quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Calada da noite

Centenas de vagões passaram.
Traziam imensos canhões.
Subirão até o morro.
Destruirão as motivações.

Se um ser apolítico se manifestar,
provavelmente seu grito irá se calar.
Pois o turbilhão onipotente do mais alto escalão
cansa-nos até que queiramos deixar de viver.

Não existe censura expressa.
Tácita, entretanto, pode ser vista aos tamancos em qualquer bueiro vil.
Ô opulência que deixa os mais inermes inertes.
Ô senhorio sem escrúpulos que nos oprimem com o dedo como formigas,
preparem-se e cuidem-se para que nossa coragem não persevere.

Caso contrário, quebrarão-se as lâmpadas.
Faltarão balas em armas de fogo.
Pois o povo é que devia ser o mais temido.
Infelizmente, o voto acaba com tal ideal.

Democracia irreal.
Glória na mão de poucos.
Pão na mesa é o que falta,
enquanto um aristocrata ri e baba.

Não quedemos mais.
Vejamos o pavilhão nacional que balouça!
As estrelas que dia após dia iluminam a noite.
Os animais selvagens que não coadunam com nenhum açoite...



Um comentário:

  1. Esse seu poema me fez lembrar de um que fiz com a mesma visão:

    Levante

    Dia virá
    Que ouvirei gritos,
    Subirão os muros
    De lamento e ritos.

    Ouvirei temores,
    Quebrarão tambores
    E terão passado
    Pelos teus portões.

    Choverá rancores,
    Bradarão espadas,
    Puxarão correntes,
    Matarão serpentes
    De afiados dentes,
    Sem consolação.

    Tremerão horrores,
    Ouvindo a trombeta,
    Que grita um brado:
    Estão dominados,
    Somos um país!

    Não é fácil assistir tanta impunidade...

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