quinta-feira, 25 de junho de 2009

O rei

Em silêncio, o rei levantou do trono. Desceu o pedestal, devagar. Não havia ninguém para aclamá-lo. Seu reino nem sequer existia, pois estava consumido pela peste. Lá, apenas o ar vicioso e lúgubre, que o convidava a todo momento para se juntar ao cadafalso.
Da janela mais alta viu que lá fora as bandeiras velhas e rasgadas não sopravam com o vento. O chão morto e rachado pedia pela água das nuvens, que muito embora sincero o pedido fosse, não se precipitavam por tal lugar. As árvores não tinham frutos, na verdade, não poderiam mais nem ser chamadas de árvores.

Cabisbaixo, e com um olhar perdido, o rei suspirou. Com alguns passos rápidos saltou a janela. Fechou os olhos. Quando abriu estava voando. Nas mãos tinha asas. Naquele momento ele aprendeu a rasgar o pretume. Surgiu o anil e a lágrima. Diz o fim da história que o verde brotou em seguida. No horizonte, as demais cores. Nenhum pote de ouro.

4 comentários:

  1. poxa.
    o recomeço.
    o quanto é difícil recuperar-se de seus erros, desfazer-se de antigos apegos.. e tornar-se outro.
    recomeçar!

    ResponderExcluir
  2. Porque sempre existe a segunda chance. :)
    E talvez a terceira e a quarta.
    Crie sem medo de ser a cria.
    Dance, sem medo de errar o passo.
    O cadafalso é destino cruel e certo.
    Mas podemos evitá-lo, pulando para qualquer outro lugar.

    ResponderExcluir
  3. O recomeço não é para todos. Concordo. Embora não seja também para todos a coragem de pular. Quem garante que terei asas nas mãos?

    Sua mão está sim, meu caro. Não de ALGUMA forma. Está nas suas palavras.

    =)

    ResponderExcluir
  4. O pulo e a queda são parte da história.
    Icarus só teve uma chance.
    Nós podemos ter várias. :)

    Se cuida!
    Um beijo!

    ResponderExcluir