terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Terramar

No mar,
ouço um chamado.
Rema, marinheiro, rema.
Vento, leva-me à terra, que ela me chama.

Navego com afinco,
apesar de faminto.
O mar não tem peixe.
Só vidas perdidas, esquecidas.

Dou uma risada contida,
mas continuo.
A terra não pode estar distante,
sou só eu e meu pensamento falante.

Esta imensidão de nada é o infinito.
É água que não acaba.
É um poço.
De esperanças, ou lembranças?

De pedido, quiçá.
Jogue uma moeda e deseje estar longe.
Distante de qualquer desafio.
Vazio de qualquer sentimento.

Rema, marinheiro, rema.
O vento não te ajuda.
Divaga, a todo momento,
buscando os braços de quem o acolhe.

Vida, marinheiro, viva.
Penso na glória que nunca irei alcançar.
Nem consigo ancorar este coração.
Só vivo de emoção, passageira.

Não queira, marinheiro, não se entregue.
Abra o leque.
E veja onde a lufada dá.
Aponte o dedo em riste, que a embarcação irá para lá.

Você comanda, marinheiro.
O oceano é fera domável, apesar de ferino.
Olho os pássaros no arrimo do cais.
Vê, mar, tu não me vences mais.

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