Na expectativa da espera, o Príncipe foi à janela. Um vento forte trouxe uma cantoria indecifrável. Era doce, entretanto. Logo imaginou a menina, enquanto pousava sua pena no papel, a cantar, dizer juras ao céu. Queria o jovem estar certo e ter escutado tais palavras de perto, mas apenas continuou a ouvir sinceros sussurros.
Então foi ter seu sono. E no sonho, uma alva luz surge. O sapo sabido se transforma em gente e fala alegremente que “em algum lugar esperam por ti”.
Abre os olhos o Príncipe, sem bem saber se já era realidade ou se tinha sonhado com o porvir. O fato é que havia uma carta em seu colo. Como não era tolo, tratou logo de abrir:
“Na imensidão do jardim, muitas flores encontraste,
Por que então foi comigo que sonhaste?
O frescor do campo anuncia, chegará a primavera.
Todas florescerão, não serei a única delas.
O jardineiro que cativa sem desdém, ornamenta como ninguém
Um campo inteiro.
A coletividade me desagrada. Que seja egoísmo querer ser a única almejada”.
Tais palavras não o deixaram circunspecto, pelo contrário. Uma felicidade enorme o invadiu. Mas falar para quem, se o imenso quarto não denunciava outra coisa se não o silêncio? Ah, mas tinha sua pena e papel. Não poderia deixar a bela dama ao léu. Então, acendeu a luminária e se pôs a escrever:
O jardim não seria belo se não tivesse você como Flor Rainha.
Assim como o céu sem a lua menina. O brilho das estrelas não equivaleria.
Então, por isso não teria motivo para olhar para tantas outras,
se a única que vislumbro está tão perto do meu pensamento.
Eu há tempos não escrevia tão certo.
Até a pena virou candura.
É a quietude que eu procuro.
O sublime que almejo.
Quero o seu orvalho embevecedor.
Infelizmente, só sinto o seu olor por bondade do vento.
Quem me dera poder colher o meu intento.
Passaria a sorrir mais.
Falar tolices a qualquer momento.
Após o ponto, o Príncipe voltou à cama e dormiu. Era madrugada. A noite era vazia. As palavras não. Carregadas de algum sentimento são. Teria um final feliz? Não sei, o sapo é quem diz. Pois invadiu o quarto e levou a carta pegando o atalho pelas nuvens que na escuridão eram tão brancas.
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Em tempo: Novamente me utilizei do texto dela (a menina misteriosa) na primeira carta, mas dessa vez nem pedi ciência. :)
Que coisa mias bonita..
ResponderExcluirde uma candura sem fim!