Já antes estava morto,
perambulando pelas calçadas de cimento com meus pés descalços.
Pensava eu que as feridas eram um sinal de vitalidade.
Estas, entretanto, acabaram por me ajudar a desvanecer.
A voz sumiu.
Restou o pranto,
que enquanto viveu,
não abandonou o coração,
mesmo quando este incendiado estivera.
Brasas são poucas.
Quase extintas.
Há muito cinza.
Muitas cinzas.
Severas memórias.
O céu enegreceu sem nenhuma estrela.
Sem me mostrar o cruzeiro do sul.
Ou do norte.
O céu tingiu-se de bréu,
e não há nuvens para me apontar a direção do vento.
Só vejo raios que parecem rasgar como papel o nitrogênio que não alcanço.
Não levanto as mãos,
nem clamo mais.
O clamor buscou um atalho e perdeu-se,
obliterando em seguida pelo machado do minotauro.
Serei fantasma,
porque invisível.
Como o meu amor assim o fora considerado.
Serei fantasma,
porque não tenho cor,
e não aceito o silêncio dos sete palmos.
Desaterrador.
ResponderExcluirBeijo.
Excelente desfecho!
ResponderExcluirUm abraço,
doce de lira
Caro Márcio,
ResponderExcluirEste poema é de ler e calar, e se cala é porque toca no fundo da alma. Quantos não sentem o mesmo? Quantos? São tantos!
Grande abraço.
Ivan Bueno
blog: Empirismo Vernacular
www.eng-ivanbueno.blogspot.com
Eu não tenho absolutamente nada a comentar. Nada.
ResponderExcluirQue poema...profundo...de dor.
Doeu
=(
Um beijo, marcinho! ;*