quinta-feira, 28 de maio de 2009

Atroz

Eu vi as balas serem disparadas contra o morto.
Eu vi a correria do povo.
O murmurinho e a jocosidade dos outros que não se importam.
Apontem para o corpo!
Sigam o rastro do sangue!
Passem a língua no asfalto!
Porcos infames!
Só buscam estampar uma foto no jornal...

3 comentários:

  1. Algozes, atrozes, humanos.

    Forte!
    Beijos,
    Mai

    ResponderExcluir
  2. eu já vi várias coisas absurdas.
    vi roubo.
    sofri assalto.
    vi uma criança sendo atropelada, e sua coluna vertebral ser reduzida a carne moída no asfalto quente, em um dia comum, qualquer...
    vi jovens serem espancados sem motivo.
    em nenhum destes casos, inclusive o meu, as pessoas se motivaram a ajudar. se motivaram a, sequer, compartilhar a dor com um irmão.
    falo isso não só por mim, falo por todos que vi, e pelos quais não podemos fazer nada.
    um dos meus chefes está agora ajudando a família de um dos empregados da fazenda que ele possui. ele, o caseiro, morreu num violento acidente de carro há 1 mês atrás. a família agora corre contra o tempo para solicitar o DPVAT, e o meu chege está lá ajudando.
    sabe qual é o problema?
    somos poucos contra muitos.
    muitos injustos.
    poucos solidários.
    mas, ainda, prefiro ser solidária.
    ainda que me doa saber que sou uma gota no oceano. e que o pouco que eu faça, ou fizer, pode ser muito para alguém.

    obrigada pela reflexão, Vandré.
    sei da sua indignação, mas olha o que vc fez comigo?
    me fez refletir e me abriu um pouco de esperança.
    sinta-se confortavelmente abraçado, pois penso que esteja precisando, diante da barbárie.

    ResponderExcluir
  3. Sim.
    Um nunca faz nada pensando que o outro pode fazer.
    E o outro pensa assim até que o ciclo fecha e ninguém faz nada.

    Como fala a Mai.
    Algozes, atrozes, humanos..

    Um beijo!

    ResponderExcluir