terça-feira, 11 de maio de 2010

Irascível

Eu tenho os olhos da ira,
sou penúria mofada.
A própria morfina.
Quero anestesiar as paixões passadas,
mas conclui que tal sossego só virá a ser concedido com a minha morte.

Assopro a névoa que se espalha como fumaça.
O frio nem de longe lembra o calor.
Não há cachecol para a alma.

6 comentários:

  1. Não me diga que não há cachecol para a alma. Justo agora que pensei em fazer um casaco pra ela com as minhas sobras de lã.

    Lindooooo e sensitivo

    Bjo

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  2. De arrepiar... Bom ler isso!

    Beijo.

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  3. Também sinto essa ira, ela só não é maior do que a dor que se instalou no meu peito, o caos que se instaurou na minha vida...

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  4. "O frio nem de longe lembra o calor.
    Não há cachecol para a alma."

    Que versos mais lindos. Tão leves, tão verdadeiros. E impactantes. =)

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  5. não há cachecol para a alma?
    o que faremos nesse inverno que se anuncia?

    muito bonito.

    beijo.

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  6. Olhos de ira, penetram.
    A ira, em boa medida, é importante para sairmos de alguns estados.

    Tua poesia tem esse traço forte é quase único naquilo que cala e grita.
    Beijos, querido.

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