragem. Havia nascido de novo. Os pulmões respiravam mais vigorosos. Andando de porta em porta, clamou por sobreviventes. Falou o nome dos seus amigos, conhecidos ou mesmo de qualquer pessoa que uma vez ouviu falar. Nada. Não achou nada. A chama continuava a se alastrar.

Apesar de tudo parecer igual, de tudo cheirar a queimado, identificou sua casa. O fogo nela havia dissipado.

- Há alguém aí fora?, arguiu Floyd.

Com um tapa na testa, observou que tinha se enganado. Ou não. O mundo que estava era onde não queria estar. Talvez o lar fosse o campo verde que procurou mais cedo. Só antes não percebera isso. Quiçá o lar fosse o seu lugar para se salvar de qualquer maldade. Não precisaria perdê-lo para perceber isso. Queria ter se perdido junto com ele.

Com os olhos em fúria, Floyd gritou. Entretanto, não houve ser vivo que o escutasse. Largou a espada pensada e o escudo de tampa de panela. Correu, mesmo sem saber para onde. Desejava se afastar.

Qual era o seu destino? Não havia. Nem se lembrava daonde viera. O seu passado já era cinza que corria bravia pelo vento.

E se tudo fosse uma ilusão? Como acordar de um sonho que não se quer sonhar? Não sabia.

O negativismo não lhe era peculiar, mas, no momento, havia se apoderado dele, com lamúrias tão intensas que murchariam as flores mais belas de cem jardins.

Era um ser entregue que não almejava continuar.

Um ser pensativo, aguardando somente as minhocas lhe consumirem a carne.

Naquela noite, um lobo uivou. Tambores tocaram. E foi até possível ver uma estrela no céu.

Nada que realmente importasse.

Conta a lenda que não há lenda a ser contada.

sábado, 11 de julho de 2009

O mundo perfeito

Quem dera o tango pudesse ser dançado na vitrola,
enquanto o amor fluia e se espalhava na atmosfera.
Quem dera toda rosa fosse perfumada e que beijos apaixonados fossem vistos das janelas.
Quem dera a noite de lua cheia estagnasse, para que os corações amados se olhassem sem ter medo do tempo passar.

Mãe

Mãe, você acha que esse céu sempre foi assim azul?
- Não, meu filho. Às vezes ele se tinge de cinza, enquanto brota água.
Ele se entristece e chora, mãe?
- Sim. Com o pouco valor que damos à Terra.
Pois a partir de hoje vou fazer uma campanha. Você me apóia?
- Sempre, meu filho, sempre.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Uma pausa para o Selo

Venho com o imenso prazer de divulgar esse Selo indicado pela Luiza (http://luizadefato.blogspot.com/).
E agradecer por esse reconhecimento.
A responsabilidade de manter um bom nível (?) só aumenta.
E assim vamos seguindo...

Para não enrolar mais, eis o selo:



E agora algumas obrigações de ser "selado":

5 características minhas:

- Curioso
- Perfeccionista
- Egoísta
- Racional (?)
- Observador

Listar 5 desejos:

- Concluir o curso de direito.
- Passar num bom concurso.
- Continuar a ter o teco de criatividade.
- Ter um ford fusion (sim, é meu único sonho consumista haha).
- Lançar um livro.

Indicar 5 blogs:

- http://inspirar-poesia.blogspot.com/
- http://dixt.blogspot.com/
- http://espelhoinverso.blogspot.com/
- http://vohas.blogspot.com/
- http://doodleordie.blogspot.com/

Pronto, agora encerro por aqui.
Um abraço para todos! :)

O Beijo

No silêncio do olhar uma expectativa.
Coração vibrante e forte por um momento tênue e sincero.
O mundo apaga,
enquanto o vermelho da paixão invade os áridos campos do coração.

A ampulheta

Perdi a areia do tempo,

e a ampulheta se entristeceu,
pensando como viveria os dias sem contar cada grão.

Provavelmente morreria de amargura, pois não tem outra função.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Desumanizar

Hoje me desprendi do ódio.
Perdi-me do rancor e da tristeza.
Chutei para longe a avareza.


Como consequência, deixei de ser humano...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Comando

Há uma velha lenda, de uma cavaleiro sem medo no coração.
Enfrenta os inimigos, com olhos inundados de emoção.
Não queda, nem imagina se ver quedar.
Pois ser que pensa em perder, somente perderá.
Na sua mente, a vitória persiste, enquanto o derrotado assiste a marcha vitoriosa de um guerreiro que logrou.

terça-feira, 7 de julho de 2009

A dança

A dança das folhas não é só no outono.
É em cada desabrochar, insano.
Sentido sem sentido que nos falta sentir.
Reproduzir?
Sonetos, canções, poesias sem qualquer noção.
Adiante, até o ponto final inconstante que parece uma interrogação.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

REnascer

Parem.
Reparem.
O belo espetáculo da vida está para acontecer.
Vejam a flor desabrochar ao alvorecer.
Sintam a esperança nascer com os primeiros raios de sol.
Só a vida nova propicia sentimento novo.

Pensamento

Às vezes temos um estalo e as coisas acabam ganhando tonalidades que não existem na aquarela da vida.
Resta sabermos aproveitar o momento e tornar o quadro mais belo,
antes que o devaneio se esvaia na lacuna do inconsciente.

domingo, 5 de julho de 2009

Desventura?

Qual o prato do dia hoje?
- Um pouco de ira.
Não estou irascível. Traga-me um gole de euforia.
- Não temos.
Que tal uma dose de furor?
- Aquele último do canto comprou tudo o que tinhamos.

Sacando o revólver, o homem se levantou e foi até o sujeito que se embriagava de glória. E atirou.

- Mais um cliente infeliz.

sábado, 4 de julho de 2009

Guerreiro

Porque toda queda significa um aprendizado.
Porque todo aprendizado nos torna mais sábios.
Resta pegar a espada e apontar para o norte.
Guerreiros derrotados não têm história para contar.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Retirante

Não adiantar olhar para trás e querer voltar.
A terra que era sentida a cada pisar está distante.
Na mente a lembrança do que resta.
O doce sorriso da infância que se deixou passar.
Agora é o horizonte incerto.
E o dia que passa lento.
A locomotiva só pára de soltar fumaça quando o destino chegar.

Poltrona

Estalo os dedos, mas a luz não acende. Provavelmente acabou a bateria do sensor de som. Preço caro que pagamos por essas modernidades.
Devo levantar-me e apertar o interruptor, mas não quero. Deixe a escuridão vir e ganhar cada espaço dessa sala até então clarividente. Deixe o silêncio tomar conta, enquanto o pretume usurpa o último raio de sol.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Tiro

Eu coaduno com qualquer doce ilusão.
Sou um trapo preso à paixão,
que não consegue amar sem se destruir.
Quem dera o marasmo sumisse com a lufada.
Quem dera o amanhã não ficasse nublado durante o entardecer.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A palavra

Deixe a palavra passar com seu ímpeto inabalável, que constroi ou destroi tudo em um segundo. Deixe-a seguir e não peça que ela volte.
Não adianta jurá-la de morte, pois a palavra não morre, só fica, nem que seja em outro lugar.
Quem dera eu pudesse vencê-la, mas a palavra me consome a vida inteira,
nesse misto de tristeza e alegria,
poesia que eu faço para me libertar.