sábado, 30 de maio de 2009

Perfume

Eu sou frasco novo com perfume velho.
Levemente forte.
Levemente fraco.
Um consenso inexato de olores.
Ora permaneço ácido demais e inutilizável.
Ora sou doce como o mel mais caro.
Quero espalhar no ar
e me converter em vapor.
Quero distribuir fragrâncias inefáveis.
Vaguear por espaços insondáveis
e encontrar o amor.

5 comentários:

  1. pega a cadeira e senta..
    porque esse post parece ter sido inspirado naquilo que eu vejo de mim mesma.
    a pior contradição. ou a melhor, enfim, cabe a quem lê. ou a quem 'me' lê.
    e, de fato, um perfume é uma contradição.
    um líquido aromático, mas que só exala o aroma quando está no ar, em estado gasoso.
    que coisa não?
    por que será que não existe perfume em estado gasoso?
    compramos vidros com líquidos caros, mas que só tem utilidade quando se transformam...

    lindo, lindo, lindo.
    no words.

    [o melhor dos textos é a identificação]

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  2. O perfume é passageiro.
    Os amores também o são?
    São?

    Muito obrigado pelo comentário!
    Um beijão!

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  3. As contradições para mim, são as melhores das possibilidades para conseguirmos, minimamente sermos felizes.
    Tento pensar a coerência de tudo e acabo vendo a chatice linear e listrada.

    O caos é belo porque nele há uma ordem.
    Os perfumes modificam o aroma de acordo com as peles. Isto é química.
    Belíssimo texto, Vandré.

    Eu saboreio as palavras aqui.
    Escreves muito bem.
    Eu sento e nem quero levantar.

    Abraços,
    Mai

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  4. Muito obrigado, Mai.

    É exatamente isso, o perfume é bom ou ruim de acordo com quem o aprecia.
    Interessante demais esse contraponto.
    :)

    Um beijo!!

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  5. ainda bem que há uma linha de coerência interessante nesses nossos comentários, o meu e o da Mai.

    e, apenas lhe retificando, nem todos os amores são passageiros. pelo menos não aqueles que são verdadeiros.

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