sexta-feira, 8 de março de 2019

Nas ruas da cidade

Nas ruas da cidade não se dorme não.
A moça anda.
A noite espanta,
enquanto um desavisado canta pensando em Deus Dará.
A bola rola.
O samba toca sem hora para terminar.

Nas ruas da cidade tem aflição, tem coragem.
Olhos tristes em algum lugar.
Tem liquidez.
Tem concreto que não se pode concretizar.

Nas ruas da cidade há o abstrato que não se toca não.
Há vaidade. 
Há ganância.
Há bala sem se avisar.

Nas ruas da cidade tem sangue, 
tem luta, tem voz que não vai calar.
Porque os mortos não falam, mas os vivos respiram e não deixam de batalhar.

Nas ruas da cidade tem esperança,
tem coração perdido e louco para se apaixonar.
tem amor incontido.
tem saudade e lembrança.
Abraços que não se podem dar.

Nas ruas da cidade, o mistério e o delírio lhe fazem voar.
O passado, o presente e o futuro sempre se sentam à mesa.
E, batendo os pratos, exigem sem nobreza, que o tempo não pare de caminhar.

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