segunda-feira, 16 de março de 2009

Disparo

Sou o som inevitável.
O expurgo, infame.
A quimera quase morta, quase podre.

Sou o grito do absurdo.
O eco, surdo.
O ardil incomparável.
A realidade do abstrato.
O intangível do que é concreto.
O peso da indecência.
A ausência.
O frio.
A noite sem lua.
A manhã sem calor.
O assobio soturno.

Sou o ponto final e o início.
Sou preciso,
tal como minha flecha aterradora.

2 comentários:

  1. Sabe que vc me colocou para pensar? Nunca pensei por esse ponto de vista. Muitas vezes somos esse disparo e nem nos damos conta do que representamos. Aliás, só sabemos quando somos a vítima, quando dói em nós. Belíssimo poema =)

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  2. E o disparo pode vir de qualquer lugar.
    Obrigado pelo comentário, Dêdê!
    =***

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