segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Delírios Poéticos - A terceira parte

Na expectativa da espera, o Príncipe foi à janela. Um vento forte trouxe uma cantoria indecifrável. Era doce, entretanto. Logo imaginou a menina, enquanto pousava sua pena no papel, a cantar, dizer juras ao céu. Queria o jovem estar certo e ter escutado tais palavras de perto, mas apenas continuou a ouvir sinceros sussurros.

Então foi ter seu sono. E no sonho, uma alva luz surge. O sapo sabido se transforma em gente e fala alegremente que “em algum lugar esperam por ti”.

Abre os olhos o Príncipe, sem bem saber se já era realidade ou se tinha sonhado com o porvir. O fato é que havia uma carta em seu colo. Como não era tolo, tratou logo de abrir:

“Na imensidão do jardim, muitas flores encontraste,

Por que então foi comigo que sonhaste?

O frescor do campo anuncia, chegará a primavera.

Todas florescerão, não serei a única delas.

O jardineiro que cativa sem desdém, ornamenta como ninguém

Um campo inteiro.

A coletividade me desagrada. Que seja egoísmo querer ser a única almejada”.

Tais palavras não o deixaram circunspecto, pelo contrário. Uma felicidade enorme o invadiu. Mas falar para quem, se o imenso quarto não denunciava outra coisa se não o silêncio? Ah, mas tinha sua pena e papel. Não poderia deixar a bela dama ao léu. Então, acendeu a luminária e se pôs a escrever:

O jardim não seria belo se não tivesse você como Flor Rainha.

Assim como o céu sem a lua menina. O brilho das estrelas não equivaleria.

Então, por isso não teria motivo para olhar para tantas outras,

se a única que vislumbro está tão perto do meu pensamento.

Eu há tempos não escrevia tão certo.

Até a pena virou candura.

É a quietude que eu procuro.

O sublime que almejo.

Quero o seu orvalho embevecedor.

Infelizmente, só sinto o seu olor por bondade do vento.

Quem me dera poder colher o meu intento.

Passaria a sorrir mais.

Falar tolices a qualquer momento.

Após o ponto, o Príncipe voltou à cama e dormiu. Era madrugada. A noite era vazia. As palavras não. Carregadas de algum sentimento são. Teria um final feliz? Não sei, o sapo é quem diz. Pois invadiu o quarto e levou a carta pegando o atalho pelas nuvens que na escuridão eram tão brancas.

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Em tempo: Novamente me utilizei do texto dela (a menina misteriosa) na primeira carta, mas dessa vez nem pedi ciência. :)

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